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[Resenha] Serra Pelada, filme

1.11.13Igraínne

por Igraínne Marques
- “Serra Pelada (2013)
- Direção: Heitor Dhalia
- Roteiro: Heitor Dhalia
- Elenco: Juliano Cazarré, Júlio Andrade, Sophie Charlotte, Wagner Moura, Matheus Nachtergaele...
- Ação/Drama – 120 minutos – Trailer







Minicrítica - Resumo:
Serra Pelada conta a história de dois amigos, Juliano (Juliano Cazarré) e Joaquim (Júlio Andrade), que, na década de 80, decidem largar tudo em São Paulo para irem em busca do tão falado ouro de Serra Pelada, o maior garimpo a céu aberto do mundo, localizado no estado do Pará. Joaquim é um professor da rede pública, casado, que deixou para trás uma mulher grávida para poder juntar dinheiro e dar uma vida melhor ao filho. Juliano, por outro lado, visa a riqueza extrema. Juntos, ao chegarem lá, se deparam com contrabando, violência, disputas por dinheiro e ego, o que faz com que questionem os valores que os levaram até ali. É um filme visceral, intenso, uma trama que não tem buracos. E, sem dúvida alguma, é de deixar qualquer um chocado.
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Por que eu quis ver o filme?
Eu tenho me atraído de maneira direta pelo cinema brasileiro, em especial depois de assistir a filmes como A Busca, Faroeste Caboclo e o próprio Somos Tão Jovens. Como sou uma pessoa que não tem qualquer atração pela fama humorística nacional, qualquer coisa que foge a esse padrão parece ser de ótima qualidade (vide os exemplos anteriores). O Tempo e o Vento, um longa que também estreou recentemente, é ótimo, e eu até ia escrever uma resenha a respeito, mas depois de assistir Serra Pelada, qualquer conceito de qualidade foi reformulado. 

Eu assisti ao trailer reduzido, desses que passam nos intervalos das novelas. O que mais me chamou a atenção, surpreendentemente, foi a própria Sophie Charlotte. Sophie vive Tereza, uma prostituta que, mesmo sendo noiva de Carvalho (Matheus Nachtergaele), tem um relacionamento intenso com Juliano (Juliano Cazarré). No trailer, isso não fica explicíto, mas só pelo fato de ser diferente do que qualquer atriz de malhação já tenha feito no cinema, de ser diferente de tudo que eu já vi em termos nacionais, resolvi apostar. Afinal de contas, ainda tinha o Wagner Moura, e a história parecia demonstrar certo nível de realidade que me deixava intrigada e curiosa.



Se eu chutasse, diria, mesmo naquele momento, que se tratava de um filme tão real quanto Tropa de Elite, muito embora Serra Pelada se passe no passado. E sempre é essa a graça, esse é o divertimento, ninguém ali quer acobertar nada, quer tornar as coisas bonitinhas. Aquilo é o Brasil, foi o Brasil e provavelmente continuará sendo. 
  
E por que vale cada centavo?
Pois dito e feito, depois que eu assisti, eu consegui gostar ainda mais do trailer, da história, de tudo sobre o que eu tinha lido antes. O que eu sabia sobre Serra Pelada, no entanto, era nada, e toda a informação passada pelo filme conseguiu deixar o telespectador devidamente satisfeito (em especial os mais novos, como eu, que não vivemos realmente o rebuliço da época). O que mais encaixou nesse sentido foi o fato de o fundo histórico não sufocar o enredo ficcional. Nem o contrário. Parecia que os dois se juntavam de maneira certa, cada um com seu espaço, com sua contribuição.

Se eu pudesse resumir o filme em uma única frase seria: o filme soa como um tiro. Apesar de isso parecer violento, a violência não está desesperada por destaque, embora seja claro que ela está lá. Acho que o filme é bom justamente por isso, porque ele conta a história e não se prende a detalhes que deveriam ser secundários. O diretor não está preocupado em mostrar o sangue, ele está preocupado nas razões que levaram o sangue a escorrer.


ouro dá dinheiro. Filme sobre ouro então...

