aceitação Eduardo Ferreira

Somos Todos Rachel Earl

2.8.15Eduardo Ferreira

Ou como todos temos nossos próprios demônios e isso é ok.
É engraçado quando sua mãe fala que você passar suas férias inteiras dentro de um quarto vendo séries e lendo é o completo oposto de aproveitar sua vida. Que você está deixando seus dias passarem e não aproveitando-os. Mas, sabe de uma coisa? Julho me ensinou muito que eu não esperava aprender.

Julho também reforçou algumas ideias que eu tinha. Mas, se teve algo que marcou meu mês, foram duas histórias que eu não consegui tirar da cabeça. Uma série chegando ao seu fim e um livro terrivelmente bom.

Se tem uma verdade que eu aprendi nos meus 21 anos nessa terra é que a adolescência é a época mais fodida da vida e se você passou essa época sem se questionar, sem se sentir excluído, sem lutar por algo (ou contra algo), sem se sentir invisível, você não aproveitou essa época com todo o potencial.

Nesse mês de julho, My mad fat diary e o livro Os 13 Porquês me transportaram pra essa época da vida de uma jeito que eu não esperava. Não esperava mesmo!

O Paulo já falou sobre a série no blog, mas se você quer a versão reduzida, MMFD conta a história de Rachel "Rae" Earl, uma garota acima do peso que acabou de ser liberada de um hospital psiquiátrico porque estava se ferindo constantemente por não aguentar a pressão da vida.

Chega a ser meio injusto falar só um parágrafo sobre uma série que é muito mais do que isso. Mas, se tem uma coisa que MMFD tá sempre falando é sobre aceitação.

A trajetória da Rae desde a primeira temporada, com a garota que ainda achava que seu grande problema era ser gorda, até a garota que percebeu que ser gorda era o menor dos seus problemas, me mostrou uma coisa, somos todos Rachel Earl.

Todos temos nossos próprios demônios e ter medo é algo natural. Medo é o que nos torna humanos. Mas, é o medo de não se encaixar que nos apavora mais.

Existe uma parte em todos nós que está assustada e incerta, e quando você adquire a habilidade de ver isso em si, você começa a perceber que todo mundo está lutando todo dia.

Mas, Eduardo, porque você tá falando disso aqui agora? Você já não é mais um adolescente...

Tudo por causa da outra história que grudou na minha cabeça. Os 13 Porquês me lembrou que por mais que eu esteja bem e feliz com meu lugar no mundo e que essa fase da minha vida já tenha passado, isso não quer dizer que todo mundo também esteja assim. E que pode ter alguém lá fora precisando (ouvir) ler essas palavras e perceber que:

Em qualquer situação em que você se encontre, haverá sempre uma saída. Você não pode passar o resto da sua vida com medo que as pessoas te rejeitem. Você tem que começar não se rejeitando. Você não merece isso. Então, a partir de agora as pessoas te aceitam por quem você é ou elas podem se foder, porque você é uma pessoa incrível.

Veja bem, eu sempre fui uma pessoa tímida, muito mais que deveria, e nos meus 13/14 anos era fácil eu ir pra aula e não abrir a boca sequer uma vez. Eu sempre fui essa pessoa socialmente estranha e que nunca foi de se dar bem em grupos grandes (principalmente nessa época) e ter sido isolado por ser quem eu era e não me encaixar só piorou as coisas.

É claro que eu tentei mudar. Eu tentei me encaixar, mas as coisas só pioravam. E, então, esse pensamento de que o problema era comigo só aumentava.

Você não pode passar o resto da sua vida com medo das pessoas te rejeitando. Você precisa começar por não rejeitando a si mesmo. Você não merece isso.
Foi só com 15/16 anos que eu fui perceber que eu estava errado. Que eu devia ligar o foda-se e não tentar me encaixar naquelas pessoas e sim deixar que elas vissem quem eu era e se elas quisessem se encaixar a mim que elas fizessem isso. É claro que eu queria que alguém aparece ali e me dissesse essas palavras que eu quotei acima. Se alguém tivesse me dito na época que eu não estava sozinho, que eu não era o único... Eu realmente acho que tudo teria sido mais fácil.

Somos todos loucos. Todo mundo tem que se esforçar e lutar. Eles apenas não perceberam isso ainda. Pelo menos, você sim.
Sim, teria sido muito mais fácil se na época eu soubesse disso tudo. Mas, talvez tenha sido necessário descobrir tudo isso sozinho. Ter ligado o foda-se naquele momento de raiva e focado mais em descobrir quem eu era e parar de ir atrás do que as pessoas queriam que eu fosse pra me encaixar.

Adolescentes são assim e vão sempre continuar se escondendo atrás dos defeitos alheios para esconder suas próprias dúvidas e medos. E tem algumas pessoas que simplesmente não conseguem suportar isso. O isolamento, a descrença, a perca da fé em si mesmos os fazem desistir e tomar medidas extremas.

"Era exatamente isso que eu queria para mim. Queria que as pessoas confiassem em mim, apesar de qualquer coisa que tivessem ouvido. E, mais do que isso, queria que me conhecessem. Não aquilo que pensavam saber a meu respeito. Mas eu de verdade." - Os 13 Porquês.


E, eu não sei se você está passando por isso, já passou ou se tem alguém que você conhece que possa estar passando por algo parecido, mas saiba de uma coisa:

"Você não está sozinho. Sua turma está aí em algum lugar. Tudo que você precisa fazer é encontrá-la." (fonte)

E, se demorar demais pra encontrá-la, saiba que eu estou aqui pra descobrir que eu faço parte da sua ou você faz parte da minha.
           
Não tem nada errado com estar com medo, é aquilo que você faz quando está que importa.

Esse texto foi originalmente publicado na nossa Hora da Conversa e transformado em post depois de incessantes pedidos (tá bom, nem tantos assim). Se você não conhece nossas Newsletters, clica aqui na barra lateral e se inscreva para receber, todo domingo, mais conversas como essa.

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