#EleNão CCdiário

Nessa eleição, cada um tem um jeito de lidar com a situação

19.10.18Jota Albuquerque

* Imagem oficial de Nossa Política *

Quem me conhece, sabe que em meio de uma crise, eu sempre aparento estar bem. Em qualquer problema que eu tiver que lidar, eu vou deixar para derrubar as muralhas que prendem a realidade que eu sinto e vivencio naquele momento pra depois. Eu vou remoendo, mas vou pensando e procurando alternativas. No meu exterior tudo parece estar bem, parece que eu posso lidar com qualquer coisa, e nada vai me derrubar, mas no meu interior, tudo já caiu e continua caindo, mas eu sei que não vou desistir. E nessa eleição, eu estou assim.

Às vezes, quando converso com meu avô, ele deve achar que é um exagero meu, quando eu conto meu medo, as pessoas devem pensar que eu estou sofrendo de antecipação ou que "não vai chegar nesse ponto", "não vai piorar mais do que já tá ruim". Eu queria esse otimismo, mas o que me resta nesse momento, é tentar não surtar, e por isso, eu estou escrevendo esse texto. Por isso, eu não paro de enviar textos, imagens, vivências sobre os impactos do que Jair Messias Bolsonaro desencadeou em maior magnitude para o grupo de família, por isso eu pareço tão obcecado em saber mais sobre política e estou sempre com algo pra falar sobre o terror que pessoas como eu estão vivenciando.

Eu estou cheio de links (precisamente de 47 jornais) de 21 países, além do Brasil, que falaram sobre isso, que falaram do que está vindo por aí se esse senhor ganhar as eleições brasileiras. Eu estou sempre com o Google ligado, sempre com as manchetes prontas. A todo momento que vejo uma imagem que é print de mais uma agressão homofóbica ou machista ou racista motivada não só pelo preconceito, mas por um deputado que diz o que diz sem consequência, reforçando e dizendo que minoria política deve se curvar à maioria, eu peço para meus amigos essas imagens, envio no grupo de família e boto no status. Se eu tenho a liberdade de expressão que tenho enquanto não sou agredido, enquanto não sofro atentado para me calarem, eu estou lutando pela liberdade das pessoas e também a minha.

Pode parecer absurdo, mas em pleno século 21, o Brasil é o país que pessoas transgênero e travestis têm estimativa de só chegar até os 35 anos de idade. De casos registrados (porque muitos não são registrados como caso de crime de ódio), ano passado houveram mais de 350 mortes de LGBQs, sim, simplesmente pela sexualidade deles. E muitos dos meus amigos estão com medo, eu estou com medo, porque os ataques começaram a crescer em todo lado, e todos sabem que não são ataques aleatórios pra roubar, mas são pra bater, espancar, matar a gente. 

E o deputado, agora concorrente à presidência, diz que "não há nada que ele possa fazer", mas não era ele que era contra bandido? Não era bandido que era bom só morto? Ele tem as mãos tão manchadas de sangue quanto o cara na esquina que meteu a lâmpada na cara de uma pessoa como eu, simplesmente por ser como eu, não como ele. São as falas desse deputado que dão aval para os acontecimentos como esse continuarem a acontecer. São as atitudes de "neutralidade" do deputado perante essas situações que no silêncio gritam "CONTINUEM!". "Se diante de uma opressão, você fica calado, você tá do lado do opressor", já diziam todas as minorias políticas.

Minha maneira de lidar com tudo isso sem cair chorando em desespero, é estando preparado, sempre pesquisando, sempre sabendo mais, sempre com a último informação que saiu há 4 minutos, sempre a par do que é ou não fake news.

E se pesquisando eu consigo evitar de ter mais alguma crise de ansiedade, se pesquisando eu consigo não entrar em modo full desespero, então é essa a minha escapatória, é esse o jeito que eu vou lidar com as coisas. E por consequência, eu não vou guardar para mim, isso vai parar nas redes sociais com familiar e pessoas que eu sei que precisam de informação, eu vou enviar isso para todos os lugares; desde WhatsApp até Facebook.

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