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A Verdade Por Trás do NaNoWriMo: por que você não conseguiu vencer o desafio

17.4.13ConversaCult


Olá, caro leitor, que é interessado por escrita ou está a meio caminho do Camp NaNoWriMo vivendo o desespero. Estamos juntos nessa! E é por isso que hoje eu venho com um post sobre uma das minhas maiores descobertas no mundo da escrita: a edição. Ela é a infeliz que está te atrapalhando. É por causa dela que você olha para o papel em branco. Vamos explicar melhor...

Em novembro durante o último NaNoWriMo faltou revelar um segredo sobre a escrita. Algo que, para falar a verdade, nem eu sabia muito bem. O quê?

Escrever é um processo dividido em partes. 

Na verdade, eu não tinha nem essa percepção até semana passada quando a Giulia (beijo para os lindos do grupo do Clube de Escrita!!!) dividir com a gente um vídeo sobre bloqueio criativo que cita as partes da escrita. Eu sabia que existia um planejamento, sabia que existia o brainstorm da escrita e tinha acabado de descobrir a mágica por trás da edição. E é dela que eu vou falar hoje. 

(caso alguém queira ver sobre as etapas)

Como assim mágica? 

Parece bobeira, mas na edição é onde as coisas REALMENTE acontecem. Infelizmente nem todos sobrevivem para ver. Vou contar a minha última experiência com edição para dar ideia.

Eu decidi escrever um conto (lembra que eu falei aqui?), que tem por volta de 5.000 palavras. Isso é menos do que você faz em uma semana de NaNoWriMo! Beleza, fácil. Vou começar a escrever...

Quando eu vi, meu arquivo no word estava com mais de 30.000 palavras e eu ainda não tinha o desenvolvimento e o final escritos. Agora a parte mais divertida: a versão final tem 5.000 palavras.

QUÊ?

Sim, eu joguei "fora" pelo menos 25 mil palavras escritas da história. E sabe de uma coisa? Não sinto como se tivesse sido nenhum desperdício ou tivesse ficado incompleto. Pelo contrário, as minhas 5 mil palavras finais contam mais a minha história do que as 30 mil juntas. Mas eu não teria chegado nelas se não tivesse escrito tudo aquilo.

esteja preparado para jogar palavras fora: e jogar fora significa apenas não ser publicado/divulgado. todo o lixo que você escreveu é muito importante para você.
O problema é que quando a gente não sabe o poder que a edição tem, a gente mistura essa parte com a hora de colocar no papel e aí é um inferno. Você fica criticando e não deixa a história rolar. E se uma coisa que fazer 50 mil no NaNoWriMo me ensinou foi que a história acontece sozinha. Você tem um controle básico, mas conforme vai escrevendo ela se desenvolve por conta própria. Começar a criticar antes da hora vai bloquear totalmente essa naturalidade.

Não confunda editar com revisar (isso é mais depois ainda). Você não tem que escrever o texto completo e depois caçar palavras escritas erradas. Você tem que escrever TUDO o que vier na sua cabeça (faça um planejamento se preferir, faça como quiser) sem medo de estar errado. Se você tiver a ideia de um alienígena no meio da sua fantasia medieval, coloque isso. "Ah, mas não faz sentido..." - essa é a sua voz de edição se metendo onde não deve, deixa o coitado do alienígena onde ele apareceu. Não precisa se preocupar com pesquisa, não precisa se preocupar com a verdade, não precisa se preocupar com nada. "Ah, mas eu não sei como a pessoa fica com gripe e..." Que se dane, inventa os sintomas. Inventa um nome de um remédio. Essa primeira parte de escrever é isso: inventa. 

Agora a sacada dessa magia: Mais tarde, quando for editar, você pode achar que está ruim e querer mudar. Mas não corre o risco de não conseguir escrever, porque você JÁ escreveu tudo aquilo. Mágico, não é?

"Aqueles que não acreditam em mágica nunca vão encontra-la"

E quando eu digo que tudo acontece nessa edição, tudo acontece mesmo. Personagens desaparecem, outros surgem, cenas gigantes viram um parágrafo e partes inexistentes ganham vida. Aliás, seus personagens mesmo podem mudar. No início desse conto eu tinha a história do personagem e ele era todo de um jeito, no final da edição ele havia mudado e ao mesmo tempo era mais o que eu queria. 

Curiosidade: não adianta insistir que você não conhece os seus personagens. Até você começar a escrever, você não sabe quem eles são então, naturalmente, no início eles não vão ser quem você quer. Você precisa conhecer mais e mais os seus personagens até ganhar a autonomia para retrata-los bem. E como você faz isso? Escrevendo.

Uma das coisas que a edição me ensinou é que um texto não é pedra. Quer dizer, o que você escreveu inicialmente é uma pedra, é a matéria-prima que você mesmo precisa reunir. Mas não passa disso: uma pedra dura e feia. Só depois começa o trabalho artesanal de esculpir em algo melhor e mais perfeito.

Resumindo o texto em português: "Eu gostaria que alguém tivesse me dito isso..." Todo mundo que faz algum trabalho criativo tem bom gosto, e o problema disso é que quando a gente faz algo ruim a gente percebe. Muitos desistem no meio do caminho porque se acham uma droga. A verdade é que no início ("os primeiros anos") é bem capaz de estar ruim mesmo. Mas o que você tem que fazer é trabalhar muito para desenvolver ("crie uma meta, termine uma história toda semana") até o seu trabalho ficar tão bom quanto as suas ambições.

