Alice no país das maravilhas arqueiro

[Resenha] O Nome do Vento, de Patrick Rothfuss

2.5.12Dana Martins

por Dana Martins
- Livro: O Nome do Vento
- A Crônica do Matador do Rei - Livro 1
- Autor: Patrick Rothfuss
- Editora: Arqueiro
- Comprar: Submarino, Fnac, Ponto Frio.
- No skoob
- Continua em: "O Temor do Sábio" e "The Doors of Stone", ainda não lançado lá fora.







Mini-crítica: 
Game of Thrones de um só personagem, Harry Potter no passado, com um grande bardo e até participação especial de uma Alice [no País das Maravilha] dos esgotos. "O Nome do Vento" conta o início da vida de Kvothe, um desses grandes heróis de contos antigos que está perdido em uma pequena hospedaria, escondido enquanto os anos apagam seus feitos. O livro é dividido em três momentos diferentes, em que o personagem vai se definindo. O último e de maior destaque, da Universidade, é onde ele cresce como mago, músico e ainda descobre o amor. Apesar de começar devagar, a escrita bem trabalhada de Patrick Rothfuss compensa. Indicado para qualquer um que goste de histórias medievais que contam sobre a vida da pessoa (no caso, um herói em formação). Mesmo que apresente os seres retirados de algum inferno como qualquer Dragon Age (The Witcher e jogos do tipo), não é tanto para os mais novos*. É mais fácil gostar dos jovens adultos para cima.
*igual aos jogos citados, diga-se de passagem. A diferença é que para o livro a idade vem por causa de uma certa paciência e apreciação necessária para aproveitar, já os jogos é mais por causa da violência e sexo. 

Quer saber mais? Clique abaixo para conferir a resenha completa.

Esse é um dos livros que eu já tinha lido várias resenhas e foi isso que me convenceu a ler. Eu já tinha gostado da capa, mas eu achava que poderia não gostar tanto. Bem, nada do que eu li me deu ideia do que o livro realmente era e vou tentar evitar que vocês se enganem também.

Sinopse:
O livro começa a contar a história de Kvothe. Ele é um desses heróis de histórias contadas antigamente, mas o boca a boca estava desfazendo a sua verdadeira história e ninguém tinha certeza se ele fora um homem bom ou ruim, ou se algo daquilo fora verdade. O que realmente acontecera estava escondido bem fundo dentro do próprio Kvothe, que agora se fazia de um simples hospedeiro chamado Kote e se perdia aos poucos na própria máscara. Ficamos sabendo que ele está escondido, mas pouco é revelado sobre por que o grande herói se transformou naquilo. Entre os dias vazios da hospedaria, uma grande cronista acaba encontrando-o e convence Kvothe de contar sua verdadeira história. "Três dias", ele diz. "É o tempo que a história vai durar". "O Nome do Vento" é sobre o primeiro dia.

O primeiro dia abarca os primeiros anos da vida de Kvothe, até uns 16 anos. Nesse tempo, ele vai de uma grande trupe itinerante para a vida nas ruas de uma cidade cruel, até chegar à Universidade e começar a criar a própria fama.

Análise:
No início, a história vai devagar, mas para o final entra em um ritmo tão bom que chega a ser ruim o fim do livro "Logo agora que eu peguei o ritmo...". Em nenhum momento foi extremamente rápido e viciante, mas a leitura segue um ritmo bom e que tem a ver com o livro. Talvez você só precise de um pouco mais de força de vontade nas primeiras páginas.

Como eu disse, o livro é dividido em partes da vida dele. Três exatamente, que representam momentos diferentes. O primeiro, a parte da trupe, é onde ele começa a treinar simpatias e descobre a existência do "nome do vento", uma espécie de poder de chamar o vento como os grandes heróis das antigas histórias têm. É aí que ficamos sabendo o quanto ele é inteligente, nos desmanchamos diante do amor dos pais dele e o próprio Kvothe fixa seus objetivos.

A segunda parte é a que a atenção cai mais, porque o próprio Kvothe vira uma espécie de animalzinho. Ele não pensa e tudo o que faz é sobreviver à violência e à forme nos becos sujos da cidade. Me lembrou ao livro "A Passagem do Anjo", que também tem uma fase de transição em que o personagem fica na forma animal (lobisomem) e não pensa.

Quando ele finalmente consegue deixar isso para trás, chegamos à terceira parte. Ele não tem dinheiro, não tem nem roupas ou meios, mas quer ir para a Universidade. Ah, e sem falar que ele é novo demais.

