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Você pode não querer rótulos, mas não desvalide alguém

19.2.18Jota Albuquerque


E inevitável eu estar na internet e mesmo sem querer, poder entrar em treta. E uma das maiores tretas, inclusive dentro da própria comunidade LGBTQ, é o lance de "rótulos são ruins, eu não gosto de rótulos e eles só servem pra roupas e comidas". E eu sou alguém que se opõe à isso, então vamos falar sobre isso. (imagem de capa retirada daqui)
Em alguns grupos que eu faço parte é quase impossível não estar sujeito a se meter nessa discussão, mas de qualquer forma, é uma questão extremamente válida e importante. Meu ponto com esse texto é justamente deixar evidente a importância dos rótulos e a importância de respeitar isso, mas não quer dizer que quem é contra rótulo é o errado, essa discussão não é branco no preto. Portanto, antes de continuar, saiba que essa é minha visão em base na desvalidação dos rótulos.


Rótulos tem milhões de coisas positivas, como a Dana já disse: eles dão a capacidade pra alguém se identificar e encontrar outras pessoas que se sentem da mesma maneira. E não só isso, eles dão a sensação de segurança, de "eu existo!", é um nome para algo que faz parte de algo que me faz ser quem eu sou. E assim como a Bells já disse: todo mundo utiliza rótulos, seja "sou nerd", como "sou rockeiro", entre outros. Então por que só em caso de LGBTQ que essa situação continua sendo tão problemática? Por que as pessoas consideram rótulos que não são de identidade amorosa-sexual ou de gênero mais importantes, mais válidos?

Um dos exemplos que as pessoas contra rótulos dão é "que procurar por um rótulo é um processo doloroso, não deveria ser assim, somos todos iguais/humanos" ou "hétero não tem que se dizer hétero ou sair do armário, por que eu deveria?". E assim, em relação ao processo doloroso e ser humano, não posso discordar, já que não é a experiência mais deliciosa não saber seu rótulo, mas isso se dá por você não estar inserido em um grupo ainda, porque você crê que não tem ninguém como você. E claro, como seres humanos nós somos diferentes, o que quer dizer que o que eu, como um garoto que gosta de garotos, não passo pelo o quê um garoto que gosta de garotos e garotas passa, ou uma garota que gosta independente do gênero, são experiências diferentes que marcam um grupo e por isso eu não devo usar a desculpa de "somos todos humanos/iguais" porque não somos idênticos, somos pessoas e justamente por isso convivemos com diferentes aspectos do que é ser humano.

E sobre hétero não ter que sair do armário... não é porque você é LGBTQ que você precisa sair do armário se não sente que precisa. Até porque "armário" pra comunidade LGBT+ é um conceito abstrato pra descrever o que alguns membros da comunidade sentem quando se descobrem, a necessidade de poder deixar alguém saber daquilo e como ainda vivemos numa sociedade que a mente está se abrindo lentamente, pode (ou não) ser um grande caso, dependendo para quem você vai falar. Não contar que é LGBTQ é um direito seu e isso não invalida o que você é.

Algo que eu aprendi durante os anos após me descobrir, é que rótulos geram revolução, geram reconhecimento, mostram que nós existimos, porque não sei se já parou para pensar, mas se não usássemos rótulos pra falar "eu sou gay/bi/lésbica/trans/pan/ace..." não teríamos representatividade, a heterossexualidade sempre seria considerada a única "correta" e válida, a gente não existiria, não teríamos direitos, ainda seríamos considerados doentes (apesar de em alguns casos ainda sermos) por todos.

Eu entendo a preocupação das pessoas "anti-rótulos", mas se analisar assim, então seria melhor banir todos os rótulos, começando por rótulos de características físicas. Quantas pessoas não se orgulham de ser "magras". "Magro" é um rótulo pra descrever pessoas de físico com pouca gordura. E nomes. Nomes são rótulos, por exemplo, o meu: João Paulo, homem pequeno, de Deus... Deve estar parecendo ridículo a comparação, mas é justamente o ponto. Criticam demais os rótulos, mas existem tantos que não passam de palavras com significados (sejam eles emotivos, culturais, etc) e devemos respeitar isso.

Quem não gosta de rótulo, não se rotule e não fique atacando quem se rotula. E quem gosta e se rotula, não ataque quem não se rotula ou não gosta deles. Bem simples, não?

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2 comentários

  1. Olá, boa tarde.

    Acho que isso é um assunto bem delicado. E realmente largar todos os rótulos como não fossem importantes é extremamente cruel. Dar nomes é dar poder, força para aquilo.

    É como disse, encontramos conforto naquilo que nos traz semelhanças. Até podermos vivermos totalmente livres de rótulos teríamos que estar em nível de evolução bem maior do que estamos agora.

    Para que o armário não precise ser aberto, era por que sua existência não é mais necessária. Então acho que "sair do armário" é momento de amadurecimento e libertação de muitos. É preciso aceitar a existência da gaiola para que a liberdade seja conquistada.

    Estava pensando nisso esses dias e acho que posso ter me exaltado um pouco. De qualquer forma, é um assunto que deve ser mais comentado, de uma forma compreensiva.

    Abraços.

    <3 R.W.

    https://www.newsfallenbooks.com/

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  2. Respeito quem sinta melhor saber que sua Sexualidade seja "normal" ou foi estudada! Mas a conversa, troca de experiências, possa dar mais um tom real ao que "sinta"! Essa semana fui ao restaurante com amigo e, era final do atendimento o que permitiu conversar um pouco com garcon! Três homens cisgeneros mas Sexualmente e a princípio: homo, bi e hetero! Já quase um ano que eu e meu amigo, transamos e o garcon hetero e casado, quando soube que eu era penetrado ficou até carinhoso comigo. Meu amigo até disse o hetero sentiu atração pelo cis homo, ele até concordou e disse que nunca havia cogitado ter ereção por cis com traços masculinos de voz grossa e pelos, mas tendo percebido eu meigo conversando da experiência animou ele a não definir como "macho alfa" todo cisgenero!

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