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Para quem gosta de música: Problema meu (e alegria nossa), com Clarice Falcão.

4.3.16Taiany Araujo


Então, hoje tem mais Clarice para todos nós, EHHHHHHH!! A Ariel fez um post super legal falando do novo álbum dessa pernambucana mega querida, e depois de ouvir o cd mais de 10 vezes num mesmo dia, é claro que ia querer falar sobre ele também. Mas eu quero me ater a "pegada" das músicas, em como esse novo trabalho é diferente do primeiro e ao mesmo tempo o completa, há nele uma linearidade, uma história. Enquanto Monomania me parecia uma adolescente sonhadora, um tanto dramática, e completamente apaixonada; em Problema meu ela cresceu, se desiludiu, mas também viveu, descobriu, e tá querendo viver mais. Ela não desistiu.

Além disso, o primeiro álbum era bem mais simples, voz e violão, enquanto o segundo vem trazendo uma mixagem, outros instrumentos, o que parece acentuar mais ainda a passagem de um cd para o outro e traz maturidade aos personagens que criei na minha mente (sim, to dando toda uma interpretação aos cds).

Foquem no "Gerar conteúdo com vocês" <3

Problema meu traz 14 músicas que sinceramente ainda não descobri qual gosto mais, pois são tantas pessoas,  tantas vozes. Diferente de Monomania, onde basicamente era uma única pessoa falando sobre seus encontros e desencontros, amores e desamores (ou você gostava do álbum ou não), nesse novo trabalho são tantos personagens que eu ainda não sei se é realmente várias vozes ou se são várias facetas da mesma pessoa. Além de fascinante, isso faz com que seja possível gostar de uma e não de outra, entender e aceitar uma e renegar outra. Esse talvez seja o cd de possibilidades da Clarice Falcão.




É engraçado que a primeira música do álbum é Irônico e como o nome já diz, ela é irônica, e sendo a primeira parece que é um jogo com o próprio cd. Talvez essa nem tenha sido a intenção, mas fica pra mim um sorriso de canto de boca como quem diz "entendeu?". Além disso, Irônico parece ser aquela música que a gente tem vontade de soltar no mundo, colocar em todas as redes sociais, falar para algumas pessoas e depois se alguém perguntar "eu vou negar, vou dizer que nada a ver".

Então temos Escolhi você, onde ao menos tempo que eu acho que realmente às vezes a gente escolhe algumas pessoas, também acho que a gente nunca escolhe (confuso não?), mesmo afirmando que sim. E nossa, como eu gosto desse sarcasmo, desse levantar de sobrancelhas das músicas da Clarice. É um rir de si mesmo, das bads amorosas, das desilusões, e combina tanto com minha personalidade que nunca consigo ser imparcial.

A volta do Mecenas é aquela música que eu tenho certeza não entendi nada do que quis dizer, mas que amo mesmo assim e é especial sem nenhum motivo aparente. Ela me remete a um fim de tarde na praia, um por do sol, uma tranquilidade e esperança mesclada com algo mais, que tem gosto de chuva, entretanto a gente não sabe o que é.

Deve ter sido eu me remeteu muito a Eu esqueci você, parece tanto uma continuação, mas tirando isso, ela ainda não me disse tanta coisa,  preciso ouvir mais pra sentir essa música.

Devo dizer que adoro músicas com nomes próprios, me faz sentir uma empatia tão grande, e com Marta é justamente isso que acontece.  Ela tá ali sendo alguém que vive nesse mundo, uma pessoa que a gente esbarra quando anda pela rua e nem percebe, mas que também tem uma história,  alegrias e tristezas, e essas coisas tudo. Ou talvez Marta seja todas essas pessoas que a gente conhece, mas não conhece. Essas que a gente fala todo dia, que a gente acha conhecer a história, que passam a ser importantes, só que estão sempre do outro lado da linha.

Então do nada, começa a tocar Se esse bar fechar e somos jogados ao chão, pela gotinha de esperança que fica lá no fundo mesmo depois que desistimos de tudo. É como se ao desejarmos muito, quem sabe acontece. Quem sabe contos de fadas são de verdade?  Quem sabe as estrelas cadentes realmente atentam nossos desejos?  É o "quem sabe" que nunca nos deixa.

