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Discussão: Quantos livros de autores brasileiros você tem na sua estante?

15.3.13ConversaCult


Eu, Paulo, nessa discussão de autor brasileiro vs. autor estrangeiro fico igual ao Naldo com vodca ou água de coco: tanto faz. Mas tem gente que tem muito preconceito contra autor brasileiro, enquanto outros acham que só deveriam ler literatura nacional. Eu mesmo, confesso que acabo não lendo tanto... Por quê?

Hoje eu e a Dana vamos conversar sobre autores brasileiros e a relação leitor brasileiro vs. literatura nacional. Vem com a gente!

Paulo: ler autores brasileiros ou ler autores estrangeiros, eis a questão.

Tão grande... Quais nacionalidades vou ler?
Não tenho nenhum motivo específico para não ler muito autor nacional, é pura falta de oportunidade mesmo. Se você for parar para pensar, qual a diferença de ler um livro de um gringo ou de um brasileiro? Para mim, praticamente não há, a diferença que eu vejo é a nacionalidade do autor e o que isso influi (se influi) na história. 

Então, no fim, não vejo diferença, porque o que eu procuro num livro é a qualidade de conteúdo.

Dificilmente eu busco saber nacionalidade de autor quando crio interesse por um livro, só acabo sabendo mesmo por causa do nome. Mas mesmo assim não dá para ter 100% de certeza. Quantas vezes você já comprou um livro achando que é americano e só depois descobriu que não era? 

O incentivo à literatura nacional é muito válido, mas a validade do ato acaba quando o leitor usa isso com tom de superioridade. Já vi muito tipo “Eu leio Brasil, e você que está lendo essas porcarias *insira aqui qualquer nacionalidade*?” Há livros bons e ruins em qualquer lugar. Não é a nacionalidade que define qualidade.

Aliás, se for para incentivar a cultura literária brasileira, os clássicos e os brasileiros já consolidados deveriam estar junto aos autores iniciantes. O “x” desse incentivo é: fazer as pessoas diversificarem o tipo de livros que leem. Qual é a graça de ler livro nacional só por ser nacional?

“Ah, mas você pensa assim só porque não é autor brasileiro estreante.” Não posso prever o futuro e saber se vou, de fato, me tornar um autor publicado e minha opinião vai mudar, mas acredito que não. Eu quero que as pessoas leiam o que eu escrevi por ter interesse e não simplesmente por ser brasileiro. 

É esse o ponto da minha opinião: eu não vou ler um livro só porque ele é nacional ou porque ele é internacional, eu vou ler um livro porque ele me despertou interesse.


Dana: Ah, eu queria ler mais literatura nacional, MAS.......

Quantos nacionais tem aí?
Confesso que no início esse tema de discussão não fez muito sentido pra mim. Ué, o que eu vou falar? Isso não é igual a livro digital e físico, nesse caso nem deveria haver discussão! Mas conversando com o Paulo eu pensei um pouco mais. Se você gosta de ler, com certeza tem uma prateleira de livros por aí, olha pra ela. Quantos autores são brasileiros e quantos não são?

Não fiz a conta aqui, mas na minha nem 10% deve ser autor brasileiro. Então por que nós não estamos lendo literatura nacional? 

Acho que os problemas básicos são: Preço. Oportunidade. Livrarias. Concorrência. Falta de conhecimento. Qualidade. Preconceito. 

Tem livros que eu tenho muita vontade de conhecer, tipo "O Sonho de Eva" que tá na minha lista há meses, mas sempre que eu vejo o preço na livraria tá mais de 30. Hoje mesmo eu vi um pós-apocalíptico interessante. 

Quase sempre é assim: estrangeiros nas mesas
 principais e nacionais escondidos lááá atrás.
Alguns desses problemas são relacionados. Por exemplo, Livraria influencia em Falta de conhecimento. Uma coisa que eu nunca gostei é a divisão de "literatura estrangeira" e "literatura nacional", qual o sentido? Parece que isso facilita a achar livro nacional, mas a verdade é que é o contrário. Primeiro que todos os livros chamativos estão em "literatura estrangeira", então a pessoa dificilmente circula pelas prateleiras de livro nacional. E, quando você ainda é forte o bastante para chegar lá, é tudo misturado. Ficção científica, romance, infantil, clássico, poema... Na maioria das livrarias literatura brasileira tem o mesmo tratamento de mangá e HQ: é tudo a mesma coisa, joga tudo aí.

