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Tavi Gevinson para um ano em que você não precisa saber de tudo

1.1.16Dana Martins


Ok, uma das minhas tradições aleatórias no CC é que todo começo de ano o primeiro post seja especial. Teve aquele sobre criar algo magnífico a partir do nada, porque mesmo simples continua sendo encantador. Acho que ele mostra o poder da arte. Tipo, em um lugar que não tinha nada um momento depois existe algo. Não apenas qualquer coisa, uma arte legal, com significado, inspiradora. Isso pra mim é mágico e uma boa forma de começar o ano. Com o lembrete de todas as coisas incríveis que nós podemos começar a fazer agora. 

E aí teve aquele 3 momentos para sorrir mais no ano, que são coisas que realmente mudaram a minha perspectiva. Um infográfico sobre não se comparar com os outros, uma palestra do TED de um garoto de 13 anos que fala sobre "hackschooling" e me lembra que o sistema de ensino merda que eu tive não é a única alternativa. Mas mais importante: o vídeo da Brené Brown sobre vulnerabilidade que literalmente mudou minha vida e mesmo 2 anos depois ainda continua me influenciando. Se algo, o meu melhor livro de 2015 nasceu aí. Ainda pretendo fazer um post só pra esse vídeo.

Ano passado foi mais sobre trabalho. "Talento é uma mentira" - foi um texto que eu encontrei de uma artista mostrando duas artes dela de um período de tempo. Como através de treino ela conseguiu melhorar. E eu acho que quando a gente cresce é comum esquecer que mesmo sem perceber quando criança nós estamos aprendendo. "Oh, é só uma criança" alguém diz ao ver uma criança fazer merda. Porque crianças não sabem. Crianças erram. Fazem aqueles desenhos bizarros. E aprendem. Só que quando crescemos de alguma forma esquecemos disso, tratamos como se os nossos aprendizados avançados fossem "dons" e no resto a gente fosse ruim mesmo. Então o meu texto especial pra 2015 foi pra lembrar que se você começar a fazer algo, fazer bastante, você vai ficar melhor. 

Pra mim, que quero escrever histórias legais, lembrar disso é muito importante. Cada história que eu termino por mais "NÃO UMA OBRA-PRIMA" que ela esteja, eu aprendo algo, eu vou em frente, eu faço melhor em seguida. Eu acho que se eu fizer isso vezes o bastante eu vou chegar em algum lugar.



E esse ano? Bem, esse ano... Primeiro eu quero dizer que a escolha do post especial não é muito elaborada. Ela é mais sentida. Quando chega perto dos últimos dias do ano eu ligo meu sensor aranha a procura de algo inspirador e, quando eu encontro algo que me marca, eu decido trazer pra cá. 

Dessa vez é a palestra da Tavi Gevinson para o TED, "A teen just trying to figure it out", que significa "Uma adolescente apenas tentando entender as coisas". Esse é um vídeo que eu quero assistir há eras, mas eu odeio assistir vídeos (hahaha) e por acaso ele só retornou à minha atenção ontem. Eu literalmente comecei meu ano assistindo essa palestra.

Pra quem não sabe, Tavi Gevinson é uma garota que desde novinha (tipo 12 anos???) tem um blog e chamou atenção do mundo quando uns anos depois criou a "Rookie Mag", porque fez um sucesso louco. É basicamente uma adolescente que fez uma revista para... adolescentes e fez muito sucesso. E ainda levou isso a frente de maneira exemplar pra uma garotinha. Ou seja, é o tipo de situação que deixa os adultos assustados tipo QUEM É ESSA GAROTA COMO ELA FEZ ISSO MEU DEUS ADOLESCENTES PODEM SER INTELIGENTES??? (algum dia ainda quero escrever sobre a ideia de que adolescentes são seres humanos incompletos). E, mais do que tudo, ela falando da Rookie parece que tá falando do CC.

Um trecho que eu gosto muito:

"Nós não temos todas as respostas, nós ainda estamos tentando entender também, mas o ponto não é dar às garotas as respostas, e nem mesmo dar a permissão para elas encontrarem as respostas, mas esperançosamente inspira-las a entender que elas podem dar essa permissão a si mesmas, elas podem fazer as próprias perguntas, elas podem encontrar as próprias respostas, tudo isso, e na Rookie, eu acho que estamos tentando criar um lugar legal pra tudo isso ser descoberto."

E tem esse:

"Eu sou uma feminista. Eu meio que sou uma nerd da cultura pop, e eu penso muito sobre o que é uma personagem feminina forte, e, sabe, sobre filmes e séries, essas coisas que têm influência."

Foi ótimo, porque já comecei o ano pensando que ela tava me descrevendo e, wtf, o que eu tenho a acrescentar?

E tem a parte principal que é o que eu acho importante todo mundo ler:

"Então eu estava tentando entender tudo aquilo, e eu me senti um pouco confusa, e eu disse isto no meu blog, e eu disse que eu queria começar um site para garotas adolescentes que não fosse esse empoderamento de personagens femininas fortes de uma dimensão só, porque eu acho que uma coisa que pode ser muito alienante sobre essa ideia errada do feminismo é que as garotas pensam que para ser feministas, elas tem que viver sendo perfeitamente consistente em suas crenças, nunca sendo inseguras, nunca tendo dúvidas, tendo todas as respostas. E isto não é verdade, e, na realidade, conciliar todas as contradições que eu estava sentindo ficou mais fácil uma vez que eu entendi que feminismo não era um livro de regras mas uma discussão, uma conversa, um processo."

Enfim, esse é um vídeo que me inspira, me faz pensar bastante sobre o CC, sobre quem eu sou, sobre feminismo, sobre... seres humanos. E eu acho que é uma boa forma de começar o ano.
Assista aqui:


Feliz 2016, pessoa fantástica.

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2 comentários

  1. Eu não ia ver o vídeo porque 1. também não sou muito fã e 2. adolescente né, gente, já passei dessa fase há muito tempo. Daí cliquei no play meio, tá bom vamos ver o que essa garota tem a dizer, e fiquei MAZOQUÊ ISSO. Achei bem inspirador.

    Não sei, apesar de tudo, essa geração tem uma sorte danada. Na minha época, nós tínhamos era Capricho e Atrevida (que eu lia, dsclp sociedade) ou a Nova (para as garotas mais velhas e sim, eu também lia essas) e era sempre os mesmo assuntos: emagrecer, vestir as roupas certas, se comportar do jeito que os homens preferiam... E hoje você tem as próprias adolescentes criando revistas/blogs com o que elas gostariam de ler e falando de empoderamento e feminismo e que não precisamos ser um personagem de cartolina.

    WHAT A TIME TO BE ALIVE

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    1. comentário muito bom HUAHUAHUAH eu não sou mais adolescente também e na minha época mesmo era muito Capricho e Atrevida também. E realmente é MUITO bom ter acesso a coisas como tumblr e blogs como CC (HUAHUAH) ou Capitolina ou coisas assim. Até textão no fb tá melhor que Capricho. Mas é só o começo :P

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