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Bienal do Livro do Ceará: Um caso de amor e ódio

10.12.14Elilyan


Você sabia que a Academia Brasileira de Letras do Ceará foi fundada antes da Academia Brasileira de Letras do Brasil? Também sabia que a primeira mulher a fazer parte da ABL foi a CEARENSE Rachel de Queiroz? O povo cearense (principalmente os abonados) tem uma relação antiga com a literatura, mas infelizmente, a relação chegou naquele ponto onde uma DR* é necessária para que a chama da paixão não se apague de vez. Sempre encaro a Bienal Internacional do Livro do Ceará como o momento em que a relação fica mais exposta para todos e por isso é o mais constrangedor. 
*discussão de relação

A Bienal Internacional do Livro do Ceará é o momento ideal para discutir a relação. Vamos lá.

Odeio a Bienal Internacional do Livro do Ceará. Amo a Bienal Internacional do Livro do Ceará. O motivo do amor é simples: é um evento literário. Já os motivos (isso mesmo, no plural) para o ódio são vários, mas é a desorganização e descaso que são os maiores responsáveis pelo meu ódio. Só em pensar na Bienal do CE meu coração enche de ódio e raiva por seus realizadores. Como disse antes, no paragrafo anterior, os cearenses tem uma boa e antiga relação com a literatura, mas nem só de boa vontade se faz um bom evento. É necessário suor, esforço, lágrimas e senso de oportunidade. E isso, meus amigos, é o que falta aos organizadores da Bienal do Livro do Ceará.

Te amo Bienal. Te odeio Bienal

No começo do ano, em torno de abril, ouvi as primeiras notícias sobre a Bienal, fiquei empolgada, pois a Comissão de Curadoria da Bienal disse que estava procurando tornar o evento mais comercial e entrando em contato com as maiores editoras do país. O evento sairia daquela mesmice com apenas escritores e editoras locais e se tornaria mais atraente para o público geral. Meu coração palpitou com essa notícia. Só de imaginar Rocco, Intrínseca, Leya e Companhia das Letras quase sufoquei de alegria. Mas quando a esmola é demais o santo desconfia, mesmo assim tive fé que o negócio ficaria bom, mas como ainda estava muito longe da data do evento (a Bienal do Ceará normalmente só ocorre no segundo semestre do ano) fui curtindo a vida.

como assim Bienal começa amanhã?

Dezembro chegou e já tinha esquecido que teria Bienal esse ano quando me deparo com o anúncio que o evento iria começar no primeiro final de semana do mês. Peraí, como assim? Até agosto não tinha data confirmada e do nada resolvem lançar o evento?! Vai ser uma bosta, foi o que passou na minha mente, mas mesmo assim resolvi ir. Procurei a programação do evento no site (mequetrefe por sinal, meu sobrinho de 4 anos programa um melhor) e tive a primeira decepção: não sei quem veio a Bienal. Sem conseguir visualizar os expositores do evento não sabia se tinha dado certo o plano da Comissão de Curadoria da Bienal de trazer as editoras nacionais e tornar mais comercial. 

Já sabia que a Rocco, Intrínseca, Record e Companhia das Letras não estariam na Bienal do livro do Ceará. Com Comic Con Experience em São Paulo atraindo um público maior quem faria as malas para a Terra do Sol? Novo Século, Martin Claret, Universo dos Livros foram algumas das editoras nacionais com grande apelo com o público geral que vieram expor suas obras e trazer alguns escritores. A Novo Século fez até o esforço de fazer um stand bonito, pena que não veio com sede de vender, diferentemente da Universo dos Livros, os preços estão tão bons que dá vontade de comprar tudo no stand da editora.

a Bienal do Livro do Ceará tem Hulk #chupaCCXP

A Comissão de Curadoria da Bienal do Livro do Ceará falhou em atrair as grandes e populares editoras por falta de senso de oportunidade. COMO É QUE QUE A PESSOA ME MARCA UM EVENTO NA MESMA DATA DA COMIC CON EXPERIENCE?! ERA MAIS QUE ÓBVIO QUE AS PRINCIPAIS EDITORAS DO PAÍS IRIAM PARTICIPAR DE UM EVENTO QUE OCORRE EM SÃO PAULO E QUE ENTENDE A NECESSIDADE DE DIVULGAÇÃO PARA ATRAIR PÚBLICO QUE COMPRA! 

Apesar da minha indignação com a Comissão de Curadoria da Bienal por parecer não compreender o mercado editorial e muito menos entender como funciona o público de qualquer coisa (macho, se tu não divulga antes da data de lançamento como é que vamos saber do evento e nos preparamos para ele? NÃO TEM COMO!), ela conseguiu cumprir seu segundo propósito: se você tem grana no bolso a Bienal desse ano tá uma maravilha. Livros com excelentes preços e descontos. Até a editora Senac veio com sede de ganhar dinheiro e oferece desconto de 30% em todo o seu catálogo. Comprei metade dos presentes de natal na Bienal. Se você não espera os últimos lançamentos e muito menos os livros do John Green vai conseguir comprar e ficar feliz com os libros ofertados (tem um stand de uma livraria que está com os lançamentos do ano passado da Intrínseca por R$ 10,00). 

Paula Pimenta lotando o auditório

Outro ponto positivo da XI Bienal Internacional do Livro do Ceará é a programação voltada para o público infantil e jovem. Tenho um sobrinho de 4 anos e na edição passada o levei, foi triste porque não tinha nada voltado para ele, a única coisa era o stand da Coelce com contação de histórias e pintura com giz de cera. A edição desse ano tem um espaço todo dedicado às crianças (por sinal, o espaço mais legal de todos!) e uma programação para atrair os pequeninos. Já o espaço da Juventude Fantástica é bacana e tem palestras com os escritores mais populares do evento: André Vianco, Raphael Draccon, Talita Rebouças, Paula Pimenta e Carolina Munhoz. 

No final da história a Bienal do Livro do Ceará é um evento medíocre, com bons acertos, mas com erros tão grotescos que só indignam os leitores cearenses e os fazem sonhar com a próxima edição.

- elilyan andrade

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