Ou, por exemplo, esse problema das Livrarias e a Falta de conhecimento fazem a pessoa acabar lendo um único título ruim, aí forma todo o preconceito. Ou a concorrência mina a oportunidade.

Não é que falta autores brasileiros bons, falta a ponte entre eles e o leitor. 

E acho que outro GRANDE problema dessa desorganização influencia diretamente na qualidade. Lá nos EUA existe toda uma indústria de produção de literatura dando suporte ao autor, enquanto aqui não. O que eu mais sinto falta é nisso. Falta edição, falta revisão, falta capa boa, falta divulgação. Se você ver a escrita como algo idílico, saiba que a maioria dos livros famosos (se não todos!) foram escritos e reescritos, revisados por profissionais especializados em ver como melhorar uma história. Quem faz isso de verdade no Brasil? Já é até difícil para o autor terminar o rascunho.

E, no final das contas, Brasil cadê você na minha prateleira?
Então junta uma série de problemas que atrapalham no cotidiano e em momentos como esse você olha a prateleira e pensa: nossa, mas eu só tenho autor estrangeiro. (no momento eu estou lendo um livro japonês, reflita.) E é aí que está a validade de discussões como essa. Quando a gente se dá conta do problema e conversa sobre isso, faz a gente ter mais vontade de mudar a situação.

Como o Paulo e o Naldo, vodka ou água de coco tanto faz, assim como autor nacional ou estrangeiro na hora do conteúdo. Mas eu também quero ver a literatura brasileira crescer. Tem muita gente boa por aí. 

O que você pensa sobre o assunto? Já contou quantos livros de brasileiros na sua estante? Discute com a gente!

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10 comentários

  1. Existem algumas diferenças entre os livros nacionais e os estrangeiros. Eu pensava como o Paulo, o que importa é o conteúdo. Mas o conteúdo é um pouco diferente se formos comparar. Óbvio que não dá pra generalizar mas, por exemplo, Fernando Sabino parece ser um cara que a gente só encontra por aqui. É a cara do Brasil! O tipo de história contada, a narrativa e etc.
    Acredito que maioria das histórias nacionais se passam no Brasil. Então, há uma diferença no conteúdo.

    Fui olhar minha estante e contei: Menos de 10% é nacional. Contam como pontos negativos para os NOVOS autores nacionais todo esse apoio que a Dana comentou, da revisão, da capa e etc, etc. Publicam autores muito crus. O preço também não ajuda. Mas ainda assim tem a proximidade do autor que me incomoda um pouco. Qualquer comentário em rede social, em blogs, lá está o autor para defender seu livro. É meio chato.

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    1. Oi, Felipe! Primeiramente, obrigado pelo comentário! :)

      Então, acho que na edição do texto o que eu estava tentando dizer meio que se perdeu. O primeiro parágrafo originalmente era:

      "Não tenho nenhum motivo específico para não ler muito autor nacional, é pura falta de oportunidade mesmo. Se você for parar para pensar, qual a diferença de ler um livro de um gringo ou de um brasileiro? Para mim, praticamente não há.

      A diferença que eu vejo é a nacionalidade do autor e o que isso influi (se influi) na história. Então, no fim, não tem nenhuma diferença, porque o que eu procuro num livro é o conteúdo."

      Concordo com tudo o que você disse, a nacionalidade influência no conteúdo, mas o que eu queria dizer mesmo é a qualidade do conteúdo. Vou editar o texto porque realmente passou uma ideia errada.

      E eu realmente acho que exista uma pressão para que as pessoas leiam autores brasileiros iniciantes. Não é uma pressão de editora nem nada, é mais por parte dos autores e até alguns leitores. Parece que é só porque é brasileiro as pessoas tem que ler. E se você não gosta, acham ruim.

