CCSéries Eduardo Ferreira

Supergirl: Quando errar é a coisa certa a se fazer

11.12.15Eduardo Ferreira


Depois do grande fracasso da série da Mulher Maravilha que nem chegou a ser exibida na TV, o que o mundo das séries mais precisava era de uma super heroína protagonista. E, com o anuncio da adaptação da Supergirl, era quase impossível não criar grandes expectativas pelo que estava por vir. Mas, será que a série conseguiu entregar aquilo que prometia?

Para quem não está familiarizado com a história da Supergirl aqui vai um pequeno resumo: Kara Zor-El é uma Kryptoniana que foi mandada à terra pelos pais com um propósito: proteger o primo Kal-El (aka Clark Kent, aka Superman). Kara teve sua nave desviada só conseguindo chegar à terra anos depois do primo. Salva pelo, então, Super-homem, Kara é adotada pela família Danvers e criada para esconder seus poderes. Até que um acidente de avião a faz se tornar uma super-heroína e perceber todo o potencial que ela tinha.

Kara trabalha como assistente pessoal de Cat Grant magnata da mídia. E sim, ela também usa óculos como parte de sua identidade secreta e aparece do nada completamente maquiada quando coloca o uniforme de supergirl. Mas, quem é que tá procurando realismo extremo em série de super herói mesmos?


Após ver o primeiro episódio eu acreditava que a série seguiria um caminho que eu não estava muito satisfeito. Confesso que cheguei a ficar muito decepcionado com algumas coisas nos primeiros episódios da série e quase cheguei a desistir. Mas, eu estava errado. Com episódios procedurais, eu por vezes me senti perdido no meio da história tentando entender qual era a intenção daqueles casos semanais que pareciam cada vez mais aleatórios. Só que eles não eram assim tão aleatórios e tinham sim um propósito.

Por alguma razão os roteiristas se viram na necessidade de deixar a trama principal como plano de fundo e desenvolver rapidamente a personagem, nesses primeiros episódios com vilões aleatórios (porém tirados dos quadrinhos) que num primeiro momento não pareciam estar fazendo nada a não ser desviando o foco da série. Mas, agora eu vejo o porque disso. Depois de sete episódios assistindo à uma Kara tendo que lutar contra vilões com o dobro do seu tamanho e claramente mais poderosos (e conseguindo vencê-los usando sua força), você sente que conhece a personagem mais que ela mesma. Por causa desse desenvolvimento rápido e todos os erros e acertos que Kara faz no seu caminho é incrível ver como as relações dos personagens evoluíram e no quão envolvido com os personagens você fica.

É claro que as comparações com o primo Superman eram inevitáveis, mas por vezes chega a ser chato o quão constante essas comparações são feitas na própria série. Tem um episódio inteiro de Kara se sentindo na sombra do Superman. Um episódio que num primeiro momento eu achei completamente desnecessário e maçante, mas que estava ali para desenvolver a personagem e conseguiu fazer o seu papel. Não tão bem quanto deveria, mas pelo menos os roteiristas estão tentando.
Porque ele é um homem. Garotas são ensinadas a sorrir e guardar a raiva dentro de si.

É claro que a série não seria nada sem a genialidade e o carisma me Melissa Benoist. E tenho que confessar que uma das coisas que me fez continuar firme com a série, mesmo nos episódios que eu não estava gostando muito, foi a relação da Kara com a chefe Cat Grant (Calista Flockhart). 


Toda a alma e a raiz da representatividade da mulher na série vem dos diálogos que as duas têm. Cat é uma personagem tão incrivelmente bem feita que é difícil não considerar o diálogo entre as duas o ponto alto de todo episódio.

E, eu não esperava nada disso vindo dela. Depois do episódio piloto eu acreditava que Cat seria aquela chefe chata e mandona que quer as coisa do seu jeito, que faz Kara passar pelos maiores perrengues tentando conciliar as duas vidas. Mas, na verdade, Cat é a maior defensora da SuperGirl na série e uma personagem que se não estivesse ali faria grande falta para a trama.

Deixar de lado a trama central da história e focar nesse rápido desenvolvimento da personagem pode parecer ter sido uma péssima decisão, mas se você parar para pensar, não tem como você pegar uma pessoa completamente inexperiente e achar que por ela ter poderes ela vai se tornar uma grande heroína da noite para o dia. Então, ela erra. Erra muito sendo a Supergirl e pelo jeito errar dá certo. Porque foi só quando eu percebi isso que eu acabei me envolvendo mais e mais com a história.

Por um lado, aqueles momentos clássicos de filmes do Supeman estão bem representados nessa série e é legal ver isso acontecendo. Claramente dá pra ver a qualidade da série e o cuidado deles em trazer esses detalhes dos filmes do Superman.


Talvez tenha sido um erro não focar na história principal e trazer episódios mais focados em desenvolver a personagem do que narrar uma trama mais complexa, mas talvez esse erro tenha sido necessário para elevar o nível da série tão rapidamente que daqui para frente eu só espero coisas grandiosas vindo dessa série.

E sobre Girl Power? Bem, a série tem umas cenas bem incríveis e os roteiristas estão fazendo certo em criar uma personagem forte que, quando no papel de Supergirl, não transmite um semblante de fragilidade feminina, mas sim de força. E as cenas de lutas? São muito boas. A ponto de me surpreenderem pela qualidade dos efeitos e a forma como são feitas.


Então, que que você tá esperando? Vem dar uma chance para Supergirl, prometo que vai valer a pena.

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2 comentários

  1. Tô no episódio 4 agora e a evolução da série é incrível. No começo parece um Diabo Veste Prada com super-heroína, não curti tanto. Mas tá sendo muito legal ver a série evoluir e encontrar um tom próprio a cada episódio. Acho que eu não sou lá o público alvo deles, mas, ainda assim, tá sendo muito bom. E só de ver o tanto de crianças conhecendo e se inspirando também já indica que alguma coisa tão fazendo certo UHAUAHU. (Até me vejo um pouco como o filho da Cat nesse quarto episódio. Se eu fosse mais novo, ia ser ele sem tirar nem pôr)

    E espero que usem melhor a Alex, ela tá meio apagada D: E a Cat também, porque nunca é demais :B

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  2. Eu comecei a assistir a serie, cheguei a ver 3 episódios e de cara percebi que sendo uma serie de modelo antigo, ela teria 24 episódios com uma trama principal e os monstros da semana (forte características de series antigas, arquivo x por exemplo), o que mais me irritou foram todas as vezes que o primo precisou vir defendê-la, obviamente o objetivo era fazer com que ela ficasse com os pés no chão, mas parecia uma mulher pedindo para o marido abrir o vidro de picles, sendo que o objetivo da seria era mostrar que super-heroínas, também tem a sua vez nas histórias.


    http://52semanasemlivros.blogspot.com.br/

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