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Caixa de Pássaros, de Josh Malerman: uma experiência perturbadora

16.5.15Isabelle Fernandes



Muitos livros de suspense que vemos por aí possuem uma divulgação incrível que nos faz acreditar que será O Suspense, mas quando lemos descobrimos que não tem nada demais. Este definitivamente não é o caso do Caixa de Pássaros. Durante a leitura meus sentimentos eram basicamente angústia, expectativa, medo e horror. Conclusão:: Josh Malerman arrasou, e irei comentar tudo sobre o livro agora, SEM SPOILERS!!!

Venham se tiver coragem...

A história já começa quatro anos à frente das primeiras ocorrências violentas que deram início ao que basicamente pode ser chamado de apocalipse. Malorie mora sozinha em uma casa abandonada junto com seus dois filhos que não possuem nome e são chamados de Garoto e Menina. Logo de cara a gente já sabe que morava mais gente ali, mas coisas aconteceram e os indícios estão por toda a parte, mesmo que Malorie tente esconder e deixar o lugar minimamente agradável. Então no capítulo seguinte vemos o começo de tudo, quando Malorie se descobre grávida ao mesmo tempo em que as bizarrices chegam aos Estados Unidos.

Essa alternância entre o presente e o passado foi genial, porque os capítulos sempre terminavam de uma forma angustiante, em menor ou maior grau, e aí puf, mudança no tempo. Só que no outro tempo também rolam muitas angústias, porque O LIVRO INTEIRO É PURA ANGÚSTIA. Sério, gente. Vamos começar pelo fato de que existem criaturas à solta por aí que se forem vistas, deixam a pessoa maluca e ela comete várias atrocidades até se matar. Então todos vivem sob o regime da escuridão: tampam as janelas com colchões e panos, vendam os olhos. Qualquer barulho diferente? Feche os olhos correndo. E se vire assim, sem saber o que está acontecendo à sua volta. Inclusive, o autor consegue nos deixar tão "cegos" quanto os personagens, transferindo o pavor que eles sentem pra nós. Coisas simples como ir pegar água no poço se tornam uma tarefa hercúlea, perigosa e assustadora. Tudo se torna assustador e potencialmente perigoso.

Meu sentimento durante o livro inteiro

Isso mostra o quanto somos dependentes da visão. Quando estamos de olhos fechados e sentimos/ouvimos algo, nosso primeiro instinto é abrir os olhos pra saber o que é. No livro os personagens acabam tendo que aprender a viver sem enxergar (pelo menos em lugares abertos) e isso é super complicado. Sem falar que a ideia de que uma criatura pode estar ao seu lado neste exato momento e você não pode ver é totalmente aterradora. Em vários momentos Malorie se pergunta exatamente isso: será que há uma criatura aqui do meu lado? Ou várias? Será que estão tão próximas de mim que podem me tocar?

Sinto arrepios só de lembrar e imaginar esses momentos HGUFHDGFDHIGHD

O livro também fala sobre o instinto de sobrevivência e o quanto ele pode fortalecer e enfraquecer as relações humanas. Ao mesmo tempo em que os refugiados da casa constroem uma ligação forte uns com os outros rapidamente, com a mesma velocidade podem passar a alimentar desconfianças e inseguranças. Repentinamente aquela pessoa em que você confiava pode parecer enlouquecida, se tornar uma estranha. Pode retirar os panos das janelas e condenar todos à morte. Basta uma ideiazinha de desconfiança para querer botar uma pessoa para fora da segurança relativa da casa.

Quanto às crianças (os filhos da Malorie), que tem apenas quatro anos, eu sentia constantemente uma dor no coração por eles. São crianças que tiveram uma criação dura desde recém nascidos, porque Malorie tinha como foco a sobrevivência delas e em várias cenas eu quase chorei. Elas nunca viram o céu, as cores da natureza, mas conseguem saber de olhos fechados quando a mãe sorri. Nunca viram ou ouviram outro ser humano além da mãe, só conhecem os animais que vivem perto da casa. Dá pena.

Já aviso de cara que o autor não dá todas as respostas. Vi muita gente reclamando disso, mas eu particularmente gostei. As criaturas podem ser qualquer coisa e nada. Alguns personagens chegaram a dizer que elas não existiam, e essa ideia não pode ser totalmente descartada. Mas também não tem como não ser alguma coisa. Adorei essa indefinição porque permite debates e teorias a perder de vista HGUIDHGIFDHGIFDHGID mas também gostaria de saber uma palhinha do Malerman. Será que ele chegou a dar corpo e nome pra essas criaturas e privou dos leitores ou nem ele mesmo sabe?

Eu lendo o penúltimo capítulo
Por ter me feito gritar "IH RAPAZ", "AI MEU DEUS", "EITA" e entre outras exclamações durante almoços de família e uma carona (imaginem eu dentro de um carro cheio de gente e escuro gritando "MEU DEUS" olhando pra tela do celular), além de ter me feito passar por uma experiência impossível de ser expressa em palavras no penúltimo capítulo, Josh Malerman ganhou o meu respeito.


Então, amantes de terror e suspense, corram atrás desse livro. RECOMENDO FORTEMENTE!


- isabelle fernandes

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3 comentários

  1. Esse livro é tenebroso! Eu suei frio em vários momentos, eu virava o rosto pra não ler, mas voltava pra ler, porque queria saber o que ia acontecer em seguida... Ufa! Cheguei intacta ao final, MAZOLHA, não foi fácil.

    É um terror e um suspense excelentes. E o efeito nos personagens foi incrível, angustiante. Maloria fica completamente paranoica e tinha momentos que eu tinha pena das crianças, mas quem seria doce e calorosa vivendo num mundo desses?

    Poxa, super recomendo esse livro, é incrível! Um novo clássico do terror.

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    1. SIM CARA!! Tem horas que dá raiva da mulher que vive gritando mas quando para pra pensar a maluquice que ela tá vivendo é de se admirar que ela não tenha pirado de verdade GUDGUDFHGIDHGIHD

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  2. Tão visceral e diametralmente oposto à chamada de Vanilla Sky.
    Gostei.

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