Carne Doce CCIndicação

Notas Brasileiras #30 - Carne Doce

5.6.17Taiany Araujo


Eu demorei a aderir ao Spotify, como falei no Coisas que amamos em Abril , achava tudo ali muito fácil, impessoal...Eu queria vivenciar a experiência da descoberta, aquele processo de ir ouvindo aos poucos pra ver se gosta, de ser apresentado a algo novo e falar "Putz, mano do céu que incrível!". E acabei descobrindo que dá pra vivenciar tudo isso com o Spotify também. Tenho consciência que ali não é o lugar perfeito, tem muita coisa boa que ainda não tem um espacinho naquele recanto de músicas. O explorar a internet atrás de bandas e cantores não morreu, pelo contrario, agora temos mais um lugar pra conhecer sons incríveis. E foi nessa de explorar bandas (principalmente brasileiras) que me deixasse rendida, estirada no chão, que fizesse cosquinha na minha alma, me virasse do avesso, que eu conheci a Carne Doce.

Antes de qualquer coisa é preciso avisar que esse quinteto tem um som que perturba, que indaga, que trás a superfície aquilo que no geral querem esconder. Há algo de agressivo que pode incomodar ouvidos medíocres, ainda mais quando essa intensidade se manifesta na performance da Salma Jô, a presença feminina por trás daquilo que compõe muitos dos enredos da banda.

Se no começo como dupla Salma Jô e Macloys Aquino já surpreendiam, quando esse casal de Goiânia resolveu integrar a banda os músicos João Victor Santana, Ricardo Machado e Anderson Maia, a confirmação de que eles vieram pra ficar e abalar aconteceu.

Carne Doce é um mosaico onde os recortes são singelos, melódicos, puros até. Mas que apresenta como obra final um emaranhado visceral de opiniões, forças, questionamentos que vão desde aborto até o machismo. Que corpo é esse que é meu, mas eu não sou dona? O que é ser homem e ser mulher? Quem diz sobre mim? É com essa poesia da vida real que a banda vem trazer letras extremamente intimistas e dinâmicas, que lembram a sonoridade do tropicalismo, da Mpb de 70/80 , do rock nacional que contestava, cutucava a ferida. E tudo isso sem perder a doçura que dá nome a banda.

Acho que já deu pra perceber que adoro a banda, e quando a gente gosta muito de uma coisa queremos indicar pra todo mundo, e foi por isso que eu entrei em contato com eles e descolei uma entrevista para vocês. Todas as respostas foram dadas pelo Mac, se liga ai no que ele contou para gente:

1 - Como vocês definiriam sua música para alguém que nunca ouviu?

Rock brasileiro contemporâneo.

2 - Dentre as suas músicas, qual sua favorita?

A que mais gosto de tocar é "Açaí". De ouvir, "Eu te odeio".



3 - Como a banda se juntou?

Salma e eu compomos as canções. Conhecemos João e Ric por meio do Benke, dos Boogarins, porque os três e o Rapha, também do Boogarins, têm uma outra banda chamada Luziluzia. Estávamos então Salma, eu, João e Ric até que eu convidei o Aderson, um baixista amigo de mais tempo, de Goiânia.

4 - Como foi o processo de definir a sua identidade sonora?

Sem planejar, apenas fazendo e escolhendo os caminhos que mais nos agradavam.

5 - Uma lembrança querida da carreira?

São tantas. O fato de eu ser casado com a Salma torna praticamente tudo na banda um momento querido da minha vida.

6 - Qual vocês acham que é a maior dificuldade do cenário musical brasileiro atualmente?

A falta de um mercado nacional consolidado para circulação de bandas que não tocam no rádio e na TV. 

7 - Uma banda nacional que vocês acham que todos deveriam ouvir?

BaianaSystem.

8- E a pergunta que não quer calar. Salma, você tava tomando banho quente ou gelado no clipe de Eu te odeio?

Era quente, eu tava junto e gripado. A produção pediu para ser frio porque o vapor atrapalharia as imagens, mas não tínhamos condições, teve de ser quente. 



Caso queira saber mais sobre a banda:

http://carnedoce.com/
https://www.instagram.com/carnedoce/
facebook.com/carnedoce
youtube.com/carnedoce

E para ouvir ou baixar o disco: PRINCESA
(eleito entre os melhores álbuns brasileiros de 2016)   

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