a passagem arqueiro

[Resenha] Os Doze, de Justin Cronin

15.3.14Dana Martins

por Dana Martins

- Livro: Os Doze
- Trilogia: A Passagem
- Anterior: A Passagem
- Próximo: The City of Mirrors, ainda não lançado, previsão 2014
- Autor: Justin Cronin
- Editora: Arqueiro






Minicrítica ~ Resumo:
"Os Doze" é como se você lesse diversos contos ao mesmo tempo, passando por um futuro pós-apocalíptico, uma pequena distopia e o próprio apocalipse. Tudo isso em uma transição da humanidade pelo apocalipse e várias referências bíblicas. Você vai encontrar:

Há refino de petróleo, desastres na plantação, pessoas tratadas como números com placas parafusadas no braço, ringues onde pessoas lutam contra vampiros, burocracia de um país deixando a vida das pessoas em risco, mercado ilegal de uma cidade de refugiados, uma mulher misteriosa que faz pessoas desaparecerem, um adulto com cérebro de menino que dirige um ônibus escolar no apocalipse, uma garota independente de cabelos coloridos que cuida do irmãozinho, um homem sem perna que serviu no Oriente Médio, uma mulher que ignora a realidade, uma outra mulher que não sabe se é um monstro ou humana, vampiros suicidas e muuuito mais.

Assim como o primeiro, "Os Doze" é o tipo de livro que você vai precisar sentar e passar um tempo lendo até pegar o ritmo, mas que no final vai ter valido a pena. Eu adorei e já espero o próximo. 

Para saber mais um pouco e o que esperar dos personagens que conhecemos em "A Passagem", leia a resenha completa.


A capa menos legal do 1º livro
No início do ano passado eu trouxe para o CC a minha resenha de A Passagem, o primeiro livro. Uma resenha que eu fiz pela primeira vez há 4 anos. Aliás, isso aqui deveria ser algum tipo de comemoração, já que foi a primeira resenha de livro que eu fiz na vida! HUAHAA Mas vamos parar com a conversa, vamos falar o que eu achei desse...

O que acontece nesse?
Em Os Doze vemos Peter continuar sua busca às dozes cobaias principais para livrar o país dos virais, mas localiza-las tem sido uma tarefa difícil e seu destacamento nos Expedicionários - o exército do novo país criado por sobreviventes - corre risco de ser dispersado. Peter, o herói sonhador da Colônia que cruzou um Estados Unidos devastado, está a um passo de ser abandonado em uma rotina sem significado. Ele não consegue aceitar esse destino enquanto problemas maiores estão gritando do lado de fora dos muros. O que ele vai fazer quando não parece haver soluções?

Paralelamente, Amy e Alicia estão envolvidas em suas caçadas individuais e vários outros personagens vão se juntando à trama. E, como Os Doze segue a mesma estrutura de A Passagem, nós só chegamos até esse momento depois da primeira parte: pequenas histórias que parecem aleatórias como contos pós-apocalípticos, mas que são um contexto essencial para entender o futuro.

O que achei? 

Dessa vez não foi exatamente legal ler a história com essa estrutura. Acho até que isso é o que impede muita gente de gostar de A Passagem, é muita oportunidade pra parar de ler, demora muito pra pegar no ritmo. O primeiro eu li quando estava sozinha em uma casa sem nada. Dessa vez eu li num mês com muuuita coisa, então já parava na primeira pausa. As primeiras 200 páginas foram uma maratona irritante, enquanto o resto acabei praticamente em uma noite.

Só pra piorar, o tempo entre o primeiro e o segundo livro foi GIGANTE. Então eu tinha que ficar forçando a memória e na dúvida se eu não estava esquecendo de algo importante. Uma pena. Então aconselho esperar pra ler junto ou reler o primeiro. E a história ainda tem continuação, ou seja... 

Na primeira vez é genial, na segunda vez é só repetição? Mais ou menos isso. Eu continuo adorando o livro, mas acho que o autor poderia ter pensado mais na forma que conta a história. É quase que como se ele pegasse o mesmo molde, só muda o sabor.

De resto eu gostei bastante, Amy retorna como uma mulher em corpo de criança que está passando por algum tipo de transformação, Alicia está tendo que lidar com seu novo ~estado~ (Spoiler do primeiro: agora ela é uma viral), mas elas nem são as que mais se destacam. Eu adorei conhecer a vida de Michael que retorna nesse como um petroleiro, que me lembrou à 002 do conto "Um jogo difícil."

Mapa! Dessa vez conhecemos mais do território ocupado pelos sobreviventes

O que eu mais gostei?

A narrativa de várias perspectivas e as diferenças nos ambientes fazem com que o livro pareça um monte de mini-contos de ficção científica entrelaçados. E daí? E daí que o autor pode desenvolver várias coisas MUITO legais que seriam chatas ou não dariam pano na manga para um livro completo.

Por exemplo, na primeira parte (logo no início do apocalipse), a minha preferida é a da Lila. Ela tem um problema que o cérebro dela arranja uma explicação plausível para todas as coisas anormais - e está TUDO ficando fora de controle. Então chega ao ponto dela ver corpos despedaçados na rua ou carros virados na estrada e reclamar, como se fosse só um problema do trânsito comum que ninguém resolve. Às vezes isso é meio chato e você quer dar um tapa na cara dela. MAS causa um conflito genial: A Lila é uma pessoa boa, não quer fazer mal a ninguém, só que esse desespero inconsciente por proteção contra a realidade faz a personagem ser realmente má em alguns casos. Isso dava, sozinho, uma grande discussão.

E a parte da fazenda...
Também tem uma parte distópica, que fica tão diferente do resto que parece até outro livro (no início até me irritou porque é bem na parte que o resto tá pegando ritmo). Ela é protagonizada pela Sara, personagem já de A Passagem que eu não gostava muito e que nesse eu simpatizei mais, mas o foco está todo no mundo opressor que não faz o menor sentido no início. Policiais que abusam, trabalho escravo e as pessoas são tratadas como animais (literalmente, o que é muito legal). Tem até uma resistência, que fica mais legal ainda porque a Sara não faz ideia de quem sejam, então você observa os ataques dos rebeldes não como um deles ou como o chefão, mas como alguém oprimido. Sérgio vive!

Sobre a nota: Eu poderia dar 5, mas todos os cortes e mudanças realmente me irritaram enquanto eu lia. Cheguei até a despejar tudo em cima do Diego em uma conversa. Depois tudo ficou lindo e maravilhoso, mas ainda acho que o autor poderia ter feito de forma melhor.

Nota:
(4,5/5 conversinhas)


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