clube de escrita Dana Martins

Clube de Escrita: Se comparando com os outros

13.8.17Dana Martins


No outro texto eu falei sobre encontrar a sua própria jornada como escritor, mas além de envolver encontrar as dicas que são pra você, também tem a questão de que às vezes a ideia de "o que é ser escritor" dos outros confunde a gente. 

A gente fica aqui vendo gente conseguindo fazer o que a gente não faz, e se pergunta: qual é o meu problema?

Como é que as pessoas estão aí, terminando história, e eu não fiz nada? Como é que essa criança de 17 anos publica esse livro maravilhoso? Como é que Fulano escreve tão bem, e eu pareço que tô carregando um punhado de palavras quebradas? 

Todo mundo fala pra não se comparar com os outros, mas foda-se. É difícil não fazer isso. A gente é afetado por isso. Até o John Green já falou sobre aquele ideal de escritor consumido pela própria doença mental. A Amanda Palmer e o Neil Gaiman falam sobre a Síndrome do Impostor (e a Polícia da Fraude). 

versão dublada: acho que nunca vou conseguir fazer nada igual os outros


Então acho que querendo ou não, de uma forma ou de outra, a gente se envolve com a ideia do que é ser um escritor e se perde entre tentar seguir o caminho dos outros e achar o nosso. (ou se sentir uma merda por não conseguir)

Comigo tem até um caso engraçado: 

Primeiro você tem que saber que eu nunca escrevi um livro. Nem tentei escrever um livro. Eu quero escrever histórias boas - e isso não é necessariamente um livro.

É claro que já imaginei escrever livro, todo mundo que fala de "escrever" já pensa automaticamente "UM LIVRO", como se essa fosse a única opção. A pessoa não tem nem ideia do que vai falar no livro, mas já tá querendo publicar. Só que eu imaginava isso em algum futuro, não agora.

Mas aí, mesmo sem estar escrevendo livro nenhum ou desejar, às vezes eu tenho aquele sentimento: EU DEVERIA ESCREVER. POR QUE EU NÃO TENHO UM LIVRO? QUAL É O MEU PROBLEMA? COMO É QUE EU NÃO TENHO UMA CARREIRA COM 50 LIVROS PUBLICADOS?

Aí eu me pergunto: é isso que eu quero?

Não. Não agora. 

Na verdade, esse ano refletindo sobre a edição de um rascunho foi a primeira vez que eu parei e pensei "pera, isso pode ser um livro." Talvez vire um, talvez não. Mas eu gosto disso - de desenvolver as minhas histórias, deixando elas serem o que quiserem ser, de aprender a criar histórias, de ver as ideias que eu tinha virarem realidade.



E ainda assim, cercada pelas expectativas eu fico confusa. 

artista: QuickHoney


Quando eu paro pra pensar, eu vejo que de certo modo não tenho como fazer diferente. Posso melhorar, tô sempre buscando aprender e ir mais longe. Só que esse ainda é o meu caminho. Eu não posso e não sei ser outra pessoa?? 

É claro que eu queria ser foda, estar aí publicando 50 livros maravilhosos - só que é um querer da mesma maneira que eu queria, sei lá, ser rica ou viajar o mundo. Aquele tipo de coisa boa que melhoraria a nossa vida e pode dar segurança financeira (comparado ao que eu tenho agora, que é nada). Aliás, acho que se eu fosse rica eu não ia publicar livro nenhum, eu ia fazer exatamente o que eu faço agora: que é me dar o meu tempo pra ir no meu próprio caminho e descobrir o que eu quero fazer. 

Nicki Minaj: você não vai me dizer quem eu sou,
eu vou te dizer quem eu sou


Quando eu me afasto dessas expectativas do que eu deveria fazer, eu estou realmente satisfeita e avançando. Na verdade, eu tô satisfeita com a escrita de um jeito que eu não tava há muito tempo e parte disso veio de aprender a respeitar o meu ritmo. 

Então acho que é que eu nem o que eu disse no Batdrama (a minha newsletter, se inscreva clicando aqui) esses dias: 

Aí eu me pego pelos ombros, me faço virar pra mim e me pergunto: você se dedicou hoje?

Resposta: sim

Você tá dando o seu melhor? Isto é, você tá usando o tempo que você consegue, se esforçando, fazendo tudo o que pode sem se destruir (mesmo que às vezes se destrua um pouco também) (e às vezes é só se dedicar por 20 minutos ou uma vez por semana. afinal, é o SEU melhor no momento)? 

Resposta: sim

Então aí dá um beijinho na cabeça e fala "you go, kid". Porque é isso. Você tem que ir em frente, mas o que você pode fazer se já tá fazendo o seu melhor e esse é o seu ritmo? Abraça ele. Dá o beijinho na cabeça e vai.




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