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The Sims e meu lugar feliz

21.4.17Eduardo Ferreira


The Sims sempre foi uma franquia que fez parte da minha vida. Ainda lembro, lá em 2001, quando meus primos me apresentaram o jogo. Lembro também de toda a saga para fazer a bendita cópia pirata do The Sims 1 funcionar. E mais ainda da excruciante saga de conseguir instalar mais de uma expansão do jogo no meu PC Pentium 2 com 256mb de memoria RAM.

Missão impossível

Por muitos anos The Sims 1 e a sua expansão O Bicho vai Pegar foram responsáveis pelas minhas horas de diversão na frente de um computador. Foi ali que eu comecei as minhas primeiras histórias; foi ali que, ainda uma criança de 6-7 anos, descobri que o trabalho deixa as pessoas tensas e que se elas não se divertirem elas não podem fazer nada que demande o mínimo esforço mental; foi ali que eu aprendi que se você beijar muito seu/sua parceira/o vai te perguntar se vocês deveriam ter um bebê e um berço aparecerá magicamente na sua casa.

Deveríamos ter uma bebê?

Foi ali que eu aprendi o que as crianças de hoje nunca saberão o real segredo da vida:

klapaucius !;!;!;!;!;!;!;!;!;!;!;!;!;!;1

(tinha que colocar o 1 porque dava erro aí não precisava digitar tudo de novo e era só apertar enter infinitamente e ficar rico)

Foi ali que eu conheci as melhores músicas da minha vida

The Sims 1 foi de extrema importância para mim. Era meu "lugar feliz".

Com o passar dos anos e o lançamento do The Sims 2, eu acabei tendo a oportunidade de jogar o segundo jogo da franquia na casa de primos e amigos. Porém, foi só quando o jogo estava quase completo, com as dezenas de expansões já lançadas, que nós pudemos trocar o computador e eu finalmente pude ter meu The Sims 2 instalado em casa e jogar o quanto quisesse.

E eu só tenho uma coisa para dizer: FOI MARAVILHOSO. The Sims 2 foi e ainda é o melhor jogo da franquia.

Foi por causa do The Sims 2 que eu conheci a finada Kachusims: uma comunidade de jogadores de The Sims do país inteiro. Era o melhor fórum da internet e eu passava horas e horas lendo aqueles tópicos e as histórias publicadas por pessoas que eu nem conhecia. Foi a Kachusims a responsável pela minha primeira fanfic escrita na vida (quando eu nem tinha a mínima ideia de que estava fazendo isso).

Esse site/fórum me transformou na pessoa que sabia tudo sobre a história do jogo e me tornou na pessoa louca que sabia todas as notícias sobre o tão aguardado e eminente lançamento do The Sims 3.

Não demorou muito para que eu pudesse colocar minhas mãos no The Sims 3. O primeiro jogo da franquia que eu finalmente pude acompanhar os lançamentos e a primeira vez que eu tive todas as expansões instaladas no meu computador.

O TS3 me rendeu boas histórias e memórias incríveis. Principalmente aquelas sobre todos os numerosos bugs que o jogo tinha e que me matavam de raiva na época, mas que hoje eu lembro com carinho e algumas doses de risadas histéricas.

O grande problema do TS3 foi que ele demandava um PC muito bom para ter todas as expansões instaladas e com o passar do tempo eu fui perdendo a paciência em ter que esperar tanto tempo para poder jogar um jogo.

Sem falar todas as vezes que o jogo parava de funcionar.

quem nunca viu essa imagem certamente nunca jogou o TS3

Foi então que em 2014 foi anunciado aquele que pretendia ser o melhor jogo da franquia. E eu prometi a mim mesmo que pela primeira vez ia pagar pelos jogos e apoiar um jogo que por tantos anos foi meu "lugar feliz".

As primeiras impressões sobre o jogo não poderia ter sido melhores. Os gráficos deixaram para trás a tentativa de uma estética realista (que deu ao TS3 a fama de bonecos de massinha) e apostaram no cartunesco. Uma aposta que deu muito certo e mostrou que para um jogo ser bonito não se precisa de gráficos realistas. A adição das emoções derem uma profundidade completamente diferente para a jogabilidade e o multitask foi um pedido dos fãs finalmente sendo atendido. Sem falar no modo de construção completamente disposto a satisfazer os desejos dos fãs construtores e com toda certeza a melhor coisa dessa geração.

O jogo parecia maravilhoso. Porém, depois de quase três anos, a realidade não é essa.

O jogo já tinha seus defeitos logo no lançamento fazendo muitos dos fãs, assim como eu, taxarem de jogo incompleto. Faltava piscinas, faltavam bebês, faltavam coisas básicas que até o The Sims 1 tinha.

Mas faltava (e ainda falta) algo mais. A essência do The Sims vinha sendo perdida pouco a pouco.

Para uma pessoa que cresceu jogando o jogo era claro o que estava acontecendo ali. O jogo tinha se transformado numa experiência de se assistir a animações acontecendo.

Não somente isso mas o jogo claramente estava sobrevivendo numa corda bamba e isso pode muito bem ser visto pela incessante insistência da EA e da Maxis em criarem mais e mais "pacotes" de jogo que na verdade oferecem muito pouco pelo preço que valem. The Sims finalmente havia se rendido à era das DLCs inúteis. E continua insistindo em tais "pacotes de jogo" que na verdade não servem para nada.

Imagem por Henry Macedo


Ano passado eu perdi as esperanças com The Sims 4 e por muito tempo fiquei sem jogar. Eu tinha esquecido o que era passar uma tarde inteira jogando. Eu tinha deixado para trás meu lugar feliz.

Até que eu lembrei sobre o que realmente The Sims era: Minhas histórias.

Por mais fantasiosas ou pé no chão que fossem, o jogo sempre esteve lá para me oferecer milhares de jeitos diferentes de se criar histórias e eu vinha jogando o jogo de forma errada no automático do: subir na carreira, ter uma família, morrer.

Se isso não tem graça nem na vida real, quem dirá num jogo onde eu não tenho limites sobre as histórias que eu posso contar?

A verdade é que The Sims me mostrou que eu estava jogando espelhos da minha própria realidade no único lugar em que eu poderia passar algumas horas fugindo dela. Eu estava perdendo aquela inocência fantasiosa da infância e jogando como um adulto vivendo uma vida sem graça.

Foi perceber isso que eu me toquei que não precisava fugir para um lugar feliz que fosse igual à vida real. Mas foi perceber também que The Sims sempre vai ser meu lugar feliz pra correr e contar as histórias mais fantasiosas e loucas que minha mente pode criar.

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