Juliano, nosso personagem principal, é mais ganancioso que o amigo Joaquim, e por isso acaba se envolvendo com o que não deve, incluindo a própria mulher do inimigo - Tereza.  Sua transformação ao longo do filme é previsível, mas não deixa de ser emocionante. Enquanto isso, Joaquim se questiona sobre seus princípios, o que ajuda no desenrolar da história. Afinal, até onde os dois querem enriquecer? É aí que entram Carvalho (Matheu Nachtergaele) e Lindo Rico (Wagner Moura). Um pior que o outro, um mais inteligente que o outro, e os dois cheios de sede de poder. Os personagens são diferentes, mas o contraste, de certo modo, é gritante. 

A atuação de Matheus Nachtergaele é de uma genialidade digna de palmas. Acredito que ele tenha conseguido superar o personagem, que embora seja bem construído, é raso. Sendo o tal do "anão" ou não, ele é o cara mais poderoso de todo o filme, e digo isso tanto no sentido da história quanto no sentido de convencer o telespectador. Ele e Wagner Moura, que foi o responsável pelas maiores passagens de humor (e humor inteligente, muito inteligente) são tão bons que não consegui achar um único defeito, cheguei a efetivamente sentir raiva dos dois.

Em termos mais técnicos, enquanto Juliano cresce socialmente no garimpo, o filme parece se abrir. Sem dar spoilers, posso dizer que, embora pudesse ter acontecido, seu personagem não encobriu os demais. Muito menos Joaquim que, sendo um coadjuvante importante, consegue se sustentar sozinho e ter seu próprio conflito. O equilíbrio entre os dois é o que não deixa a história ficar voltada a um único ponto de vista, e particularmente esse foi o meu alívio, porque muitas vezes esse tipo de trama é pré-direcionada e faz com que o telespectador se convença de qualquer coisa. 


Por fim, Tereza, sendo a única mulher de destaque no garimpo, conseguiu superar a maior parte das previsibilidades. Acredito que ela seja a personagem mais surpreendente da história, e isso não fica forçado, muito pelo contrário, soa humano. Suas atitudes não parecem partir de uma tentativa cega do diretor de fazer a história ser maior ou mais atrativa. Tereza está lá por si própria, sua presença não precisa se apoiar a qualquer homem para se tornar convincente.

Além disso, as formas como o filme começa e termina parecem preencher de maneira perfeita o conjunto da obra. É, repito, como um único tiro: rápido, certeiro e chocante.

Sobre a nota: É mais um filme baseado em realidades. Conversando com um amigo, descobri que isso é ótimo, mas a ascensão dos personagens principais encobre a verdadeira vida do garimpeiro à época. Não é um problema para o filme, porque acredito que a proposta não seja exatamente essa, mas senti falta. A ideia estava lá, mas respingada. Por isso, 4,5.

Nota final:
(4,5 conversinhas)

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5 comentários

  1. Seu amigo tem total razão! Adorei o filme e sua resenha. Continue assim! Beijos

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  2. Ontem assisti o filme, e fiquei petrificada em frente ao sofá, nem piscava, fiquei prendida do início ao fim sem respirar, porém suplico de verdade para saber o final, não entendi se ele fica preso ou não. O carcereiro pergunta quanto vale a liberdade dele, nisso o professor recebe um cheque de 150 milhões de cruzeiros e ao mesmo tempo um tiroteio começa com o Lindo Rico. Por favorrrrr não paro de pensar no final e continuo sem entender!

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  3. Ontem assisti o filme, e fiquei petrificada em frente ao sofá, nem piscava, fiquei prendida do início ao fim sem respirar, porém suplico de verdade para saber o final, não entendi se ele fica preso ou não. O carcereiro pergunta quanto vale a liberdade dele, nisso o professor recebe um cheque de 150 milhões de cruzeiros e ao mesmo tempo um tiroteio começa com o Lindo Rico. Por favorrrrr não paro de pensar no final e continuo sem entender!

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  4. FILMÃO, RETRATA COMO ERA O GARIMPO E SEUS PERSONAGENS E AINDA ESPÕEM O GOSTO MUSICAL EXPLODINDO NA ÉPOCA, A LAMBADA.

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  5. Eu não gostei , como sempre acho que resume Ao homem sendo ganancioso com ouro e mulher

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