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Ah, Leminski

29.12.13Igraínne


OI, AMORES DA MINHA VIDA! Recentemente (ou não tão recentemente assim) eu me deparei com uma coisa nunca antes vista (ou pelo menos extinta): um livro de poesia na lista dos mais vendidos. Mais do que isso, a maior parte da minha faculdade resolveu ler esse livro, idolatrá-lo, amá-lo, dormir com ele, tomar banho com ele e se casar com ele. Extravagâncias à parte, eu não podia ir até uma outra sala sem me deparar com pelo menos uma pessoa lendo Leminski. Então resolvi tirar a prova por mim mesma. Ele é tudo isso ou não?

Inicialmente, confesso que o que mais me chamava a atenção no livro era, por si só, aquele laranja vibrante. O tipo de livro que clama por atenção nas livrarias Brasil afora. Eu até cheguei a levantar esse assunto com o Paulinho, membro da equipe do CC, e ele me disse que gostaria muito de ler o livro, mas não sabia como escrever uma resenha sobre ele. Confesso que, mesmo já tendo lido, eu também não sei como resenhar. Me perdoem se eu falhar, EU TENTEI.

Na realidade, foi por esse motivo que resolvi transformar esse post numa resenha rebelde (acabo de inventar esse nome, não riam). Sim, o tipo de resenha que pode sim ser uma resenha, mas não se intitula dessa forma, o que me faz ter o benefício da fuga: se ao terminar o post, você não julgá-lo uma resenha, posso dizer a minha chefe que minha intenção não foi escrever uma, ora bolas. Engenhoso (ou não).


De qualquer forma, não foi pra isso que você veio aqui, não é mesmo, lindo leitor? Você veio pra saber a minha opinião sobre esse livro que na verdade é uma coletânea de poemas. E não os poemas de qualquer um, mas poemas do Leminski, o autor da moda, o autor que todos reblogam no tumblr e todo mundo gosta de dizer que está lendo - porque soa cult*. São mais de 300 páginas de loucura sentimental, melancólica e metalinguagem difícil de discernir, muito embora haja momentos em a interpretação soe bem fácil e o enigma do verso pareça óbvio.
*O que me faz imaginar o que mais fazemos só porque "soa cult", mas essa discussão é pra outro dia.

Todos os poemas são separados em determinados grupos, e cada grupo tem sua particularidade. Algumas poesias são curtas, outras longas, algumas em inglês (!) e há até aquelas que parecem biográficas de certa forma. Como se Leminski estivesse numa constante luta contra sua caneta - um objeto que o domina: para quem ele serve e de quem não consegue se libertar. Escrever é um tipo de escravidão, não é?

É o tipo de livro que eu indico para o pessoal do clubinho de escrita e para todo mundo que gosta de poesia. Eu me atraí pelo poema, confesso, porque sempre gostei muito de poetas que são loucos em algum sentido. Mas Leminski não escreve só pra si próprio; enquanto eu lia, eu tinha a sensação de que ele escrevia para escritores, é o tipo de coisa que não é exatamente fácil de encontrar - especialmente porque não acho que ele tenha feito isso de propósito.

Uma amiga chegou a me perguntar qual o poema que eu mais tinha gostado de todo o livro. E eu não soube responder. Tem aquela sensualidade, a metalinguagem e o poema perdido, aquele que não trata de nada em especial. Para vocês terem noção (de como cada um deles pode ser incrível), eu experimentei adotar uma prática que anteriormente me era muito irritante: eu li o livro com inúmeros marcadores ao mesmo tempo. Toda vez que eu encontrava algum poema que me chamava a atenção de forma especial, eu marcava a página. No fim, gastei uns 40 marcadores. E isso foi porque eu me controlei.

Sendo um poeta modernista (apesar de ""só"" ter vindo ao conhecimento da massa na pós-modernidade), ele tinha aquelas características gritantes de tentar ousar, transpassar e inovar. Eu poderia dizer que, apesar de já estarmos em outro século, seus poemas poderiam, em sua genialidade, narrar a minha vida, assim como poderiam narrar a sua ou a de qualquer um que tenha emoção demais pra vomitar.

Às vezes ler o vômito alheio nos faz sentir tão bem quanto se tivéssemos nós mesmos escrito aquelas palavras - ou qualquer outra. Leitura pode ser tão aliviante quanto o lápis e o papel. E tão cansativo quanto, porque, apesar de ser um livro incrível e ter vendido absurdos, ainda assim o "Toda Poesia" tem mais de 300 páginas de versos. Acho que é mais fácil quando você não se cobra, quando você lê em intervalos, sempre com diferentes humores. E acredite em mim: o livro acompanhará o seu estado mental.

Embora isso não seja uma resenha convencional (RISOS), se eu fosse dar uma nota, daria 4,0 conversinhas.

- Livro: Toda Poesia
- Livro Único
- Autor: Paulo Leminski
- Editora: Companhia das Letras
Comprar: SaraivaSubmarinoAmericanas
- No Skoob



E você? Já leu poesia hoje? Gosta? Venha nos contar!


Esse livro foi um oferecimento da nossa parceira, a editora Companhia das Letras. Obrigado!


- Igraínne M. 

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