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[Resenha] Crueldade, de Scott Bergstrom

22.12.17Dana Martins


Eu comprei esse livro achando que era uma história medieval sobre uma garota guerreira. É isso o que acontece quando você não lê a sinopse, eu acho. Na realidade, Crueldade é sobre uma garota americana filha de um diplomata que, depois que o pai desaparece, não confia que a CIA tá dizendo a verdade e decide ela mesma ir atrás dele. Com isso ela descobre uma rede de espiões e coisas do submundo do crime na Europa, mas principalmente que pra sobreviver, ela precisa se tornar cruel.

Não queria ler nada disso, mas a narrativa em si tava fluindo tão bem que eu fui virando página e página e quando fui ver já queria saber o final. Crueldade tem uma das coisas que eu gosto em leitura: facilidade de ler. Cansada de ficar encontrando livro que parece uma luta, que você tem que ficar se obrigando a acompanhar a história até Chegar Na Parte Boa e aí rolar. Também tava com saudade de ler, então foi bom encontrar um livro assim.

De certo modo, Crueldade parece uma versão atual com uma narrativa mais encorpada dos livros do Sidney Sheldon que eu lia mais nova. Histórias de mulheres que vão parar no fundo do poço e dão a volta por cima virando espiãs/empresárias ou qualquer coisa de ação. Também acho legal em como o livro faz referência a livros de YA atuais, principalmente distopia e claramente Jogos Vorazes, quando a personagem tá na própria jornada de se tornar uma heroína. 

Às vezes eu não achei legal porque o autor é um homem, e aí: meu filho, tu não tinha nem que tá aqui. Quem é você pra criticar história escrita por mulher pra mulher em comparação com a personagem mulher que você escreve??? Mas isso foi pensamento passageiro no meio de todas as páginas.

Outra coisa que é um ponto positivo é que durante a jornada da personagem ela se encontra e se une a diversas mulheres, que mal ou bem se tornam instrutoras e vão expandindo a visão dele de mundo. O livro tem personagens prostitutas, e não chega a discutir, mas questiona o tráfico de mulheres, abuso e condições que acabam vivendo. E mostra isso de um modo que coloca a personagem do lado dessas garotas, não apenas colocando ali de pano de fundo sexualizadas. Também tem personagens gays apesar de, pensando agora, os dois morrerem (trope Bury Your Gays marcando presença). Ao mesmo tempo, achei interessante como esses personagens apareceram. 

Acho que esse livro, de certo modo, é um resultado da discussão sobre diversidade que tem rolado e é uma prova de como prestar atenção já tem impacto em criar uma história que representa muito mais pessoas, porque Crueldade soa um pouco como histórias de espiões e filmes de ação que eu assistia quando era criança, mas não é povoado só com homem branco casca-grossa (vs. homem branco russo casca-grossa).

Então é isso. Foi uma surpresa legal, indico pra qualquer um que quer uma história atual meio YA, meio espiões, boa pra passar o tempo e se divertir. 


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