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Amizades

22.5.18Jota Albuquerque


Numa dessas madrugadas em que todo mundo se encontra numa conversa tão engatada que só continua sem perceber as horas voando, eu não só conversei, como aprendi muito sobre amizade, então cá estou eu, decidido a compartilhar com vocês minhas reflexões e os conhecimentos de uma madrugada.

Antes de começar, eu gostaria que você pensasse nas amizades que acabaram e o que cada uma dessas pessoas que passaram pela sua vida fez (no sentido de ensinar algo).

Particularmente, eu tenho amigos em todos os cantos da minha vida, algumas vezes alguns eu nem lembro quando tento contar, mas não se engane, isso não quer dizer que tenho milhões de amigos, mas às vezes acabo contando amizades que já acabaram. E nessa conversa com minha mãe e minha irmã, de madrugada até umas quatro da manhã, onde lembrávamos sobre nossas infâncias eu percebi quantas amizades se foram. E mais do que tudo: percebi que algumas amizades que dizíamos ser pra sempre, às vezes não foram (na coisa literal de passar a vida juntos, saca?).


Às vezes a gente esquece que não é porque uma amizade "só teve" poucos (vamos supor aqui dois) anos de amizade que não foi uma amizade. Na verdade a gente valida muito a amizade em quanto tempo durou, o que é errado. O "para sempre" pode estar na questão dos minutos com aquela pessoa, o "pra sempre" pode ser enquanto dura e às vezes pode sim ser até a morte, mas se não for, tudo bem.

Minha mãe tem uma amizade de 30 anos de vida, eu tenho uma amizade de nascimento (literalmente, eu e minha amiga temos um mês de diferença e nossas mães são melhores amigas, dessa amizade de 30 anos mesmo), simplesmente outra irmã, porque chamar de A Melhor Amiga é pouco, e a gente não se vê sempre, na verdade a gente só se vê no mínimo uma vez por ano, se der sorte, duas. E ao contrário da minha tia e minha mãe, eu e minha amiga temos ainda menos contato telefônico ou por mensagem que as duas (nossas mães também se falam poucas vezes por telefone ou mensagem), mas pra gente - e todos - tudo continua normal, quase como se tivéssemos nos visto dois dias atrás. Os assuntos não param de vir, mesmo quando a gente já contou todas as novidades, e mesmo se o silêncio chegar (o que raramente ocorre), a gente curte esse silêncio.

Mas o ponto não é os meus dezesseis anos de amizade, nem os 30 da minha mãe, mas sim as amizades que duraram menos ou muiiiito menos (mas nem por isso quer dizer que não eram amizades), até as que acabaram de começar, mas já acabaram, afinal esse é um texto sobre amizades que terminaram e reconhecimento da importância delas, não sobre o fortalecimento das amizades do presente (um dia eu ainda venho com um texto sobre isso)


Enfim, tive uma amizade que quase completou dois anos, eu e Isa, infelizmente boa parte dessa amizade foi tóxica e nenhum dos dois percebeu, mas ainda sim foi uma amizade. Doamos partes de nós. Nos demos. Talvez um mais que o outro, mas a gente tentou trabalhar e aprendemos muito juntos. E não é porque hoje a coisa está restrita à uma rede, sem ter muito contato além de conversas sobre representatividade e risadas, separada, que não foi importante pra mim. Eu aprendi, foi uma parte da minha vida e como as promessas de "amigos para sempre", foi eterno enquanto durou. Pode parecer clichê, mas a vida é um grande clichê. (hoje continuamos conversando e nos aproximamos, mas com uma distância saudável e reconhecendo nossos limites, trabalhando pra melhorar e tals)


Uma outra amizade minha, de quando eu era pequeno, Lucas, a gente só se viu uma última vez na minha última festa em Atibaia, mas nossa amizade durou poucos anos também e mesmo com a promessa de sermos amigos para sempre, eu sei que aquilo foi eterno. Talvez ainda seja, já que nunca teve um fechamento, mas eu não lembro mais nada além do primeiro nome e a cidade onde ele e eu moramos durante alguns anos.

Outra foi uma de três anos. Eu e Vinícius nem nos falamos mais, as nossas vidas são diferentes, tomamos caminhos diferentes após eu sair da escola, há sete anos atrás, durante um tempo até tentamos ligar um para o outro e conversar, mas aos poucos não foi dando para sustentar aquilo e seguimos a vida. Ele foi uma das amizades mais marcantes para mim.

E tem meus amigos de agora, sabe? A conexão em forma de amizade entre os humanos é muito louca e até inesperada.


Eu tenho esse meu amigo, a gente se conhece tem seis anos, nossa amizade tem quatro anos e quando nos conhecemos, eu odiei ele e por consequência, ele me odiou. Hoje somos melhores amigos, mas na época era ele falar (normalmente algo não muito legal) pra eu revirar os olhos sem sequer disfarçar.


Ou melhor:

Eu tenho essa outra amiga, minha melhor amiga, nos conhecemos há sete anos e só fizemos amizade há quatro anos atrás. A gente não se odiava, mas a gente não se conhecia de verdade e a gente era do mesmo grupo, tipo COMO???????? OSKODKSD (acho que a melhor coisa da amizade é isso: pode ser inesperada, vir das coisas mais óbvias ou totalmente fora da conexão que esperávamos)

Entretanto, a gente costuma conversar muito sobre nossa amizade (esses dois amigos de quatro anos de amizade e eu somos um trio) e como isso pode ser assim que sairmos do Ensino Médio e por mais que nos doa admitir, sabemos que o tempo e afazeres podem nos distanciar, até mesmo porque vamos seguir caminhos completamente diferentes, mas isso não quer dizer que não dá para manter amizade e mesmo se não der, vida que segue, faz parte da vida pessoas entrarem e irem embora da sua vida. É importante admitir isso, mesmo que seja uma merda, mas não quer dizer que aquela amizade não foi amizade ou que não foram "amigos para sempre".

Amizades podem durar uma vida toda, poucos meses ou anos, não importa quanto tempo dura ou durou, o que importa é a importância das pessoas que entraram, estão ou se foram da sua vida e o que aprendeu com elas.


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