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Estante Nacional #4: Camila Marciano

11.5.18Taiany Araujo


Vocês estão prontos para mais um autor top do Estante Nacional? Porque hoje vamos conhecer a querida Camila Marciano. Com uma personalidade que mistura a timidez da Lindinha e a força porradeira da Docinho, Camila vem acumulando um público fiel de fãs e nos encantando com suas histórias sobre mulheres fortes e determinadas.

Tendo começado a escrever como uma forma de brincadeira, hoje aos 27 anos, ela pode dizer que de mansinho vem ganhando seu espaço e descobrindo sua voz. Camila Marciano é dessas pessoas que não fazem estardalhaço, que vão aos poucos para irem sempre. E se depender daqueles que acompanham suas histórias, esse sempre vai muito longe mesmo. 

Apesar de dizer que não gosta de falar, que é ouvindo que suas histórias criam vida, conseguimos traze-la até aqui. Então corram, porque essa é uma oportunidade de ouro para conhecer um pouquinho dessa autora poderosa.


1-Como e quando você começou a escrever?

Eu só queria preencher as lacunas entre o lançamento de um Harry Potter e outro. Como todo escritor, a gente começa copiando nossos ídolos e, aos dez anos, ninguém é fã de Dostoiévski e Vitor Hugo. Comecei daí, brincando. Eu lembro que eu nem sabia usar travessão, então meus textos eram bem toscos. Eu usava “[Nome do Personagem]: Fala do personagem” para indicar diálogo e minhas descrições eram em didascália, uma mais tosca que a outra. Lembro que eu peguei sem querer o Hamlet da minha mãe, vi o jeito como o autor (e para falar Shakespeare com dez anos??) usava e copiei. Só anos depois que eu fui ler Hamlet, que eu fui ter outros ídolos (sempre copiei todos). Acho que antes era uma grande brincadeira de mundos e situações que eu queria viver, sabe? Acho que ainda é, eu só… você sabe, cresci.


2-Quais os livros que você já escreveu? Comente um pouco sobre eles com a gente.

Bom… Eu tenho alguns na gaveta que não tirei, então que eu escrevi e deixei o mundo ver são seis: Três de uma série, três de outra.Três (que são os que mais fazem sucesso) que conta a história de uma família a partir da ótica de um pai beeeeeem relaxado e ausente que vai tentar recuperar o casamento cagado, daí cresce toda uma história de dramas familiares e relacionamentos amorosos, tudo a ver com família e o que eu acredito que seja uma família; e a outra série eu criei para me desintoxicar da primeira e acabei me vendo presa dentro de outra família, outro símbolo do que família quer dizer (embora eles não tenham parentesco sanguíneo) dentro de uma trama de thriller policial onde crianças são rifadas por políticos tipo rinha de galo. Acho que por mais que uma tenha morte/sangue/gente dissolvendo na coca-cola enquanto a outra tenha mais sexo, mais conversa, mais romance, acho que as duas falam muito de amor e família porque eu sou tonta e gosto desses temas.


3-Você possui alguma rotina pra escrever?

Olha… queria. Eu tento escrever todo dia, eu juro que tento, mas às vezes o roteiro não funciona, os personagens não funcionam, eu não funciono. Não acredito que inspiração é o norte da escrita, nem que talento fala por tudo. Talento é trabalho. Eu bem que queria, mas não acredito que tenha uma musa soprando e torcendo. Acho que às vezes sai sangue e não tem ninguém além da gente. E às vezes, mesmo com sangue, é ruim e não vale a pena ser publicado. Eu tô tentando manter um roteiro e parar de escrever por impulso, mas acho que eu vou acabar me rendendo e voltar a escrever como eu escrevia: crio os ratinhos, o labirinto, e deixo os bichinhos soltos para irem onde quiserem.


4-Quando você resolveu publicar um livro seu? Quais foram as dificuldades que encontrou?

