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Sim, 'daqui a pouco a sigla de LGBT vai ser o alfabeto todo', lide com isso

27.5.18Jota Albuquerque


A Comunidade LBTP+, pelo menos aqui no Brasil, sempre teve de lidar com todo o mundo dizendo "Parada Gay", "Bandeira Gay", sempre invisibilizando que a Parada é LGBTQ, que a Bandeira (por mais que seja para a Comunidade Gay) é usada como uma representação LGBTQ. E se Lésbicas, Bissexuais e Trans já são invisibilizados, imagine quem está fora dessa sigla pequena que veio sendo usada por mais de duas décadas.
Justamente por isso que as pessoas costumam acrescentar o Q depois de LGBT ou o + . O Q quer dizer Queer, que antigamente, nos EUA era usado como xingamento, mas a comunidade pegou e se apropriou, mudando o xingamento para o termo "qualquer pessoa que não seja um heterossexual cisgênero". O + tem a mesma função, simbolizar que há muito mais que aquelas quatro letrinhas, aquelas quatro comunidades.

Ainda tem pessoas que incluem mais letras após o Q, afinal, essas letras são siglas de "nomes de sexualidades ou gêneros (e sexos biológicos além da binária)" conhecidos também como rótulos. O engraçado é que muitos dos heterossexuais cisgêneros que reclamam da quantidade de rótulos são aqueles que usam milhões de rótulos, desde pai de família até roqueiro. Isso são rótulos, há rótulo pra tudo e vivemos numa sociedade que há rótulos e as pessoas usam para se identificar, saber quem são e o que isso quer dizer, achar pessoas que são semelhantes à elas e fazer amizades (Bells já falou disso e Dana também).

Há muitos rótulos? Sempre existiu. A diferença é que hoje as pessoas que não se encaixam na binária de gênero, cisnormativa e/ou heteronormatividade estão conseguindo achar seus rótulos e os proclamando, pedindo direitos e sendo incríveis.

E isso incomoda. Claro que incomoda. Mas é bom que incomode, assim a gente pode ir pra frente, porque está na hora da gente parar de tentar voltar para o passado. Não é a toa que futuro significa tempo para frente, tempo que há de vir, não para trás/passado, am I right?!


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4 comentários

  1. Gostei muito do texto, e acho muito importante se falar sobre isso. Inclusive eu estou nas "letras não representadas".. Mas o Q não era pra "questioning"? Pergunto porque eu já vi muito o argumento de que "queer resume toda a comunidade, não teria sentido incluir uma letra pra isso".. (perguntando mesmo, não criticando, ok?)

    Martina

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    1. Oi!

      Então, se tem conhecimento de dois "Qs" na língua inglesa que são usados, o Queer e o Questioning, mas no contexto de LGBTQ é o queer que se referem. É que às vezes as pessoas sentem a necessidade de usar sua própria identidade na sigla, porque queer é ofensivo para quem o achar ofensivo (afinal foi usado de maneira pejorativa durante anos).

      Obrigado pelo comentário <3

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  2. Estou participando de algumas discussões sobre a sigla LGBT e, na minha opinião, me parece fazer mais sentido pular do barco e criar outras siglas/grupos. Não vejo motivo pra agrupar ou inserir mais letras em LGBT. Além do que, como já citado no texto, quem não é gay, mesmo estando na sigla desde sempre, já é invisibilizado.

    Queer até funciona bem.

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    1. Então, se a sigla for de gênero e sexualidade, e a pessoa sente que quer incluir quando for escrever/falar, então é da questão dela. Mas é essencial que não seja só LGBT, mas LGBT+ ou LGBTQ porque LGBT é muito restrito e exclui muitas pessoas. Só aqui no Brasil que se mantém LGBT, lá fora há mais a inclusão do Q ou + na sigla.

      E assim, não é porque você é invisibilizado que tudo ok só manter LGBT, já que gay é quem tem mais visibilidade, é importante ter a inclusão de algo que possa representar além das quatro letras primárias, assim não só estimula a questão d"O que é esse Q/+?", como também mostra que há muito mais do que achamos ter. O problema é da opressão na opressão que leva a invisibilidade a ocorrer.

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