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[Resenha] Annabel & Sarah, de Jim Anotsu

20.2.14Anônimo

- Livro: Annabel & Sarah
- Autor: Jim Anotsu
- Editora: Draco
- Comprar: Saraiva, Cultura
- No Skoob














Minicrítica-Resumo
Um livro de espirito adolescente que revisita com êxito a fórmula da garota que cruza o espelho e vai parar em outro mundo. Annabel precisa resgatar sua irmã, Sarah, que foi raptada por uma entidade chamada Estrela-da-Manhã. Só que para o reencontro se tornar realidade, cada uma deverá viver sua própria aventura.

Um pouco imaturo em alguns momentos, porém trazendo uma história autêntica, divertida e carregada de referencias culturais, "Annabel & Sarah" é um perfeito exemplar para introduzir a literatura ao público jovem sem menosprezar seu intelecto, o que é uma qualidade que aprecio muito em livros infanto-juvenis.

Saiba mais depois do clique.

Não consegui descobrir se é verdade, mas ouvi falar que o autor começou a obra ainda na adolescência. Essa informação, seja fato ou boato, me deixou curioso. Queria saber como teriam sido representados os conflitos da fase por alguém os vivendo. Apesar de algumas ressalvas, posso dizer que não me decepcionei.

não acho fotos do autor, como ele é fã de doc who, isso vai ter de servir
Não vou mentir: a juventude do autor transparece em alguns momentos do texto. Com exceção das irmãs, a maioria dos personagens não têm muito desenvolvimento, recaindo em atitudes súbitas e pouco embasadas. Os diálogos às vezes tem um tom mecânico e irreal. No entanto, não é isso que predomina na leitura. Embora seja um livro um pouco ingênuo na forma, compensa em conteúdo.

Annabel é uma personagem incrível. Retrata de forma autêntica a angústia adolescente e possui uma língua afiada que te faz sorrir sempre que ela abre a boca. Os interlúdios entre as diversas partes do livro aprofundam ainda mais sua personalidade, revelando admirável complexidade. Já Sarah pode parecer secundária se comparada ao temperamento da irmã, mas quando o livro as separa para desenvolver suas histórias independentemente, ela mostra que também tem uma força interior admirável. Os mundos onde elas vão parar são criativos, inovadores e ricos em metáforas; gostosos de ler.

tem até um conto chamado Trenzalore!
A história bebe das mais variadas referencias literárias, musicais e cinematográficas na composição dos elementos fantásticos. Da premissa amplamente inspirada em “Alice no País das Maravilhas”, passando por contos de fada clássicos, fábulas com animais falantes, Edgar Allan Poe, Audrey Hepburn, “O Falcão Maltês” e chegando naquela que foi provavelmente minha favorita: a literatura Beat, que é elemento recorrente no livro.

O mais interessante é como essas referências são feitas. Elas não interrompem o fluxo do texto nem alienam o leitor. São incluídas de forma a enriquecer a narrativa para quem identifica-las, mas soarem naturais para quem não as conhecer. Isso torna a leitura mais divertida, te leva a ficar procurando detalhes escondidos pelos cantos sem realmente atrapalhar na história.

O final chega até rápido demais, é simples, mas fascinante. Gostaria de perguntar, dentre os que já leram, se tirar uma interpretação religiosa ou espiritual da história é justificável ou apenas impressão minha. Os detalhes que apontam para isso, afinal, são bem sutis, como o nome Estrela-da-Manhã.

Livro recomendadíssimo, especialmente para adolescentes em início de carreira na leitura - não que isso exima ninguém do prazer de lê-lo, eu garanto.

(4 de 5 Conversinhas)


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1 comentários

  1. Amei a resenha, me deu muita vontade de ler. Pena que só em abril...
    E ótima dica do conto *.*

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