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Carry On: Ascensão e Queda de Simon Snow, de Rainbow Rowell

25.3.17Taiany Araujo


Quando eu li um livro chamado Fangirl, cuja sinopse falava de uma fã apaixonada e um tanto viciada, me identifiquei horrores. De lá pra cá, Rainbow Rowell passou a fazer parte do hall de autores que leio sem nem saber sobre o que é o livro. Leio com a certeza que não só vou amar como me identificar. Entretanto, com Carry On foi diferente. Continue lendo para descobrir mais sobre essa história tão aguardada.

Apesar de, com Rainbow Rowell, eu não fizer questão de ler a sinopse de qualquer uma das suas histórias, Carry on já era conhecida por mim e por todos aqueles que leram Fangirl, uma vez que a história de um jovem bruxo chamado Simon Snow era o motivo de toda a fangirleagem da personagem principal e presença indiscutível na adolescência dela. Cath e a irmã dividiam não só a mesma data de nascimento, como também o amor pela série de livros da autora Gemma T. Leslie e a autoria de uma fanfic dedicada ao universo bruxo mais famoso de todos os tempos.

Ao ler o livro Fangirl, eu passei a ansiar pelo inicio dos capítulos para assim ter um vislumbre dessa história dentro da história, e ao que parece, Rowell também não conseguia deixar Simon e seus amigos de lado, então simplesmente nos presenteou com seu primeiro livro de fantasia.


Simon Snow é um bruxo órfão que estuda numa escola de magia na Inglaterra. Profecias dizem que ele é o Escolhido. Ele está tendo um ano difícil na Escola de Magia de Watford. Seu mentor o evita, sua namorada termina com ele e uma entidade sinistra ronda por aí usando seu rosto. Para piorar, seu antagonista e colega de quarto, Baz, está desaparecido, provavelmente maquinando algum plano insano a fim de derrotá-lo. 

Dito isso, provavelmente você deve estar pensando, "eu já ouvi esta história antes" e sim, já ouviu mesmo. É que Carry On foi apresentado no livro Fangirl como uma espécie de Harry Potter, trazendo toda a febre que o universo de J.K Rowling despertou no imaginário e vida de jovens no mundo inteiro. Mas se a sinopse da história parece uma cópia descarada da outra, o enredo vai mostrar que tem força e complexidades próprias. Os personagens podem ser facilmente relacionados com aqueles criados por Rowling, mas as motivações, os destinos e as personalidades não poderiam ser mais diferentes. E isso é o que torna essa obra única apesar da familiaridade com a outra, é uma desconstrução, uma leitura particular de um universo que todos pensamos já conhecer.

O começo do livro pode demorar a engatar, o Snow me cansava de uma maneira que Harry Potter só conseguiu fazer no quinto livro e além disso, o livro começa como se você já soubesse de tudo que está acontecendo, mas não é bem assim. Então o começo é meio que você numa estação de metrô, você sabe onde está e o que deve fazer, só que ainda tá perdido ali no meio. Contudo, entretanto, todavia, tudo muda quando o Baz aparece. (AMOOOOOOOO QUEROOOOOO)

O história é separada em quatro livros e um epílogo, sendo o primeiro apenas a apresentação do enredo e provavelmente aquele que mais se assemelha a Harry Potter (e também o livro mais parado), é nele onde vamos tentado entender o que está acontecendo e quem é Simon Snow, porque ele foi escolhido e porque ele é o pior escolhido que alguém já escolheu. Somente a partir do segundo livro que percebemos o quanto Carry On pode se sustentar como uma obra única, sem a influência de nenhum outro livro como parâmetro, nem mesmo de Fangirl. Nessa parte da trama, os personagens vão ganhando corpo e mostrando quem realmente são, quais suas motivações e histórias. Aqui há uma ruptura com o universo de Harry Potter ou ainda, uma representação sobre que outro caminho ele poderia ter seguindo, outras escolhas, outros aliados e inimigos e até mesmo o questionamento sobre o que é ser um escolhido.

Além de o livro ser dividido em “livros”, os capítulos são escritos sob os postos de vista de diferentes personagens, isso nos permite conhecer a história por outros ângulos e amar ainda mais o Baz (não tenho um pingo de parcialidade em relação a ele, amo e irei defendê-lo).



A maneira como a Rowell desenvolve a trama faz com que você queira verdadeiramente conhecer os personagens, ouvir o lado deles da história. Para isso, ela usa de todas as ferramentas que pode, incluindo algo que me surpreendeu e depois da estranheza inicial, me encantou. As palavras tem um poder gigantesco e muitas vezes esquecemos isso, mas em Carry on, somos lembrados de como coisas ditas podem criar vida, podem ferir e salvar, podem fazer toda a diferença. Rainbow nos apresenta os feitiços de maneira inovadora, cantigas antigas, musicas de ninar e ditos populares são traduzidos em magias, e apesar de a priori isso parecer bem brega, depois que nos acostumamos passa a fazer todo o sentido do mundo.

