CCSéries Eduardo Ferreira

Sobre uma OITNB ainda mais ousada

10.7.16Eduardo Ferreira


Orange is The New Black nunca foi umas das minhas séries favoritas. Aliás, eu geralmente demorava meses para assistir uma temporada inteira. Mas, essa quarta temporada fez algo completamente diferente comigo. Me transformou da pessoa que gosta de tirar seu tempo para pensar sobre o episódio que acabou de ver e criar teorias para o que aconteceria a seguir, na pessoa que nem conseguia esperar os 15 segundos para o próximo episódio.

OITNB sempre chamou atenção por, não só, constantemente criticar o sistema criminal americano, como também por fazer de todos os seus personagens protagonistas de suas próprias histórias. Sempre com sua veia crítica e a representatividade estampada, OITNB sempre foi muito mais que a série para se distrair no seu fim de semana.

Tratada nas suas duas primeiras temporadas como "a série de comédia das presidiárias lésbicas", essa temporada só prova, mais e mais, que a série não tá aqui pra fazer você rir, mas pra te deixar desconfortável assistindo. Para te fazer se sentir mal ao perceber que você não faz nada para mudar o que você "acha que não consegue". Para jogar na sua cara que empatia não adianta de nada quando você não faz nada para mudar aquilo que não acha certo.

Principalmente em seus episódios finais, essa temporada me fez parar para que questionar porque eu estava vendo aquilo. Se eu me sentia tão mal no final dos episódios, porque eu continuava vendo essa maldita série temporada após temporada? 

Porque a gente constantemente fecha os olhos para o quão cruel e brutal é a nossa realidade.

E é isso que a quarta temporada de OITNB é: BRUTAL. Brutal em todos os seus aspectos. É brutal ao mostrar outra grande falha do sistema correcional americano. É brutal em te mostrar que você não gosta do que tá vendo mas também não faz nada para mudar isso. É brutal ao te mostrar que você pode até ser uma pessoa com boas intenções, mas que a sociedade constantemente te torna aquele que você não gostaria de ser.

E é ousada. Ousada em usar a morte de uma personagem negra, lgtb e mulher, para mostrar e criticar a representatividade na tv. Tudo isso pra mostrar que dá sim pra matar uma personagem e fazer isso de forma a respeitar não só a atriz mas também à personagem que ele deu vida. De forma a respeitar quem tá ali assistindo e se identificando com aquela personagem. (tem lá seus problemas, mas pelo menos é uma série que tá fazendo algo e não só matando pra mexer com seus sentimentos)

E é inteligente ao criticar seu próprio público.

Eu espero de coração que essa temporada faça as pessoas não só maratonarem num final de semana, mas pensarem com carinho a real mensagem que a série está querendo transmitir.


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