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O Último Adeus, de Cynthia Hand

17.6.16Isabelle Fernandes


Esse é aquele tipo de livro do qual eu provavelmente não passaria perto, por causa da temática. Em geral eu evito histórias que sejam tensas pra mim e suicídio com certeza é uma delas, já que não só eu já planejei isso como também pessoas próximas chegaram bem perto de levar a cabo, então assim...TENSÃO.

Mas então um belo dia estava eu no facebook, quando vejo que a página do CC tinha uma nova mensagem. Normalmente eu deixo pro Edu, que é o responsável pela página (agora a Ariel também) ver, porém sei lá porque nesse dia resolvi ver o que era. Pois bem. Era uma moça da Darkside (MUITO OBRIGADA, RAQUEL!!), oferecendo À MINHA PESSOA esse lançamento deles, dizendo que gostava muito dos meus textos e achava que eu poderia me interessar por eu ser formada em psicologia, etc.

Como, pra ser bem sincera, eu tinha o total de 0 infos sobre, eu fui atrás da sinopse, do site da editora, de tudo HUIFHGIUDFHIGHDFI e lógico que aceitei, né gente. E neste momento em que eu escrevo, com a cara inchada e o nariz entupido, preciso dizer que: foi difícil, mas foi muito bom.

O Último Adeus tem dois lados que coexistem desde o início. Temos a Alexis Riggs narrando como ela e a sua vida ficaram depois do suicídio do irmão mais novo Tyler, que tinha 16 anos, ao mesmo tempo em que vemos trechos do diário que o seu psicólogo deu pra ela escrever e ver se a moça finalmente conseguiria liberar toda aquela desgrama represada. Então sim, Lexie não está exatamente lidando bem com isso, o que né, é totalmente compreensível.

A Tristeza ainda tá melhor do que ela, porque consegue chorar e botar pra fora q

Antes de perder o irmão, ela estava na expectativa por ser aceita ou não no MIT (ela é tipo A Senhora das Exatas), namorava um cara MUITO FOFO, ADORÁVEL e tão nerd quanto ela, tinha um grupo de amigos igualmente nerds com quem se sentia bem, enfim. Apesar das tretas familiares e outras que todo mundo tem, ela tinha uma vida bem satisfatória (apesar de a personagem não se dar muito conta disso). Daí um belo dia ela tá se despedindo do irmão antes de ir pra escola e de repente ele não estava mais nesse mundo. A mãe dela ficou um caco, ela ficou um caco, a vida toda ficou um caquinho, então durante boa parte do livro, pelo menos até bem depois da metade, a Lexie tá num processo de luto, de culpa e de tentar entender o que aconteceu, de tentar enxergar os sinais que o Tyler tivesse dado de que alguma coisa ia mal.

Essa pra mim foi a parte difícil, porque eu vivenciei os dois lados. Um é o lado de "pessoa que já pensou em se matar", porque foi jogado na minha cara tudo o que meus amigos e minha família passaria se eu tivesse ido em frente. O outro é o lado de "pessoa que viveu tentativas ou quase tentativas de pessoas próximas", porque foi jogado na minha cara tudo pelo o que eu poderia passar e mais pro final do livro, o que eu passo quando bate o medo de que alguma coisa ruim possa estar acontecendo. Até a metade do livro eu tava indo bem, mas resolvi pegar nele de vez pra terminar justo num dia em que eu tinha visto e lido depoimentos sobre o massacre em Orlando e rolou uma conversa sobre morte prematura  e o medo de isso acontecer e UOU.

Retrato da minha pessoa quando o livro acabou

Mas cara, o livro é muito bom. Ele é muito fiel, muito sincero e quando você para pra notar, vê que a Lexie tá começando a elaborar o que aconteceu e a mexer os pauzinhos. Aos poucos ela vai voltando a se socializar, recebe a notícia sobre a MIT que ela nem pensava mais sobre, tem também meio que uns mistérios envolvendo fotos sumindo, o perfume do irmão dela sendo sentido em momentos bizarros e uma carta deixada por ele pra ex-namorada...altos lances. E claro, tem Steven, o ex-namorado FOFOLETEEEEEEEEE que ajudou a desanuviar o clima da história me fazendo shippar loucamente HFUISDHFIUDHGIUFHDGHDI.

Gente, eu não tenho salvação mesmo. Tô perdida nessa vida de shipper.

Aí temos as partes em que a Lexie vai se consultar com o psicólogo dela, o Dave. Esses foram os momentos em que eu saí daquela identificação básica que rola com a protagonista pra ver totalmente o lado dele. Não fala se ele tem já bastante experiência de carreira, mas fiquei com dó dele e imaginando como seria se fosse eu ou meus amigos ali. Certamente estaríamos em desespero HUFIDHUGIDHFIGHIDHGIDH. A Lexie é daquelas pacientes que só tá ali porque os pais mandaram (o que é comum no atendimento a adolescentes), tem 0 motivação pra fazer o que ele propõe e fica em silêncio...

Revelação: não há nada pior pra um psicólogo novato do que o silêncio q

"Ai mds porque o paciente não fala será que é porque eu sou INCOMPETENTE???"
Porque né, a gente precisa de alguma coisa pra trabalhar, precisamos que o paciente fale sobre o que tá rolando com ele, o que ele tá sentindo, pelo menos o mínimo disso. Só no finalzinho que ela conseguiu se abrir mais e pude imaginar Dave soltando fogos de alegria HGUFDHGIDFHGIFDHGID.

Então no fim das contas, a experiência foi ótima e eu recomendo fortemente a todo mundo, ou quase todo mundo. Se você estiver se sentindo particularmente sensível ao tema, talvez seja melhor esperar um pouco, quando a vibe estiver melhor.

Nota:

Como eu disse lá em cima: foi difícil, mas foi muito bom <3




Ficha Técnica




- Autora: Cynthia Hand
- Editora: Darkside Books
- À venda emSaraiva - Livraria Cultura - Submarino











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7 comentários

  1. Oi Isabelle! Fico muito feliz que você tenha curtido a leitura (e que tenha chorado como o resto de nós, meros mortais, hahahaa). Esse livro é punk, mas extremamente belo. Que mensagem, né? <3 :) Aliás, cê chegou a ouvir a playlist do Spotify com as músicas do livro?

    Obrigada por compartilhar suas impressões com a gente. Fico muito feliz quando acerto na indicação porque é muito legal ver a pessoa envolvida com um livro, hahaha. <3

    Beeeeijos!

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    Respostas
    1. Não sabia da playlist!!!!! Vou correndo atrás HUIHGIDFHGIDHFGIHDFIGHID

      E eu que agradeço por ter pensado em me enviar <3

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  2. Que resenha maravilhosa! Ri horrores do "Ai mds porque o paciente não fala será que é porque eu sou INCOMPETENTE???". E o livro é incrível mesmo, tô recomendando pra todo mundo. Arrasou <3

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  3. Sou estudante de psicologia e, como você, também vivenciei os dois lados da moeda. Sinto que essa é uma leitura praticamente necessária para mim, adorei a sua resenha!
    Gislaine | Paraíso da Leitura

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  4. Eu terminei a leitura com aquela cara tbm, chorando, agarrada ao livro, chorando às 3 da manhã, pois lembrei da minha amiga Mônica, que tam´bem se matou. Me vi muitas vezes no lugar de Lexie, pensando "por que? o que eu poderia ter feito?".

    Livro muito sensível, muito próximo dos jovens e com um tema muito importante.

    Grande resenha!

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