Foi depois que eu entrei na faculdade de letras. Entrei tardiamente na faculdade, com vinte e dois anos. Fui relendo os cânones, a teoria literária e foi batendo a vontade de por meus textos no mundo. Eu já sabia do Wattpad, mas nunca tinha colocado nada lá. Eis que um dia meti um fod**-se e coloquei um texto lá. Foi lindo enquanto estava no Wattpad: a própria plataforma achou meu livro bom o bastante para colocar nos destaques, o público foi crescendo, o pessoal foi espalhando a palavra e, quando eu vi, tava no dilema de: e agora? Houve proposta com editora? Houve. Houve proposta boa? Houve. Mas nada deu certo e eu fui para os lados do crowdfunding com o público que eu cultivei no Wattpad.. Em 2017 foram 1700 livros embalados e assinados tudo na sala de casa, com ajuda de parentes, mãe, irmãos, marido… e eu aprendi mais sobre o mercado do que eu teria aprendido se tivesse deixado tudo na mão da editora, sabe? Acho que a dificuldade maior, depois de atingir um público legal, foi justamente o viabilizar o jeito como eu levaria os livros para a casa das pessoas.


5-Como você definiria seus livros pra quem nunca leu?

Essa pergunta é maldosa. Eu escrevo sobre homens brandos e mulheres duras. Não importa se elas são engenheiras, assassinas, agentes da polícia ou soldadoras. E não importa se os homens são assassinos, pais de família, donos de restaurantes ou o diabo que for: os homens estão sempre um passo atrás das mulheres. Veja, meu público é feminino e eu faria um desserviço a elas se eu colocasse um fodão de terno mandando em todo mundo e fizesse delas, das mulheres que me leem e em quem me espelho, apenas vítimas dos acontecimentos ou então degrau para a evolução de um cara. Tem toda uma cultura que faz isso já, não precisam de mim. Então eu, se for para vender meu peixe, eu digo que escrevo sobre homens brandos e mulheres duras.


6-Como foi o processo de definir a sua identidade no meio literário?

Ainda não defini. Acho que não vou conseguir isso até morrer. Não tem um lugar onde eu queira chegar, eu só quero saber de evoluir. Hoje eu escrevo sobre romances e vínculos entre pessoas e ainda quero usar metáforas com deuses, mas ainda não consigo. Eu sei que o meu público é feminino e gosto muito que seja assim, mas, se pedir para eu falar mais que isso, não sei.


7-Dentre suas histórias, qual sua favorita? Porquê?

Qvia. Qvia Nominor é a saga com assassinos que eu falei ali em cima. É tipo o meu grito de independência, sabe? O que vende no público feminino é romance de amorzinho e eu precisava de uma coisa que me chacoalhasse, não tô nessa pelo dinheiro. Qvia me deixou sem dormir, bombei em todas as matérias do semestre, tive ataques nem sei de quê. Eu, tipo, vivi o Qvia. E conseguir fazer isso é o que me deixa mais contente nessa série.


8-Quais suas inspirações?

As pessoas que eu escuto. Cara, eu não posso ouvir alguém falar que eu fico que nem besta. Não gosto de falar, mas ouvir é comigo mesma.


9-Um autor nacional que você acha que todos deveriam ler?

Julianna Costa porque ela também tem o mesmo alinhamento político, também feminista (embora ela vá muito mais para a coisa sexual que eu não habito), tem um jeito inteligente de falar de sexo, um jeito adulto e limpo que não fica desleixado, sabe? Eu vejo muita narrativa de sexo fazer dele obscuro e sujo não do jeito legal que você espera que sexo seja, mas esquisito e áspero.

Cláudia Lemes que é super-foda com Thriller (Um Martini com o Diabo e Eu Vejo Kate são DICONAS) e você, tipo, come o livro dela porque são page-turners. Ela tem uma narrativa muito afiada que não floreia como eu (culpada!) e uma pesquisa abissal em cima de tudo o que produz. A Cláudia tem um jeito mais ácido de ver tudo, ela não vai te comendo pelas beiradas, ela vai e taca na sua cara, e você fica tipo… MAAAAAAAAANO…


10-Qual a maior dificuldade do mercado editorial brasileiro?

Ser novato. Eu acho que para ser considerado novato no mercado você tem que ter uns anos de estrada, sabe? Quando o mercado finalmente olha para você ele mal sabe que você já tá nessa há anos. Agora tá mudando e tal, mas o ser mulher também dificulta porque você já viu o quadro de livrões aclamados pela crítica, você sabe que nós não estamos lá e mesmo vendendo que nem água, a gente não é levada a sério.