Mas ai a melodia muda e a gente volta a ter o controle da situação com Eu sou problema meu, e nossa, essa música tem que ser usada na frente dos espelhos da vida para não esquecermos. De quem somos, do que queremos, de nós mesmos.


L'amour Toujours é engraçada, porque é aquela música que todo mundo já ouviu, mas tá tão diferente que a gente nem liga uma coisa na outra. Ela ficou tão fofa, tão perfeitinha, trilha sonora de filme com aquela pegada mais alternativa.

Como é que eu vou dizer que acabou é a pergunta que sempre faço pra mim mesma, não que eu seja a quem termina as coisas, pelo contrário, é justamente a dificuldade de se desligar de vez das coisas, das pessoas, das situações.  É se prender de tal maneira, mesmo quando não faz mais sentido, ou pior, faz sofrer, mas ali está você num beco sem saída e não percebe que é só voltar e buscar outra rua. Só que é tão difícil né...?

Duet sou eu andando pela Av. Presidente Vargas ou pelo centro do Rio de Janeiro em geral, vendo as pessoas, os carros, olhando os prédios novos e velhos, sentindo, sentindo, sentindo, quase que hipnotizada ou anestesiada, andando e indo e...

Música brega de bar, com uma pegada Reginaldo Rossi, mas que inverteu os papéis. Em Banho de piscina você não tá ali só sofrendo, você tá querendo vingança, tá com o sangue fervendo, com a boca seca, os olhos com lágrimas, e com o desejo de descontar o arder da alma. Eu só sei que preciso cantar essa música em algum karaokê qualquer dia desses.

E a gente pode amar um cd inteiro, mas sempre tem a música que te resume, que te envergonha por ser tão você, tão nua e crua você, que você nem queria isso, mas não tem escolha. Vinheta Mix talvez seja a música mais parecida com o álbum Monomania desse novo trabalho.  É como se fosse um pouco daquela menina sonhadora, ela nunca vai embora completamente né?

Vagabunda é pra mim uma das músicas mais profundas do cd, e falar isso é até estranho porque sinto que ainda não peguei a essência dela. Eu escuto, ouço palavra por palavra e elas ainda estão ali estáticas pra mim. Provavelmente eu ainda não senti a música, sem problemas, uma hora vai. De qualquer forma, a música me lembrou muito o post da Bells, Amiga, algum dia você vai ser puta, mas ainda não sei se o nome da música fez com que eu fizesse essa associação ou se é a letra mesmo.

E por fim, pra fechar com chave de ouro, Clarice, com todo seu charme doce e voltando com a ironia do início do cd, outra vez com sorrisinho de canto de boca, satirizando a si mesma. Às vezes é importante não nos levarmos tão a sério, ser mais riso que verdade, ser mais torto que certo, e sendo pouco talvez se faça algo.

  
Eu queria falar mais detalhadamente das músicas, mas eu nem entendo do assunto, pelo menos no que diz respeito a estilos, arranjos e essas coisas técnicas, então eu falei do que pensei, senti, e provavelmente foi o contrário de você ou dele ou daquele outro, mas isso é bom, não é?  Sempre vejo como boa essas possibilidades todas, de interpretação, de emoção, de verdades pessoais.

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3 comentários

  1. Ao contrário do Monomania, que eu amei de primeira (especialmente Capitão Gancho, que me define de uma forma assustadora), Problema Meu levou um tempo para me conquistar e ainda não tenho certeza se o fez completamente. Preciso de mais algumas ouvidas. Mas já gosto de algumas músicas. Banho de Piscina, Marta e Deve Ter Sido Eu, por exemplo, que são tristes/engraçadas. Mas minha favorita no momento é A Volta do Mecenas, fico cantarolando o tempo todo.

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    1. A minha favorita tb era A volta do Mecenas, mas depois de passar tanto tempo ouvindo (pelo menos uma vez todos os dias), eu me enjoei um pouco dela, , enquanto outras estou sendo arrebatadoras pra mim, como Marta e Eu escolhi você.

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