Essa parte me lembrou muito a Harry Potter, porque é quase como se ele estivesse em uma escola de magia, precisando lidar com professores que não vão com a cara dele e tendo amigos. Mas não é de um jeito moderno e o universo do livro é mais aberto, já que ele pode ir e vir a vontade sem as regras e o isolamento de Hogwarts. Nessa parte ele está lindando com várias coisas, como o constante perigo de não conseguir pagar o próximo bimestre da Universidade e acabar se afastado dos estudos, a necessidade (e vontade) de avançar mais rápido do que os outros e a busca por criar uma grande imagem em torno de si. Ele ainda arranja tempo para criar um inimigo, ir atrás de uma garota especial e para a música.

Como você pode ver, essa parte é muito mais agitada. É nessa que estão as minhas partes preferidas, como uma em que Kvothe está tocando e você fica até sem fôlego. Estou falando sério, o autor consegue te fazer acompanhar as variações da música e as sensações. E, quando para, você sente muito mais o silêncio a sua volta. Lembro de estar lendo deitada e quando perceber estar sentada já.

Isso, é claro, vem de um dos pontos altos do livro: a escrita. Eu falei na resenha de "O Caderno de Maya" que quando eu comecei me fez lembrar do que realmente era ser escritor. Por acaso, acabei passando para outro que trouxe a mesma ideia. Patrick Rothfuss sabe como lidar com as palavras e transformá-las em sensações e imagens, além de ter um estilo próprio.

Tem duas coisas que eu adorei e quero destacar. A primeira é o romance. O autor consegue fazer uns casais tão legais. Se ele escrevesse um livro de romance seria lindo. Já a segunda são os diálogos, que às vezes são bem naturais e divertidos, principalmente nas conversas entre amigos. Só não coloco aqui porque os meus preferidos são spoilers, infelizmente.

Uma espécie de reclamação

Eu falei que nada tinha me dado uma ideia correta sobre o que o livro é, né? E algo que contribuiu bastante para a ideia errada é a sinopse do verso. O problema dela é que é mais uma sinopse para a trilogia inteira do que para o primeiro livro.
"Pouco a pouco, o passado de Kote vai sendo revelado, assim como sua multifacetada personalidade - notório mago, esmerado ladrão, amante viril, herói salvador, músico magistral, assassino infame."
Quem leu, pode encontrar sentido e até entender, mas a sinopse é feita para quem não leu e isso dá várias ideias erradas. O grande Kvothe ainda está sendo formado, nesse livro nós vemos como ele foi se transformando nisso. Eu também imaginei que ele seria desses com várias mulheres, quase um Jack Sparrow, mas ele está muito mais para um Edward da vida (idoso e virgem).

No início da sinopse também diz "Ninguém sabe ao certo quem é o herói ou o vilão (...) Na realidade, essas duas figuras se encontram em Kote", eu sei que é bonito falar assim, mas novamente dá ideia errada. Parece que é um desses livros que colocaram em destaque a ideia de herói e vilão, tipo Instrumentos Mortais, enquanto isso praticamente não faz a menor diferença.

Eu imaginava que era algo muito mais urbano, enquanto é mais rural. Se preferir, eu associava a Piratas do Caribe, enquanto esbarra em Game of Thrones (a série de TV, os livros eu ainda não pude ler).


Sobre a nota: Eu queria dar um 5, porque o autor é ótimo e a história também, mas não foi aquele livro que atingiu lá no fundo, sabe? Eu criei um carinho enorme pelo Kvothe, adorei a garota e a Universidade, mas faltou aquele "maravilhar". Me falaram que "O Temor do Sábio" é melhor ainda, vamos ver.

Classificação:



(4/5 conversinhas)



O livro foi um oferecimento da nossa parceira, a Arqueiro! Muito obrigada. E eu não sabia, no início do livro vem contando de onde saiu o nome "Arqueiro" e do criador da Sextante. Achei legal. :)




Então é isso, até a próxima!

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3 comentários

  1. Que resenha ótima! Queria ler o livro, mas ainda vou dar um tempo...

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  2. O livro é genial. A principio também achei que não fosse gostar, mas acabou se tornando o meu livro preferido.

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  3. Oi (:

    Resenha incrível, viu? Parabéns!
    Então, fiquei com bastante vontade de ler o livro, já que você diz que a narração é ótima e eu considero isso super importante. E eu também estou buscando alguns livros mais medievais, então acho que seria bem interessante (:
    Espero que eu o ganhe na promoção de aniversário do CC \o/ Se não, vai demorar um pouquinho até eu conseguir lê-lo. Mas assim que o fizer, dou um alou pra você e digo o que achei (: Estou ansioso \o/ Haha.

    Abraços (:

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