Ariel Carvalho CCIndicação

Notas Brasileiras #13 - Séculos Apaixonados

24.8.16Ariel Carvalho


Conheci a Séculos Apaixonados de um jeito muito inusitado.

Todo mundo que passe um dia comigo fica sabendo que eu sou absurdamente fã da banda Baleia. No ano passado, eles deram uma entrevista linda para a Hyena Tapes, e um dos tópicos era se os integrantes tinham ou não outras bandas. Eis que João Pessanha, o baterista, solta uma pérola fantástica: "tem a Baleia e a Séculos Apaixonados, que é uma banda mais para quem transa chorando". Eu amei tanto a frase que incorporei ao meu dia a dia, fiz uma playlist, compartilhei com os amigos...

E é claro que fui ouvir a tal banda, né?

A Séculos Apaixonados tem um som muito diferente do habitual. É uma banda muito autêntica, muito original, muito doida. Numa matéria recente, disseram que a banda tem um quê de "karaokê de tiozão". Eu ri, mas é verdade. Ela é sim o tipo de banda que os amigos falam "caraca, olha essa banda esquisita que a Ariel gosta". E eu gosto para caramba.

O primeiro álbum da banda, Roupa Linda, Figura Fantasmagórica, tem faixas com títulos engraçados e deliciosas de ouvir.

Eles estão em processo de lançamento do segundo álbum, chamado de Ministério do Coração (um título bem amor, se vocês me permitem opinar), e acabaram de lançar o primeiro single desse novo trabalho, o Origem das Espécies.


Onde ouvir? https://soundcloud.com/seculos-apaixonados

O que ouvir? Só no Masoquismo, Ralenti as Baterias do Coração, Peixe Paixão.


***

Como você definiria sua música para alguém que nunca ouviu?
No momento: Música feita para estádios e arenas com capacidade para 30 pessoas.

Dentre as suas músicas, qual sua favorita?
A posição é flexível. Do primeiro disco a minha favorita sempre foi Refletir é Inutil. Do novo disco as atuais favoritas são Disfarçando Riquezas na Triagem e Medo da Cidade Quando Chove, mas isso vai mudar com certeza em dois dias.


Como a banda se juntou?
Todos nós já tínhamos tocado brevemente juntos um-com-o-outro em outras bandas e projetos antes, a formação do Séculos acabou sendo uma síntese disso tudo, quando formamos a banda no final de 2013.

Como foi o processo de definir a sua identidade sonora?
Pra ser sincero, nós fazemos o máximo possível para escapar de uma "identidade sonora". Apesar de nós termos alguma noção do caminho que uma música ou canção toma, eu acho que invariavelmente a música que fizermos vai sair de um jeito bem nosso, especialmente pelo fato de cada um de nós ter suas limitações enquanto compositores, então não tem porque premeditar uma identidade. Pra mim, essas coisas vêm mais da forma em como o processo de composição de uma tal canção é tomado do que um planejamento prévio em como fazer tal música. Acho que foram pouquíssimas as músicas que fizemos que a gente achava que iam sair do jeito esperado. 

Qual você acha que é a maior dificuldade do cenário musical brasileiro atualmente?
A maior dificuldade é os músicos aceitarem que música não é uma carreira e nem possui o mesmo impacto social e artístico que possuía antigamente, logo a ideia da "carreira" e do "artista" basicamente se esfarelaram. Não estou falando que eu não tenha isso, ainda sou incrivelmente ansioso em relação a fazer música. Sempre teve, sempre tem e sempre terá excelente música sendo feita, mas hoje em dia os meios são atomizados e ela (a música) é muito mais amigável a quem consome do que a quem faz. Cabe a nós entender que a demanda é mínima mas a paixão em fazer música continua intacta. É quase como se para fazer música saudavelmente você precisasse achar um valor que te satisfaz completamente, e ser independente é imprescindível.

Uma banda nacional que você acha que todos deveriam ouvir?
Existem diversas bandas e artistas bacanas, mas se for para escolher um, eu gostaria de exaltar o Rakta. O show que elas fizeram no SESC Pompeia em junho deste ano foi uma das coisas mais impactantes que eu já vi.

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