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Princesa Adormecida, de Paula Pimenta

14.9.14Anônimo

"Mas isso que eu estou sentindo é uma euforia louca que me dá vontade de sair dançando pelos corredores da escola... Mas ao mesmo tempo esconde uma tristeza sutil, que parece morar no lugar mais fundo do coração. E tudo isso me faz sorrir e chorar, por ser tão bom e tão dolorido ao mesmo tempo."

Minicrítica ~ Resumo:
Quem não gostaria de viver uma história de conto de fadas, não é? Mas tem que ser mesmo medieval? Nada pessoal, mas eu curto ter internet, sabe? Pois bem, dona Paula Pimenta veio nos socorrer. No primeiro livro de sua nova coleção, ela mostra que na nossa época ainda há espaço para “felizes para sempre”. Com uma história fácil e divertida, ainda que alguns elementos preocupantes que me levam a concluir que o livro demanda um acompanhamento de um adulto, ela chega pra reinterpretar o conto da bela adormecida com um toque de tecnologia - afinal, quem disse que o celular tem que ser inimigo do romance?

Pois é! E quem sabe seu príncipe encantado não está no final do post?

Áurea é uma herdeira distante do trono de Lichtenstein, o menor principado do mundo. A garota de dezesseis anos teve sua história exposta para o mundo em um documentário recentemente. Raptada quando pequena por uma antiga amiga de sua mãe, Marie Malleville – fato que só foi impedido graças a ação rápida do pequeno Filipe, o filho de um embaixador brasileiro na França - ela teve sua morte forjada para evitar futuros assédios da ressentida mulher e foi morar com seus três tios no Brasil. Lá recebeu o nome de Anna Rosa e foi ensinada que seus pais haviam morrido em um acidente e que sua vida passada não passava de um... um conto de fadas. E com exceção de um leve excesso de proteção, a garota levou uma vida normal, até um certo SMS chegar no seu celular inesperadamente.

Foto: [X]
É difícil fazer uma sinopse deste livro, pois ele carrega um aspecto inerente do conto de fadas: diferente de outros formatos mais contemporâneos, ele não está muito preocupado com explorar com a narrativa para causar suspense. A história é contada de forma linear, revelando os segredos da origem da personagem logo nas primeiras páginas – coisa que eu entendo, por se tratar da intenção da autora fazer esse tipo de releitura, mas que considero um desperdício, pois deixou o livro demasiado raso. Considerando o público-alvo, ele faz sentido. Se você já passou da pré-adolescência, pode não encontrar tanta graça em sua simplicidade evidenciada.  Ele é meio introdutório para quem está começando na literatura e foi bem pensado nesse sentido – meio que é um passo entre os contos de fada da Disney e livros Young Adult.

O livro apresenta alguns elementos bem problemáticos, eu preciso dizer. O comportamento dos adultos é deveras irresponsável, e muitas vezes transmite uma mensagem totalmente errada não só para a protagonista, mas para as jovens que por ventura estiverem lendo - acredito que seja um livro mais apropriado para uma leitura acompanhada, para evitar isso. Destaque para a DJ, que deliberadamente deixa um completo estranho ver o número de telefone de Áurea simplesmente por acreditar que ele gostava dela. Tipo, sério, não façam isso. Nunca. Ele podia ser um estuprador, sabe? (uma hipótese que é levantada e descartada de forma extremamente infantil no livro) O amor verdadeiro, embora seja uma mensagem bonita, não pode eclipsar coisas elementares como o bom senso!

Acho legal que a releitura de Paula Pimenta não recorra à mágica para funcionar. Ela é pautada no mundo real e isso é ótimo. Adoro fantasia, mas é bom ver histórias em que o final feliz independe de elementos fantásticos. Também acho que há algo de positivo na reflexão sobre o papel das novas tecnologias na vida das pessoas. Desde o perigo de ter suas informações roubadas graças ao uso da tecnologia até se o celular também pode ser uma ferramente de relacionamento saudável. Só que nada disso é muito aprofundado, o que é uma pena, pois pode levar a interpretações equivocadas. Volto a enfatizar que esse livro não pode ser dado nas mãos de uma criança de qualquer idade sem discernimento. Sua leitura pode ser produtiva se acompanhada, com reflexão. Parece apropriado para ser trabalhado em sala de aula, por exemplo. Sem tais recursos, uma pessoa mais nova pode entender a mensagem do livro de forma preocupante.

Este é o primeiro de cinco livros, que nasceram da coleção de contos “O Livro das Princesas”, no qual a autora participou reescrevendo a Cinderella (que inclusive faz participação especial nesse livro, para o bem ou para o mal). O sucesso foi tanto que a editora convidou a moça a escrever sobre todas as suas princesas favoritas. Então nos próximos anos podemos esperar livros sobre a Ariel, de “A Pequena Sereia”, a Bela, de “A Bela e a Fera”, a Branca de Neve de.... “Branca de Neve”, além de uma reedição da história da Cintia, que é o nome da DJ Cinderella! E sim, não posso negar que  apesar de tudo estou curioso para saber como será. Gosto de contos de fadas e quero saber o que ela fara com eles - mas torço para que as próximas sejam um pouquinho mais densas.

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Livro: Princesa Adormecida

Autora: Paula Pimenta

Editora: Galera Record

Paginas: 189

Comprar: Saraiva, Submarino

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(1.5 Conversinhas)

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