Carry On é um livro recheado de diálogos inteligentes, apaixonantes e divertidos. A autora desconstruiu todo o mito do "personagem escolhido", que já estamos cansados de encontrar por aí, e mostrou algo a mais. Apresentou-nos personagens incríveis, humanos e tão reais como nós, todos eles têm defeitos e qualidades, ações questionáveis ao mesmo tempo em que os sentimentos são críveis. Você tem vontade de ficar com raiva de um ou outro, mas não consegue porque passa a entender suas motivações, até as piores. E no centro disso tudo estão Simon e Baz.  

Na primeira parte do livro, Baz não aparece, então a imagem que o leitor cria dele surge apenas com base no que Snow nos apresenta (coisas horríveis. Baz é um vilão, claramente). Já Simon é um garoto de 17 anos que é profetizado como o maior mago de todos os tempos, apesar dele se achar o pior mago que poderia ter sido escolhido, já que ele ama magia, mas não sabe como controlá-la. Embora hoje tenha encontrado o seu lugar na Escola de Magia com a companhia de sua melhor amiga e aluna mais inteligente da sala, Penélope, e sua (ex-)namorada, Agatha, para viver os melhores dias da sua vida, o garoto tem um passado triste que no decorrer do livro é explorado, e é chave para muitas respostas. E mesmo com isso tudo, ele ainda precisa vigiar seu companheiro de quarto e arqui-inimigo, Baz, pois teme o que ele vêm tramando durante os 6 anos que os dois estudam juntos.

Baz é filho da antiga diretora da escola, que foi assassinada quando ele ainda era uma criança. Ele é bem popular em Watford, e um dos motivos de Simon odiar seu colega de quarto é por achar que Baz é um vampiro e está tentando sabotá-lo e planejando sua morte. O mundo mágico também está passando por uma guerra, onde o principal inimigo é o Insípidum, e o único que pode derrotá-lo, segundo a profecia, é Simon. Sinceramente eu não tenho condições de falar sobre o Baz e muito menos sobre o que Simon e Baz fizeram na minha vida, eu fiquei louca, apaixonada, desesperada. Fiz algo que há tempos não fazia e fui pra internet procurar fanfics (não achei nada que me satisfizesse), mudei o papel de parede do meu celular (coisa que nunca mexo) e até agora não consegui parar de pensar neles como MEU CASAL FAVORITO AMO DEMAIS QUERO SOU NÃO SEI LIDAR COISA MAIS LINDA.

Meu papel de parede amorzinho <3

Os outros personagens também são bem legais, com destaque para a divertida Penélope, a típica garota que você gostaria de andar no recreio, só queria que tivesse tido mais coisas sobre ela, e que o seu namorado aparecesse alguma vez. O Mago, diretor da instituição, que apesar de aparecer pouco é um elemento crucial para trama. E até a Agatha, a ex-namorada do Simon que foi muito odiada pelos leitores, mas eu consegui entender as ações dela, talvez não tenham sido as mais bonitas, mas foram verdadeiras. 

O livro termina com um gostinho de quero mais, e se depender de Rainbow Rowell terá mais sim senhor, já que a autora disse em entrevista que provavelmente publicará uma continuação, então resta ficar no aguardo e torcer para que isso não fique só na promessa assim como ainda estamos torcendo para a continuação de Eleanor & Park. Ainda tenho esperança. 

Se eu tenho uma ressalva para fazer é que queria mais do Simon e Baz como casal, foi pouco, não me saciou. Mesmo eu tendo lido a cena do beijo mais de 10 vezes desde que li o livro (há 5 dias). 

Agora não perca tempo, e vá ler Carry On. 

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Essa resenha saiu originalmente no blog Imaginação Literária, mas arrumando a bagunça das minhas pastas no computador acabei por reencontra-la, e eu ainda sou tão apaixonada pela história (e pela resenha, a primeira que sinto que ficou bem feita) que resolvi compartilhar aqui e dividir com vocês. 


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1 comentários

  1. EU AMEI, SOCORRO!

    Eu já estava morrendo de vontade de ler, agora então, nem sei mais o que fazer (dar um jeito de arrancar grana de alguém da família na lábia de bom convincente ou juntar o dinheiro que eu não tenho e só consigo no fim do ano?), HELP SOMEBODY HELP

    Que resenhar amorzão <3 ~sério, se alguém não se convenceu com isso, a pessoa se convenceu. (exatamente, CRISTINAAA!)

    Ai mds, vou ver se consigo vender alguma coisa minha pra comprar esse livro e ter na minha estante, amém.

    <3 <3 <3

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