A Garota Ideal CCCultura

Para Quem Gosta de Cinema: A Garota Ideal

28.11.16Taiany Araujo


Dando continuidade a nova coluna do CC, Para Quem Gosta de Cinema, onde a gente vai continuar fazendo o que já fazia aqui, falar sobre cinema, indicar filmes bons e outros nem tanto, xingar diretores...ser um cinéfilo. Falando nisso, me segue lá no  filmow e me dê dicas de filmes pra colocar na minha lista de Quero Ver. Mas voltando ao que interessa, eu vim hoje indicar um filme que já indico pra todo mundo mesmo, que amo, que consegue fazer rir sem tirar toda a sensibilidade dele e que tem um psicólogo que não nos faz sentir vergonha (Deus sabe que esses psicólogos nos filmes são sempre questionáveis). 

Antes de falar sobre o filme em si, devo dizer que eu tive medo, e que quando eu soube (não me lembro quando nem como) sobre esse filme, quis muito assistir, mas algumas pessoas acabaram por me contar o enredo de maneira tão errada que minha vontade escorreu pelo ralo e fiquei com a certeza que a história iria romantizar uma coisa não romântica. Ainda bem que meses depois uma amiga veio perguntar se eu tinha assistido e me deu todos os motivos para vê-lo, porque A Garota Ideal vai além do título meio comedia romântica e da sinopse que não ajuda muito, ele fala sobre saúde mental de uma maneira que nunca tinha visto, e que me encantou.

Primeiramente, tenho que avisar que você não vai reconhecer o Ryan Gosling nesse filme, e depois vai querer ver tudo o que ele fez na vida. Pronto, estão avisados.


Agora, imaginem uma pessoa que não parece muito “normal”, ela trabalha, mora sozinha, se cuida, tem uma aparência “limpa”, uma higiene pessoal ok (toma banho, escova os dentes, essas coisas), paga suas contas etc etc etc. E mesmo assim, ela parece não “bater muito bem das bolas”, não tem amigos e nenhuma vida social, o que você acharia disso? 

Lars and the Real Girl é um filme de 2007 dirigido por Craig Gillespie que aqui no Brasil recebeu o nome de A Garota Ideal (particularmente acho que A garota Real seria um nome muito mais apropriado por causa do contexto psicológico). Nele conhecemos Lars Lindstrom, um homem que vive na garagem do irmão, e está vivendo o melhor que pode. Entretanto, um acontecimento inesperado faz com que Lars resolva apresentar uma namorada ao irmão, tudo seria ok se não houvesse um porém... 



...a namorada é uma boneca inflável.

Gus, irmão mais velho de Lars fica histérico, ele tem certeza que o irmão endoidou de vez e resolve interna-lo, mas é aqui que temos um show de psicologia/psiquiatria.  A psicóloga, macaca velha na profissão, pergunta ao irmão de Lars se ele tem consciência do lugar onde se encontra, se ele consegue ser produtivo, se ele cuida de si próprio e diante das afirmativas, diz que não há nenhum motivo para interná-lo. O homem não apresenta risco nenhum para ele e nem para a sociedade, assim ela aconselha a família a não questionar a realidade do Lars, explicando que se a Bianca (o nome que ele dá para a boneca) é real para ele, ela é real e pronto.*

*Não lembro se no filme eles chegam a usar essas palavras, mas tá claro que o Lars abriu um surto psicológico, e negar a realidade da pessoa que está em surto não faz ela parar e concordar com você, muito pelo contrario. A melhor forma de ajudar seria fazer com que a pessoa fique estável e consiga ter uma rotina, se o delírio dela faz com que isso seja possível, usa-se o delírio. No tempo dela, esse delírio vai começar a ser trabalhado, forçar uma reestruturação da realidade não vai ajudar em nada.


Acho que com isso já dá pra ter uma ideia de quão profundo seja filme, e apesar de apresentar as coisas com um aspecto que simule o cômico, a verdade é que ficamos sensibilizados pela história.  A atuação de Gosling é uma obra a parte, permitindo-nos ficar íntimos de Lars como se o conhecêssemos. Não é pra menos que ele levou Globo de Ouro por esse papel. 

Um das coisas que mais gostei no filme, além do papel da psicologia, é a forma como o delírio é tratado (forma essa que aprendi na faculdade e nunca tinha visto em filmes): apesar de irreal, todos na cidade resolveram ajudar/apoiar o Lars e tomaram a verdade dele como verdade. É engraçado como a vida imita a arte e vice e versa, todos os envolvidos no filme ajudaram Gosling em sua interpretação. Para o ator se sentir mais confortável ao atuar ao lado de uma boneca, Bianca era tratada como uma pessoa de verdade no set de filmagem. Ela tinha até um camarim q 

A fotografia, as atuações, todo o filme é muito bem feito e sensível, e o desfecho é uma coisa tão sensacional que fiquei sem palavras. E apesar da carga dramática, é divertidíssimo ver a Bianca tendo vida social, trabalhando, fazendo amigos, por fim, ajudando o Lars a se questionar.

Se você estiver atrás de um filme sensível, que pode te render umas gargalhadas e muito provavelmente lágrimas, mas que no final vai te deixar com um sorriso bobo no rosto, esse é seu filme. 


Obs: Para quem quer ver e não sabe como, se liga que tem ele completo no youtube.

AMO ESSE FILME E IREI DEFENDE-LO

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2 comentários

  1. Vi sua resenha no filmow e fiquei super curioso para terminar de ler. ótima analise do filme. Parabéns

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