arcade fire Carol Cardozo

Arcade Fire no Rio: a história de como eu quase morri

10.12.17Unknown





Antes de começar: aqui e se eu não me engano aqui eu digo que Arcade Fire é minha banda preferida. Minha música preferida também é deles, assim como o primeiro show da minha vida. Lembre disso durante toda a narrativa dos acontecimentos.

Pode ficar meio grande, então vou dar um tempinho pra você sentar num lugar confortável, pegar talvez um lanche...

...tudo ok? Beleza, vamos lá.

Em agosto desse ano saiu a notícia que a turnê Infinite Content, do cd novo do Arcade Fire ("Everything Now"), ia vir pro Rio de Janeiro e São Paulo. Obviamente fiquei animadíssima, pelos motivos ditos lá em cima. Além disso, meu namorado também adora a banda (por minha causa, flw vlw), então nós ficamos pilhadíssimos juntos pra ir.

Depois de parcelamentos de cartão de crédito, troca de lugar do show (antes era no Jeneusse Arena, na Barra da Tijuca. No fim das contas foi na Fundição Progresso e NÃO PODERIA TER SIDO MELHOR), medo de flopar por causa de vendas baixas de ingressos (depois de aproximadamente uma caralhada de promoções, vendeu quase tudo)... entre mortos e feridos salvaram-se todos.

Além do show, eu ainda ia receber um amigo meu de Fortaleza, cuja amizade pela internet começou justamente por causa de um grupo no whatsapp sobre Arcade Fire. Nós somos amigos há mais de três anos e foi incrível conhecê-lo pessoalmente. No dia 7 de dezembro fui buscar ele no aeroporto, fomos pra casa, nos ajeitamos e aí fomos pro início de uma aventura épica que a gente ainda tem dificuldade de acreditar que aconteceu.

Eu moro em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro. Nesse mesmo dia que o meu amigo chegou,  ia ter um show solo do baterista do Arcade Fire, Jeremy Gara, num estúdio com um espacinho pro show, bem perto da minha casa. Eu, meu namorado e meu amigo fomos no show mais pela oportunidade de estar pertinho do baterista, quem sabe conversar um pouco, tirar uma foto (o lugar é bem pequeno mesmo, então o artista fica perto da galera quando não tá tocando).

Chegamos lá, já tinha começado o show da artista anterior (Flores Feias), então ficamos na parte de trás do espaço pro show. Do nada meu amigo começa a gesticular pra mim, e quando entendi o que ele tava dizendo era "Ele tá na sua frente!".  Nós três ficamos assim:



Saímos e ficamos vagando pelo lugar junto com dois outros fãs que estavam por lá, a gente só observando de longe e tentando criar coragem pra pedir uma foto, mas a gente tava decidido a esperar o show dele terminar. Acabou o show da Flores Feias, e pediram pra todo mundo sair pra arrumar os equipamentos. Ok, beleza, ficamos paradinhos bem perto da porta de entrada, pra poder ficar na frente.

Só pra vocês entenderem o impacto do que vem a seguir: A ligação entre a entrada (que tem uma lojinha) e o espaço pra show nos fundos é um corredor, onde tem uns banquinhos e o bar. Mas é isso, é um corredor, consideravelmente apertado, até.

Então imagine, você parado num corredor apertado, olha pro lado e 6 de 7 integrantes da sua banda favorita chegam e alguns passam por você. Sinceramente, se eu não passei mal com isso, acho que não passo mal com mais nada.



A banda foi prestigiar o Jeremy, e o show foi incrível. Eu não entendi bem o que tava acontecendo, mas ele mexia um sintetizador, apertava botões, e tinha um telão com projeções que seguiam junto com as músicas. Não sei se os botões controlavam também as projeções ou não, mas o efeito foi incrível. Saímos tremendo porque o som reverberou em todo o ambiente. No fim do show, todo mundo saiu e só eu, meu namorado e meu amigo ficamos na sala. Cumprimentamos o Jeremy, falamos que o show era ótimo e que nós veríamos amanhã, e beleza. Saímos do espaço pra tomar coragem e falar com o resto da galera.

Quando saímos, vimos uma galerinha começando a tirar fotos com o Win Butler (o vocalista), então tomamos coragem (e por tomamos coragem entenda eu e meu amigo falando pro meu namorado JOÃO PELO AMOR DE DEUS FALA COM ELE) e pedimos uma foto. Ficamos com medo porque ele tava todo de preto, com um chapeuzinho, encostado despretensiosamente na parede tomando uma cerveja, com seus 2 metros de altura. Mas ele foi bem fofo e simpático, até conversou com uma galera lá, a gente que tava chocado demais mesmo.

Eu nunca sorrio em fotos. Perceba a minha felicidade aqui.


