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Religião não deveria ter tanto poder no Estado, mas tem

23.8.17Jota Albuquerque


Recentemente vi que foi aprovado nos Estados Unidos que um médico poderá recusar um paciente transgênero ou qualquer um que tenha feito um aborto, isso devido à uma ata antiga - de 1993 - que preza pelos interesses em religião serem preservados (Religious Freedom Restoration Act). Aprovada pelo juiz Reed O'Connor, essa nova abertura de religião no Estado e na Área Médica é de uma retrocessão que não consigo nem medir em palavras.

Essa ata que preserva interesses de religião não deveria ser usada para essa abertura errada. A preservação de interesse religioso é em casos de cultura, etc (para que religiões oprimidas não percam por total sua voz e sua história). Não para você decidir quem vai morrer ou deixar de morrer. Médicos fazem um juramento anti-discriminatório quando entram na área, e devido essa lei ter sido agora usada contra as pessoas, isso nos traz à uma questão importante: Por que a religião não deveria ter influencia no Estado?

É uma pergunta com uma resposta um tanto quanto óbvia se você analisar a tirinha de capa. Tipo, pensa: você é cristão, e como a maioria não gosta do aborto. Agora, isso não importa. O que você acha ou deixa de achar sobre o aborto não vai impedir que ele aconteça ou que o aborto inseguro mata milhares de mulheres por dia. Para se ter uma noção, no mundo todo, mulheres de religiões dominantes, como Protestantes ou Catolicismo, são as que mais entram em índices das que já fizeram aborto.

Aborto não pode ser só teoricamente legal. Isso tem que ser acessível.

Entendam: um Estado Laico não é um Estado que proíba falar de religião, mas sim que se formos falar de religião, lembrar que não há somente Catolicismo e Protestantes, há muito mais e devemos respeitar todas. Isso é um Estado Laico, respeito à todos e todas as religiões.

E mais, você usar sua religião para esconder seu preconceito é muita covardia. Não atender pessoas transgêneras?! De onde vocês tiraram que Deus é contra pessoas transgêneras? Se você vir com um comentário de que as pessoas somente são homem e mulher e ainda baseados em seus órgãos, para e vai estudar história e biologia (e aprenda a escutar as pessoas um pouco mais e exercer empatia).

A interferência da religião (foca no Catolicismo agora) tentando controlar tudo já aconteceu e não é a toa que chamam de Era das Trevas.

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3 comentários

  1. João Paulo,
    Independente da religião que se professe, ou mesmo não se tendo religião alguma, eu sou terminantemente contra o aborto, mesmo porque, existem outros meios de se evitar filhos e a maioria dos que fazem a utilização do aborto, nem o faz por causa de violência, tipo estupro...
    Já passou o tempo em que se colocava filha pra fora de casa porque engravidou antes de casar, acho que até casamento está fora de moda... O que o pessoal gosta de mesmo é de ostentar na festa. Mas, pense comigo, você acha certo sair por aí transando de qualquer jeito pra depois quando engravidar e ao médico e descartar o feto como se fosse um "lixo"? Eu não acho!
    A questão de recusar um paciente por ser transgênico, também não concordo com essa conduta. Acho que independente da orientação sexual ou do que possa ser, é uma vida, então, da mesma forma que não dá pra aceitar um médico que rejeita um paciente por preconceito, não dá para aceitar descartar uma vida porque não se preveniu. o Fato da religião fica bem irrelevante tomando a vida como um bem maior! Hoje, eu ouvi no rádio, de um jornalista famoso a seguinte frase: "Você pode abrir uma igreja de forma legal e depois estabelecer uma quadrilha, sem que ninguém saiba, mas o objetivo da igreja não é aquele." (e o cara é ateu), então, o erro não está na doutrina de tal ou tal igreja, quem acredita na sua religião que a siga e deixe os outros em paz, mas a vida está acima de qualquer religião e deve estar sempre em primeiro lugar, independente de ser de heterossexuais ou homossexuais, de nascidos ou de fetos. Por que alguém que já teve a oportunidade de nascer quer ter o direito de escolher quem nasce ou quem deixa de nascer? Entende?
    Bom, isso é o que eu acho, você pode discordar de mim, sem problema! Não vamos brigar por isso, vamos apenas trocar idéias.
    Abração,
    Drica.

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  2. "Por que alguém que já teve a oportunidade de nascer quer ter o direito de escolher quem nasce ou quem deixa de nascer?"

    Pelo simples motivo de alguém ter a oportunidade de querer viver sem ter que estar grávida e parir? Além disso, quantas são as oportunidades de alguém que nasce hoje no Brasil? Se é pobre, preto, indígena ou LGBTQI+? Eu respondo, são poucas.
    E o que é dar a oportunidade? Como assim? Se eu mulher nunca engravidar eu deixei de dar a oportunidade para o que? Uma alma nascer? Uma vida aflorar? Agora me diga, se eu não acredito em alma
    como não é questão de religião, de crença. Segundo, se é uma vida em potencial, ainda não é vida, está por acontecer e depende da vontade da gestante.

    Se você come um pinhão, você diz que está matando uma árvore?

    Abraços.

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