As Virgens Suicidas CCFilmes

Por que amar: Sofia Coppola

2.10.13Anônimo


Olá, ConversaCult, meu nome é Diego e eu estou escrevendo esse texto por que a Dana é muito má pra estrear oficialmente por aqui. Minha mente é uma rodovia sub-espacial movimentada, meu primeiro amor não era humano nem nunca existiu e eu chorei com o ultimo episodio de Glee. Por hora, isso é informação suficiente sobre mim. Hoje vou falar de Sofia Coppola.

Essa linda aqui, ó.

Minha paixão por ela começou em 1999, quando lançou As Virgens Suicidas. O filme, inspirado no livro homônimo de Jeffrey Eugenides, conta a história das irmãs Lisbon, cinco meninas louras que causavam fascínio por todos os rapazes da redondeza. É uma história triste, mas muito bonita. Como o título indica, nem todas elas chegam até o final da história. 

O filme possui uma miríade de nuances deliciosa de ser apreciada. Sofia é famosa por contar histórias através dos detalhes, o que a fez perfeita para essa adaptação. Ela soube reconhecer que mesmo aspectos mínimos do livro, como a mania de uma das irmãs de escrever o nome do menino amado nas suas calcinhas ou a noticia que estava passando na televisão em uma determinada cena são fundamentais para a construção da história. Um filme de Coppola nunca se resume a personagens e diálogos. A obra deve ser enxergada como um todo, edição, fotografia, cenário, iluminação, figurino e uma trilha sonora geralmente espetacular. Tudo é intencional e escolhido a dedo.


Exemplo claro disso é o outro grande filme de sua carreira, Maria Antonieta, que além de trazer Kirsten Dunst como protagonista pela segunda vez, tem toda essa riqueza de detalhes. A biografia romantizada da famosa rainha francesa foi muito popular na época de seu lançamento por trazer uma trilha sonora inusitada, com sons condizentes com a época retratada misturados com rock moderno. Esse tipo de subversão do gênero demonstra que sua intenção não é a fidelidade histórica, mas sim o retrato da psiquê da personagem. Maria Antonieta é apresentada como qualquer adolescente do mundo, deslumbrada por uma vida de excessos da qual desconhece o preço.

Outra amostra disso é a icônica cena em que podemos ver um All Star entre os pertences da rainha. Como eu disse, são histórias construídas de detalhes - que te obrigam a pensar no que eles significam. Um filme de Sofia é um que vale a pena ver de novo para observar o figurino, procurar detalhes, apreciar a música. Não é um mero tira gosto para passar o tempo, mas um festim para os sentidos.


Esse tratamento que dá aos filmes vêm de uma vida das mais plurais, cheia de tentativas e erros. Sofia nasceu em berço de ouro, criativa e monetariamente falando. Era só questão de tempo até ela encontrar seu caminho neste meio. Sua mãe, uma artista. Seu pai, um diretor consagrado. Aos quinze, estagiava na Channel. Abandonou a faculdade de artes plásticas. Não vingou como modelo. Lançou uma linha de roupas, que faz sucesso no Japão. Atuou em uma duzia de filmes (todos do pai) e já até participou de Star Wars, mas sempre recebeu muitas criticas e foi premiada pior atriz coadjuvante por sua atuação em Poderoso Chefão 3. Por sorte, Sofia eventualmente se arriscou no oficio do pai e acabou descobrindo que a maçã nunca cai longe da árvore.

Como toda a diretora, há um estilo marcado. Seus temas são de solidão e desolamento. Ela não se fixa a um único gênero, mas essa nota acompanha todo o seu trabalho. As meninas isoladas em sua casa (As Virgens suicidas), o homem deslocado na vida, no amor e no mundo (Encontros e desencontros), o ator em crise existencial (Um lugar qualquer), a rainha, rodeada de mimos, mas vazia de perspectiva (Maria Antonieta), os adolescentes que apelam pro roubo na falta de algo mais significativo na vida (Bling Ring). 

Cada um de seus filmes é uma faceta da solidão, hora pautada no isolamento físico, hora pautada na dificuldade de se relacionar, mas sempre rico em reflexão. Isso torna a obra dela realmente incrível quando vista como um todo, e quase torna perdoável a demora entre seus lançamentos. Esse é seu gênero, acima de tudo.


Espero ter atiçado a curiosidade de vocês pro trabalho dessa poetiza moderna. Mesmo quem já viu um filme dela vai sempre descobrir coisas novas, vão lá!

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6 comentários

  1. "acabou descobrindo que a maçã nunca cai longe da árvore."
    Feels.

    Também gostei muito, agora é assistir (:

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  2. Como assim você não deu destaque para Encontros e Desencontros? É simplesmente o melhor filme dela!

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    Respostas
    1. E eu nunca tinha reparado o lance do tênis, que é super interessante, a fotografia dos filmes dela são sempre lindas demais. O que eu mais gosto em Encontros e Desencontros é juntamente esse deslocamento, essa sensação de não pertencer que a gente tem quando chega num lugar estranho, e que todos já sentimos pelo menos uma vez na vida.

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