11-Uma lembrança querida da carreira?

Bienal. Principalmente a de 2016 em São Paulo, a primeira vez que eu entrei como escritora pelo Stand da Amazon. Era tanta gente para me ver, rapaz, eu que sou bicho do mato… Que eu fiquei de cara. Só ali que eu fui entender que tudo o que eu fazia pela internet era de verdade, que tinha gente por trás dos nomes do face, que tinha gente me apoiando. Eu morro de medo de situações sociais com muita gente, morro de medo de conversar com desconhecidos, mas ah, aquela Bienal disse que eu era Camila Marciano, sabe? Não esqueço nunca mais.


12- Quais seus projetos para o futuro?

Editora, né, Brasil? A editora chega onde eu não consigo chegar: na rua. Na internet eu alcanço até que bem, mas livro impresso é livro impresso e por mais que a Amazon Kindle-KDP seja meu ganha pão, nada como você atingir a vida real e trabalhar como gente grande.

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Se você ficou curioso para conhecer um pouco mais sobre os livros da Camila Marciano, segue a sinopse da uma de suas trilogias e o link de onde encontra-las:

Você consegue dizer o ponto exato em que o amor acaba? Consegue dizer quando as contas, a rotina e os filhos afogam o amor? Consegue dizer quando acaba o tesão? 
Eu nunca soube. 
Isso aqui não é uma história de dois adolescentes que se destrata, mas no fundo se amam. Eu sou um pai de dois filhos, sou casado. 
Esta aqui é sobre reconquistar a mesma mulher que você já meteu uma aliança no dedo, mas deixou escapá-la por entre eles. Ela se foi e você nem viu. Esta vai para todos os cabaços que como eu, esqueceram-se que o amor não é um posto, é exercício. É um jogo de tentativa e erro com algumas regras pré-estabelecidas. 
Aqui, o amor é outra coisa. 
Não é à toa - Que os contos de fadas terminam no casamento e a ideia de "casamento perfeito" vem estampado num comercial de margarina.



Continuação de O Próximo Homem da Minha Mulher sou Eu! (Livro do Lipe)
Em tese, é como a mãe. Passou no ITA, bom no que faz, futuro Engenheiro Aeronáutico. Irmão do Guto, dois anos mais novo, e da Manu, uma menina lindinha que todo mundo viu nascer. 
Na prática, é como o pai. Arruma a mesa no aniversário da mãe, a língua afiada caidinho por uma das primas. A História pode se repetir, ele pode se apaixonar por uma menina da capital e se esquecer da prima Mineira.
Ou, dessa vez, a Prima Mineira pode fisgar o coração desse menino urbano que nada tem que ver com mato. Das coisas que pode acontecer, a única que nós sabemos é de onde veio esse menino. Em que lar ele nasceu, em quais condições foi criado e quanto amor ele viu entre os pais. 
A gente acha que não, mas amor a gente aprende de berço.

Último Livro da Série dos Ferreira!
O Terceiro e Último livro da Série vem para desvendar o moleque que passa sem que ninguém veja. Chegou com uma filhinha nos braços, os cabelos mais compridos, e mais bruto.
Mais bruto? Logo o Médico? Ele, que se contamina e é feito de contato? Tinha uma envergadura de oceano, mas só se via Lagoa.
Uma cowboy tem tudo o que o olho alcança. Dá teto e comida a quem precise, vive de defender cavalo arisco e dança com eles, esperando não tomar coice. 
… mas não gasta dois segundos para se olhar no espelho. O maxilar de aço, cansado de tomar coice de cavalo e homem, dói todo dia.
Pensando bem: o que não dói? Olha para o passado e se esconde dele, fecha os olhos para não ver, evita. Olha para o futuro e não pensa, não quer pensar. Evita. Vive de cuidar de cavalos, descuidar de si, ignorar a irmã que precisa de ajuda e vai:
Para onde?
Para o fim da linha.
--- E seu Rodrigo, hein? Por onde anda?

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