Primeiro obstáculo vencido, que era o vocalista, ficamos mais à vontade pra pedir fotos pros outros membros. Conversamos bastante com o Tim Kingsbury, o guitarrista. Contei sobre a amizade com o meu amigo por causa da banda, falamos sobre nosso grupo de whatsapp, até pedimos pra ele gravar feliz aniversário pra um amigo nosso que não pôde ir pro show por causa de vestibular. Ele foi super fofo mas seria uma pena se a gente não tivesse apertado o botão errado e aí não gravou a parada HHHAHAHAHAHAHAHAHAH Tiramos fotos com quase todos (exceto o Will Butler, porque ele não queria tirar fotos, mas ele foi um fofo e disse que foi um prazer conhecer a gente).

Jeremy Gara, fofíssimo e ainda gritou "I looked amazing!"
depois que viu como ficou a foto AHAHAHAHHAHAHAHAH

Richard Reed Parry, o canadense que reclamou do frio do
ar condicionado HAHAHAHAHHAHAH

Sarah Neufield, que a gente nem reconheceu por causa do cabelo gigante, nós falamos
"Oh my god, your hair!" e ela "Yeah, it grows!"

Tim Kingsbury,a gente ficou batendo mó papo com ele, enquanto pediam músicas ele explicou porque
não tocavam algumas músicas ao vivo, devido à dificuldade de reproduzir certos sons que só daria
certo no estúdio.

A única da banda que não estava lá foi a Régine Chassagne. Segundo o pessoal, ela estava dormindo no hotel. Deus sabe o que faz, afinal se ela tivesse ido, eu talvez não ia ter aguentado a emoção e ia ter batido as botas antes do show.

Ok, até aí já tava de bom tamanho, né? Saímos de lá quase que em choque, porque a gente foi só pra ver o baterista, NUNCA que a gente ia imaginar que ia dar de cara com a banda toda e que eles seriam uns fofos.

No dia seguinte encontrei um amigo do grupo que veio de São Paulo pro show. Tomamos cerveja, fomos pra fila, entramos bem rápido. O show de abertura, a banda colombiana Bomba Estereo, foi uma surpresa muito boa. A música é bem dançante e os integrantes tem uma alegria contagiante.

Até que... o show principal da noite. Arcade Fire. A abertura do show foi incrível, tinha um telão em que apresentavam os integrantes da banda como se fosse uma luta de boxe e eles entram no palco andando pelo meio do público. 30 segundos que os caras apareceram, todo mundo enlouquecido, já danei a chorar de modo desesperado. Antes de começarem a tocar a primeira música (homônima do disco Everything Now), todo mundo já tava cantando o nanana que tem nessa música, o vocalista já estava embasbacado com a animação do público.

Sei que em teoria esse texto é pra falar sobre o show em si, mas esses dois dias foram tão doidos e tão maravilhosos (seja por poder encontrar os membros das bandas ou encontrar amigos de outras cidades e estados que fiz por causa da banda), que eu não tenho palavras pra descrever o show. Parece e pode até ser clichê mesmo, mas não dá pra falar, não dá pra colocar em palavras o quão o show foi foda.






Eles tocaram We Exist (que a gente lá pediu e alguns fãs pela internet também pediram, então achamos que foi por nossa causa porque eles não estavam tocando We Exist na turnê), rolou debut de Peter Pan ao vivo, tocaram My Body is a Cage (do cd Neon Bible, que eles não tocam muito frequentemente). Conhecidos por terem vários projetos sociais no Haiti, a banda também falou que iria doar um dólar de cada ingresso à ongs da favela da Maré, na Zona Norte do Rio (onde as coisas nunca são muito boas mas que nos últimos dias tem vivido dias de guerra). Inclusive, o Win falou isso em português, foi meio embolado mas bem fofinha a intenção.

Aparentemente o show não foi bom só pra mim, o pessoal da banda saiu em estado de êxtase, eles comentando nas redes sociais, Sara Neufield disse que talvez tenha sido o show preferido dela da carreira toda... Eu não acredito propriamente em Deus e não tenho nenhuma religião, mas esse show foi uma experiência quase que religiosa e foi o mais próximo de sentir toda essa profundidade e amor vindo de uma entidade não-corpórea.

Eu estou com os pés doloridos, não durmo direito desde quinta, estou bebendo desde quinta também e tenho certeza que quando chegar amanhã (porque hoje ainda tenho que levar meu amigo de Fortaleza na rodoviária e ir pro amigo oculto do CC) eu vou dormir por umas 18 horas seguidas. Mas cara, faria tudo de novo, faria isso tudo em loop eternamente. Não vou esquecer nunca do dia 8 de dezembro de 2017.

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