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[Resenha] Fique onde está e então corra, de John Boyne

29.7.14Unknown

por Paulo V. Santana

- Livro: Fique onde está e então corra
Autor: John Boyne
- Editora: Seguinte

Leia também: "Tormento"









Minicrítica ~ Resumo:
O novo romance infanto-juvenil de John Boyne apresenta mais uma história muito tocante, dessa vez ambientada em Londres no período da Primeira Guerra Mundial. Alfie levava uma vida feliz e viu tudo mudar dos cinco aos nove anos. O pai se alistou no exército, a mãe trabalha o dia inteiro e sustenta a casa com muita dificuldade e, tentando ajudar, o menino se tornou engraxate. Seu maior desejo era que tudo fosse como antes, o que parece impossível quando se passa por uma grande guerra.

Quando estiver lendo, prepare-se para a emoção. Preferia que o próprio Alfie narrasse a história, mas o narrador observador não tira o mérito do romance. Cada um dos personagens é bem escrito e representam algo naquela situação, o que é muito interessante de analisar. O livro pode até ser vendido para o público mais jovem, mas emociona qualquer um. 

Quer saber mais? É só clicar aqui embaixo pra ver a resenha completa!


Ilustração do Oliver Jeffers,
"O autor e seu cachorro".
Depois de ler três romances do John Boyne, posso afirmar com certeza: ele sabe como criar uma história tocante. O mais recente infanto-juvenil do escritor segue a mesma proposta que vimos em “Tormento”: um jovem garoto que levava uma vida feliz até um evento indesejável transformar tudo precisa encontrar um jeito de retomar a normalidade. Não espere que esse livro seja apenas a reutilização de uma velha fórmula, “Fique onde está e então corra” é uma história capaz de emocionar qualquer um.

Sinopse: No aniversário de 5 anos de Alfie Summerfield, a comemoração foi diferente. Apenas os mais próximos compareceram e, mesmo com as brincadeiras típicas de uma festa infantil, o clima estava estranho. O motivo? Era 28 de julho de 1918, o início da Primeira Guerra Mundial.

Diziam que a guerra acabaria até o Natal, mas desde então quatro anos se passaram e ela continua. Nesse meio tempo, a vida de todos mudou. O pai de Alfie, Georgie, se juntou ao exército pouco tempo depois do aniversário do filho, enquanto Margie, a mãe, passou a se dividir em várias funções para tentar manter a casa em pé. O que Alfie mais deseja é que as coisas voltem a ser como antes, porém, parece que isso nunca vai acontecer. A solução é esperar e encontrar uma forma de sobreviver, afinal, cada um deve “fazer a sua parte”.


O que achei? 

Logo que comecei a ler, estranhei a narração em terceira pessoa. Já comentei aqui no blog o quanto eu gosto de histórias narradas por crianças e esse era um dos motivos que me deixou ansioso para esse livro. A frustração foi inevitável, mas não é algo que prejudica o desenvolvimento do romance. Esse momento de decepção ainda coincidiu com a parte da trama que considero mais arrastada, o que gerou um começo desanimador. No entanto, depois das cinquenta páginas iniciais, só tenho elogios a fazer.

O John Boyne sempre acerta na construção de personagens, todos são bons objetos de análise. Cada um reage de uma forma diante da guerra e é interessante observar o que essas figuras representam nessa situação. O pai é o homem que acredita que deve dar a vida pelo seu país; a mãe trabalha o máximo que pode para sustentar a família (e recusa a ajuda da sogra, o que seria perder a dignidade em sua opinião); Joe Patience, o vizinho que já foi muito próximo dos Summerfield, tem ideais esquerdistas e se recusa a matar outras pessoas em batalhas; além da melhor amiga do Alfie, Kalena, e seu pai, que têm origens estrangeiras e foram levados de Londres por serem “ameaças”.

Há vários outros personagens relevantes e, no meio disso tudo, temos o próprio Alfie, que me encantou pela sua ingênua sinceridade e seu vigor. Com nove anos, ele não leva mais a vida confortável de antes e seu maior desejo é que as coisas sejam como elas eram. Estar “perigosamente perto da miséria”, por mais que o entristeça, não causa desmotivação. Diante das dificuldades, Alfie toma atitudes que acredita serem as corretas. Quando vê sua mãe exausta com tanto trabalho e ainda ganhando pouco, por exemplo, o menino se torna engraxate. Seu empenho em retornar à vida anterior é tão grande que ele não exita em tentar trazer o seu pai de volta para casa diante de uma chance, sem temer as dificuldades.

As sequências envolvendo Alfie e seu pai foram as que mais me tocaram. Histórias envolvendo guerras costumam sensibilizar principalmente por conta das mortes, mas não há nenhuma baixa em “Fique onde está e então corra”. Aqui, nós conhecemos os que continuaram vivos e sofrem como se estivessem mortos. Aliás, o próprio título ganha significado no desenrolar da trama, não comentarei porque é melhor descobrir lendo.

Outro aspecto importante é que o escritor insere com cuidado pequenos detalhes que, silenciosamente, realizam uma crítica e propõe discussão. Um deles é o desejo de Kalena em ser primeira-ministra quando crescer, sonho este que é sempre respondido por adultos como um “não, ela que ser a esposa do primeiro-ministro”. O já mencionado Joe Patience é outro personagem que eu gosto muito, recomendo prestar atenção nele.

Por fim, o meu maior medo era encarar um final triste como o de “O Menino do Pijama Listrado” e cheguei até a imaginar os piores desfechos possíveis. É claro que não vou revelar o que acontece, mas aqui fica um aviso: apesar das dificuldades no caminho, tudo termina bem.


Nota:
(4/5 conversinhas)



O livro foi cedido pela Seguinte, o selo jovem da Companhia das Letras.

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3 comentários

  1. Fiquei com vontade de ler esse livro (: O único que li dele foi O Menino do Pijama Listrado e que gostei muito, apesar de ter lido quando pequena.

    http://prefirobsides.blogspot.com.br/

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  2. Esse livro é maravilhoso. Na minha escola adotaremos para trabalharmos com as turmas do 9º ano.

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  3. Que livro lindo . Amanhã vou ter uma verificação de leitura

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