      Epa, peraí! Não é o fato do autor ter nascido no mesmo país que eu que vai me obrigar a gostar.

      E eu acho muito legal a proximidade com o autor. Sou fã de vários autores gringos e ia achar o máximo se fosse do mesmo país que eles. Acho que o que falta no autor brasileiro é o bom senso e isso deveria partir das próprias editoras.

      Escrevendo isso, estou pensando em escrever outro post exclusivamente sobre autores brasileiros! hahaha

      Abraços,

      Paulo

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  2. Estou com a Dana, menos de 10% dos livros da minha estante são nacionais. E sim, por uma série de fatores.

    Particularmente, priorizo autores estrangeiros porque é mais fácil de achar alguém pra comentar sobre o livro depois. Os livros nacionais são menos conhecidos, logo menos gente conhece e é difícil ver alguém pra conversar comigo sobre o livro quando eu termino. Mas isso é meio uma consequência desses motivos que vocês citaram, se o livro nacional fosse melhor divulgado isso não aconteceria tanto.

    Outra coisa é que desde pequenos lemos livros internacionais, né? Todos os clássicos infantis e tal. Compara o tanto de criança lendo Grimm com o tanto de criança lendo Monteiro Lobato. E depois, na juventude, quando precisa voltar a ter contato com livros nacionais, o que é que eles dão? Clássicos. Me pergunto se uma parte desse receio não venha daí.

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    1. Eu acho que devo ser um dos únicos jovens que não teve todo esse trauma com clássicos, porque nunca li livro assim na escola. Aliás, parando para pensar agora, até o 8o ano a escola só passava livro internacional ou livro daqueles autores infanto-juvenis que quase ninguém conhece, no máximo antologia de poesia de autores brasileiros famosos. Só no 9o ano que fui ler Jorge Amado, Dias Gomes e Carlos Drummond de Andrade. E foi uma boa experiência, aliás.

      Enfim, voltando a divulgação esse é realmente o problema. Estou tendo VÁRIAS ideias sobre isso, então acho melhor não falar muito porque em breve deve sair post. HAHAHAH

      Abraços,

      Paulo

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  3. Pensei exatamente a mesma coisa que o João Pedro, mas comigo sempre foi diferente. Eu amo ler desde criança e meus autores preferidos sempre foram nacionais, independente da fase (Ruth Rocha, Pedro Bandeira, Marcos Rey, Sergio Porto, Andre Vianco, etc) mas infelizmente não é assim com as outras pessoas.

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  4. Minha história é meio parecida com a do Paulo: sempre li autores nacionais, desde criança, e nunca tive problema com os clássicos. Para mim, o que dificulta a compra de livros nacionais é essa segregação nas livrarias e a mistureba de gêneros na mesma prateleira, como a Dana citou. Eu não fico entrando em todos os corredores da livraria (a menos que tenha um livro x em mente e saiba que ele está no corredor y). Em geral, só circulo pelas gôndolas de lançamento e de promoções, e, podem reparar, nessas gôndolas raramente tem livros nacionais.

