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Tartarugas Até Lá Embaixo, de John Green

24.10.17Isabelle Fernandes


Eu com certeza nunca teria chegado nem perto desse livro se não fosse a Intrínseca enviar um kit com ele pro CC que chegou aqui em casa HAHAHAHAH. 

O único livro do João Verde que eu li foi A Culpa é das Estrelas e foi uma experiência meio odiosa. Lembro até hoje do quanto eu chorei lendo aquela merda sentada no chão do meu quarto e da raiva que eu fiquei achando os personagens adolescentes estranhos demais, tudo muito pretensioso....desde então tinha decidido que John Green era um daqueles autores de quem eu iria passar longe.

Daí repentinamente a timeline do meu twitter começou a jorrar amores por um livro novo dele chamado Tartarugas Até Lá Embaixo, que, sinceramente, me fez querer rir desse NOME RIDÍCULO. Eu provavelmente teria ignorado também (porque eram todos fãs do home) se não fosse pelas palavras mágicas::: saúde mental. E com a chegada do kit, resolvi que era a hora de superar os preconceitos e ver qual era a desse livro.


Pois bem. Eu ainda tô decidindo se foi bom pra mim ler esse livro, mas tenho a absoluta certeza de que TODAS AS PESSOAS DO MUNDO DEVIAM LER. E eu vou explicar o porquê.

A história começa com a Aza Holmes (800% apaixonada pelo sobrenome) tendo um dia comum na escola...almoçando com a sua rapeize....mas ela não tava realmente ali. Aza não conseguia fazer parte das conversas simplesmente porque tava preocupada demais com a possibilidade de ter uma bactéria possivelmente mortal se desenvolvendo dentro do seu estômago. A ideia de que isso possa estar acontecendo é tão assustadora que ela começa a suar e vai pesquisar no celular sobre sintomas relacionados à contaminação por essa bactéria, o tempo todo tentando se convencer de que ela não pode estar doente, mas e se estiver???

Acho que esse é um bom momento pra relembrar que tenho transtorno de ansiedade generalizada e que um dos meus principais Assuntos de Neura é.....doença.


Esse ligeiramente aí é apelido, porque a maldita história da bactéria ficou na minha cabeça e no dia seguinte senti dor de barriga. E alguns dias depois cismei que eu poderia ter pego raiva de um gatinho de rua que tô tentando resgatar porque eu vi uma gota de líquido em cima do meu pé, onde ele ficou se esfregando. Não, isso não faz sentido nenhum, mas é assim que eu e a Aza funcionamos. É assim que eu me senti o livro inteiro: como se estivesse lendo um retrato da minha própria mente, a Aza dando voz e mostrando metáforas pros dramas que por muito tempo eu mal conseguia descrever.

Fiquei com a impressão de que Tartarugas Até Lá Embaixo não foi escrito pra ser mais um livro de young adult com adolescentes aprontando altas confusões. Vão rolando outras coisas na história como o milionário desaparecido, a recompensa pra quem tiver pistas sobre ele, o filho do milionário que foi colega da Aza e é um gatinho e até fanfics de Star Wars - só que o palco principal é o inferno pessoal da Aza e como isso afeta tanto a vida dela quanto das pessoas à sua volta. Não é uma história alegre, nem fofinha. Eu imagino que vai ser pesado mesmo pra quem tá com a saúde mental em dia.

Eu lendo o livro
Como esse não é o meu caso, no último domingo eu já tinha chegado no meio do livro e tava numa bad desgraçada HHAHAHAHAHA. Não vou entrar em detalhes, só digo que foi sofrido, doloroso e teve muitas, mas muitas lágrimas e muco nasal. A Aza é a típica paciente que reluta em contar a verdade pra psicóloga e não segue o tratamento medicamentoso direito, então obviamente o quadro dela vai piorando até que acontecem umas merdas e não tem jeito, ela se vê obrigada a admitir que as coisas estão indo nada bem. Engraçado que essa hora me lembrou de A Arte de Pedir, quando a Amanda Palmer fala em doer o suficiente pra ter a coragem de pedir/aceitar ajuda. O clímax do livro é o momento em que dói o suficiente pra ela perceber as coisas.

Não posso dizer que tem exatamente um final feliz, mas acho que o João Verde quis mostrar que as crises vem e vão, coisas boas e ruins acontecem e que a vida continua seguindo seu rumo, por mais que muitas vezes você se sinta totalmente sem controle dos seus próprios pensamentos. E também sobre a importância de falar sobre saúde mental, sobre tratamentos e sobre como isso pode mudar totalmente as coisas. Enfim.

Eu não recomendo esse livro pra quem tenha algum transtorno psicológico principalmente TOC e de ansiedade, porque pode rolar muitos gatilhos e ser uma experiência sofrida demais, apesar de que alguns acharam bem catártico. É por sua própria conta e risco. E quem não tem, leia. Leia e entenda como é conviver com isso, como algum amigo, parente ou companheiro pode se sentir muitas vezes. Isso é muito importante.

"Pode ser um caminho longo e difícil, mas os transtornos mentais são tratáveis. Há esperança, mesmo que seu cérebro diga que não." - John Green



Nota:

Só não é favorito porque me atropelou feito um caminhão


Ficha Técnica:



- Autor: John Green

- Editora: Intrínseca

- À venda em: Amazon - Saraiva - Submarino









MUITO OBRIGADA INTRÍNSECA PELO LIVRO E O KIT LINDO MARAVILHOSO!!!!!



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1 comentários

  1. eu gosto muito dos livros dele, e estou ansiosa pra ler esse, não tanto quanto eu ficaria ansiosa quatro anos atrás, mas anida assim, e todo mundo esta falando bem dele e dizendo que é diferente das histórias que ele costuma contar, então a vontade aumenta muito

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