A verdade por trás do NaNoWriMo é que ele te ajuda a criar esse material. É um trabalho braçal de juntar num arquivo todas aquelas palavras que você vai usar para construir depois. E ele te dá isso dentro de um mês. Tudo o que você precisa fazer é continuar em frente independente do que aconteça. Só para dar um exemplo: eu estou com tanto sono que estava dormindo sem me dar conta enquanto escrevia isso aqui, mas eu escolhi ignorar E me aproveitar disso para dar um exemplo. Aliás, ainda tem muito mais o que escrever hoje! E uma coisa é certa: eu vou escrever.

[e nunca acredite que você é um caso perdido, levei anos para chegar a essa determinação - e continuo lutando para conseguir, o importante é não desistir]

-dana martins

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8 comentários

  1. Gente, adorei esse post! Eu escrevo, mas até hoje só me aventurei no campo dos contos. E sabe por quê? Porque sempre fico na "noia" (nossa ainda se fala isso?) de planejar a trama, personagens, tudo, e aí nunca consigo, de fato, escrever. Esse post me deu uma espécie de luz, uma segurança maior de escrever sem me importar, e deixar minha própria edição para o depois, e não no durante, ou mesmo no antes, como eu venho fazendo até hoje. Para você ter uma ideia, meu "projeto" de escrever um romance nasceu em 2010, e até hoje não escrevi um único parágrafo... Mas vou me dedicar com mais afinco a esse projeto, virou questão de honra já hehehe.

    Bjo, Livro Lab

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  2. Graciliano Ramos já dizia que escrever é cortar.

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  3. Dana, sua linda! Que post perfeito!!! Acabei de descobrir mais uma coisa que tava me travando (talvez eu já sabia disso, mas caiu mais a ficha): minha personagem estava se tornando algo que eu nao queria (eles criam vida própria, né?!) Isso me travou MUITO. E agora eu nem sei mais quem ela é, o que ela quer e etc. E só vou descobrir escrevendo, eu sei. Mas to c mt trauma dela. Sério. Tem uma semana e meia q to travadona por culpa dela. u.u Vou voltar e planejar a primeira história mesmo... E inventar o que for preciso p minhas ideias terem sentido, haha. Preciso vencer esse editor interno. D: rs
    Acho que o NaNo serve pra acelerar/impulsionar o processo de escrever o lixo. Ai dps a gnt recicla. Haha. ;P
    Ahh, espalhei os post-its pelo meu quarto. Dps (fds) coloco fotos lá no grupo. *-* hihi.

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  4. Owwwwn, olha eu ali *-------* KKKKKKKKKKKKKKKK
    Ahhh, precisava disso. Faz dias que ando meio travada e nada sai - nem direito, nem na forma de lixo. Mas eu sei que se continuar desse jeito não acabo nunca - nem alcanço a meta do camp a tempo - então é melhor apostar pro lado do lixo e simplesmente fazer. Tipo, Just Do It.

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  5. Dana tem bola de cristal? Esse post era exatamente o que eu precisava ouvir. Tenho vários projetos em mente mas fico me boicotando por colocar o pensamento de edição na frente do pensamento de criação. Já estaca até desistindo de algumas coisas, mas há algumas semanas estou retomando tudo.
    Outra coisa que tem me ajudado nessa retomada, principalmente eu que tenho a mania de escrever as ideias a mão primeiro, foi criar um diário de bordo para a história que eu estiver escrevendo onde além de colocar minhas ideias ainda coloco algumas fotos referenciais sobre o que estou querendo falar. Não sei, acho que pode ser uma dica para aqueles que estão com a criatividade meio travada.

    Bjoss

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  6. Dana tem bola de cristal? Esse post era exatamente o que eu precisava ouvir. Tenho vários projetos em mente mas fico me boicotando por colocar o pensamento de edição na frente do pensamento de criação. Já estaca até desistindo de algumas coisas, mas há algumas semanas estou retomando tudo.
    Outra coisa que tem me ajudado nessa retomada, principalmente eu que tenho a mania de escrever as ideias a mão primeiro, foi criar um diário de bordo para a história que eu estiver escrevendo onde além de colocar minhas ideias ainda coloco algumas fotos referenciais sobre o que estou querendo falar. Não sei, acho que pode ser uma dica para aqueles que estão com a criatividade meio travada.

    Bjoss

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    Respostas
    1. Oh não, você descobriu o meu segredo! HUAHUAH Mas é. Acho que esse é um problema que todo mundo passa. Na verdade, me dei conta de que nós não somos ensinados a escrever direito na escola. (tanto que muita gente termina e não sabe escrever direito - estou falando REALMENTE escrever) E me dei conta de que o rascunho que indicam a fazer antes da redação é justamente isso: dividir a parte da escrita com a da edição. Mas ninguém nunca me explicou, se é que os próprios professores sabem.

      Isso é MUITO válido. Eu faço isso pra tudo, qualquer trabalho criativo. Não saio de casa sem papel, tenho uma galeria no We Heart It. Esse apoio extra ajuda a visualizar mais com o que você está lidando. Aliás, to planejando falar disso aqui!

      Mari, se você ler isso, manda um tweet pra @conversacult ou um email pra conversacult@gmail.com, que eu quero falar com você. (:

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