a ilha dos dissidentes Anômalos

[Resenha Misturada] A Ilha dos Dissidentes, de Bárbara Morais

21.12.13João Pedro Gomes

por Dana Martins e João Pedro Gomes

- Livro: "A Ilha dos Dissidentes"
- Trilogia Anômalos - Livro 1
- Autora: Bárbara Morais
- Editora: Gutenberg
- Comprar: Submarino | Americanas | Travessa
- No skoob


Mini-crítica - Resumo: 

A Ilha dos Dissidentes é tipo X-Men, mais 007 e um clima de Segunda Guerra Mundial. Tudo misturado e jogado num futuro onde nada é como a gente conhece e feito em um clima YA/infanto juvenil... ah, eu já disse que tem superpoderes?

O livro conta a história de Sybil, jovem criada num orfanato de uma zona de guerra que, para fugir de um futuro cruel no exército, tenta se mudar para uma colônia de refugiados. Só que... o navio em que ela estava afunda, todos morrem congelados e Sybil é a única sobrevivente. É assim que ela (e o governo) descobre que é uma mutante e acaba sendo levada para Pandora, uma cidade para pessoas como ela. Mas mesmo num mundo onde gente com poderes e gente "normal" não se mistura (no maior estilo apartheid), é difícil para Sybil se importar com isso quando, pela primeira vez, ela pode viver sem se preocupar com uma bomba caindo sobre seu quarto, tendo acesso a todo tipo de comida gostosa (PIZZA!!!) e morando com uma família que não poderia ser mais acolhedora. Seria tudo perfeito, se não fosse por uma certa matéria na escola...

A Ilha dos Dissidentes é o primeiro livro da Bárbara Morais e, de quebra, uma distopia bem construída que não deve nada pras que vêm lá de fora. Tanto a Dana quanto o João gostaram do livro e destacaram alguns pontos fortes e fracos da narrativa. Quer saber quais são eles e descobrir o que esse livro tem de especial? É só clicar aqui embaixo para ler a resenha completa! 


>> Dana
Lançamento do livro na Livraria Cultura do Casa Park, em Brasília. [fonte]

Dana começa falando sobre o ritmo agradável da leitura. “Não encheu o saco nenhum segundo e não chegou a ser aquele ‘AI MEU DEUS VIRA PÁGINA VIRA PÁGINA’”. Ela ainda faz uma observação interessante sobre esse aspecto, dizendo que, se fosse fazer um gráfico para representar o ritmo de leitura, ele seria constante e com um certo pico no final.

O que Dana mais gostou no livro foi o fato de não haver um mundo fixo de bem vs. mal. “Todo mundo tem seus interesses. Eu consigo imaginar pelo menos quatro grupos de poder (normais, mutantes, dissidentes e uns fugitivos que não sabemos direito). E dentro desses grupos há divisões. Parece um mundo mais... real”, completa.

A jovem também elogia os questionamentos que o livro apresenta, que acabam tornando o mundo criado mais completo. “Viver bem em Pandora vs. A vida anterior da Sybil na guerra (que é o que acontece no nosso mundo). A personagem vir de algum lugar perto do Oriente Médio e ser descendente de paquistaneses/indianos. O preconceito contra os mutantes. Até algumas marcas culturais dependendo de lugar: pessoas normais que vivem perto de cidades mutantes não são tão preconceituosas, enquanto as mais distantes colocam placas na janela de 'não vendemos para mutantes'." Ela ainda destaca a qualidade dos personagens como um dos atributos do livro, dizendo que “vários deles apresentam histórias interessantes e características próprias”.

O que eu não gostei? Não teve nada que eu achei ruim”, afirma Dana. Segundo ela, a única coisa que poderia ser consertada no próximo livro é “essa história de terminar frase pela metade". O fato de a história deixar vários e vários mistérios para o leitor descobrir foi um fator agonizante durante a leitura, “e aí o personagem vai falar algo importante e é cortado pela metade. Fiquei tão traumatizada que eu tive um pesadelo de que eu tava lendo o segundo livro e todo mundo falava pela metade (sério).”, comenta a jovem, entre risos.

Dana conclui sua opinião dizendo que “A Ilha dos Dissidentes não é OH MY GOD O LIVRO DO SÉCULO VOU MORRER, não é o novo Jogos Vorazes, mas é muito bom”. Para ela, mesmo que o livro não tenha o mesmo ritmo alucinante de Divergente, ele compensa com a construção de mundo e personagens legais. Por isso, Dana atribui nota 4 ao final. Como curiosidade, ela finaliza citando notas que atribuiu a outras distopias famosas: “Jogos Vorazes: 5; Divergente: 4; Insurgente: 5; A Ilha dos Dissidentes: 4”.

Nota: 4/5 conversinhas

>> João
Inspirações para a cidade de Pandora. [fonte]

A Ilha dos Dissidentes não foi bem aquilo que eu esperava, mas nem por isso foi uma leitura ruim”, inicia João.

Para ele, o começo do livro foi um pouco decepcionante, já que as coisas aconteceram meio rápido e não foram desenvolvidas o suficiente. “Não consegui sentir as emoções que as mudanças na vida Sybil deveriam causar, o que fez com que fosse difícil simpatizar com a protagonista logo de cara”, diz. João também não foi cativado por completo pelo mundo criado pela autora – “talvez pela falta de detalhes” – e afirma que alguns diálogos e situações pareceram um pouco forçados.

Mas, felizmente, as más sensações se foram depois de alguns capítulos. “Depois de um tempo, fica impossível não se apaixonar pelos personagens (principalmente secundários) e pelo uso inteligente que a Bárbara faz de suas peculiaridades”. Ele elogia até mesmo a protagonista, que “fica mais legal lá pela metade da história e ainda faz parte de um romance bem convincente.

O que mais surpreendeu João foram as cenas de ação, que julga as melhores de todo o livro. "As informações foram organizadas de forma clara e sem perder o ritmo constante de adrenalina que o momento pedia”. João ainda elogia a inserção de reflexões bem legais em vários momentos do livro, como sobre preconceito e suas diversas ramificações, que, segundo ele, colaboraram para deixar o texto mais profundo.

Mesmo que ao final do livro tenhamos pouquíssimas respostas sobre os mistérios da trama (deixando muitas questões para resolver no próximo volume, o que pode ou não ser uma coisa boa), A Ilha dos Dissidentes foi uma leitura bastante válida”, conclui João. De acordo com ele, mesmo que o livro tenha alguns defeitos (“me diga um que não tenha”), ele serviu para mostrar mais uma vez que o Brasil tem sim escritores de qualidade, “tão criativos e capazes quanto os gringos que dominam a literatura jovem por aqui. Agora só nos resta aguardar o próximo livro de ‘Anômalos’ e torcer para que os deslizes do primeiro volume se vão, deixando apenas as qualidades da narrativa de Bárbara Morais - que, felizmente, existem aos montes.”, finaliza.

Nota: 3,5/5 conversinhas

Ou seja...

Mesmo que alguns elementos pudessem ter sido melhor trabalhados, A Ilha dos Dissidentes é um livro bom demais para ser ignorado. Se você busca uma obra nacional de qualidade, com uma trama original e que aborda diversas questões sociais interessantes, esse é o livro ideal. Vale a pena tolerar os probleminhas com a trama, pois a sensação agradável e as reflexões que ficam ao final da leitura fazem tudo valer a pena.

Sobre a nota: A média das duas notas seria 3,75, mas vamos arredondar pra 4 pra ficar mais fácil. E o livro merece uns pontinhos a mais, afinal.

Classificação: 

(4/5 conversinhas)

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