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  5. Olá, bom dia!
    Sempre gosto das discussões do CC, porque são informativas, expressivas, muito intressantes e interativas! E, claro, amei ter tocado no assunto 'literatura nacional ou litaratura estrangeira?'
    Primeiramente, sempre amei ler, até porque aprendi supercedo a magia de decodificar o nosso idioma e de entender muito do que ele nos fala através das mensagens que todos têm para todos.
    No entanto, quando eu era muito pequeno, o contato que eu tive com eles era bem escasso, pra falar a verdade. Além dos clássicos eternos (coleções que passam porta-a-porta), eu sempre devorava os 'Literatura em minha casa', que são as coleções do Governo para as escolas públicas. Lembro-me que na minha escola a maioria dos livrinhos eram nacionais, sendo que eu me deleitava ao ler aquelas passagens. De fora mesmo, lembro que eu só havia lido alguns desconhecidos (para mim), o Pequeno Príncipe, o qual eu levava quase toda semana, Os Miseráveis (aquela edição vermelha e hipercondensada) e O Menino Narigudo. Mas quase nunca lia os outros títuloas dos autores estrangeiros, simplesmente porque era incrível ler o que aqueles grandes autoures tinham para me contar. à época, meus livros preferidos eram Do Outro Mundo e A Bolsa Amarela (que li tantas vezes que comprei um pintinho e pus seu nome 'Afonso').
    Só quando comecei o ensino médio, quando fui estudar noutra escola, que tive a chance de conhecer outros grandes autores, nacionais e internacionais. A biblioteca, diferentemnete da anterior, existia de verdade, não era apenas um compilados de 'minilivros'. Dispunha de muitos títulos novos, me surpreendi quando vi que lá tinha A Menina que Roubava Livros! Mas supresa maior foi encontrar livros dos quais eu não sabia da sua existência mas que curtia a história, exmemplo maior é 'Eu, Robô'.
    Sincerament isso de ficar questionando a nacionalidade de um ou outro autor, ou, pior ainda, a nacionalidade de uma ou outra literatura acaba sim estabelecendo os gostos, mesmo que inconceientemente. As únicas coisas que acontecerão será a segregação e o aumento da 'discórdia literária', que é quando as pessoaas realmente se acham superiores por lerem (ou não) tal tipo de livro, de tal autor ou gênero, proveniente deste ou daquele canto do mundo. O que realmente importa é ahistória proposta! O que aquele autor é ou se propõe a ser reflete em seu trabalho, sempre e inevitevelmente, mas a qualidade de suas palavras é que ficarão.
    Gosto de ler, independente de autor, nacionalidade ou gênero. O conteudo apresentado é o que me importa. Me estendi tanto para falar tão pouco ou quase nada, desculpe, mas aí é que entra outro aspecto importante: em que contexto o texto foi escrito? Isso sim muda completamente toda a nossa visão (achei que eu tinha dito isso lá em cima, mas acabei me atropelando), entretanto, eu não vou pesquisar a vida de um autor 'desconhecido' só porque ele é 'desconhecido', todavia, só depois que eu leio o que ele me oferece me interesso por suas obras e, por vezes, ainda mais por sua vida.
    Até mais.

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    1. Me estendi e me perdi em pensamentos.. affes! Veja bem, o que dificulta as pessoas conhecerem a nossa literatura nova (porque todo mundo sabe que é Ruth Rocha, João Cabral de Melo Neto, Vinícius, Clarice, Machado, Azevedo) realmente é o que as livrarias fazem com a mesma: é quase negligência! Por outro lado, que preços são esses?! Eu não vou menti, a não ser que eu seja fã de determinado autor ou queira muito um título, eu só compro um livro quando ele está em promoção. Muitos preços são bem absurdos! Não só os nacionais, mas todos, num contexto geral. Por fim, a estratégia de marketing também auxilia o leitor a saber de livros. MAs, muitas vezes, infelizmente, os novos são ofuscados pelos clássicos.

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  6. Muito bacana a matéria e parabéns ao site! Estava pensando justamente isso recentemente, sobre os livros que possuo em casa. Até conheço autores e títulos, mas não leio justamente por receio de ser bom ou não. Gostaria fracamente de pedir, aproveitando a ocasião, que postassem algumas indicações, ou recomendações, de livros nacionais para a nossa leitura!

    Belo trabalho e abraços!

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  7. Particularmente falando é a primeira vez que entro no site e já me deparo com um tema um tanto quanto não convencional,falando de autores nacionais e algo engraçado pois os livros que li de autores conterrâneos são apenas os da escola(tirando dois) e sempre me vi em prazos para lé-los e metas e serem cumpridas, nunca consegui desfrutar um livro assim pois sempre estava pensando será que era só isso que o autor queria dizer, não tem nada por trás disso que pode cair na prova e pensamentos do tipo me deixava ansioso e nervoso.

    Obs: Rana será que o livro é 1Q84 Haruki Murakami?

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