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Três filmes atuais com... escritores no meio

12.4.14Igraínne


Que muita gente tem brotado por aí com o sonho de viver da escrita não é novidade. A impressão que eu tenho é que o advento da internet e dos blogs (sejam literários ou não) impulsionaram o gosto pela leitura de um pessoal. Naturalmente, por conta disso, muitas pessoas se voltaram a uma ideia (ou mera possibilidade) antes ignorada: por que não ser escritor?

Nesse mesmo momento, talvez mais recentemente, comecei a ver uma avalanche de filmes e telenovelas começarem a tratar o escritor de uma forma mais explícita. Mais do que isso, o escritor que vemos não é um morto de fome, ele é alguém de nível intelectual com opiniões próprias e quase sempre com personalidade exacerbada.

Nesse post, embora eu tenha citado a mídia televisiva, vou me focar exclusivamente nos filmes atuais, alguns ainda no cinema, porque foram os que me motivaram a escrever sobre o assunto. Mesmo assim, vale citar um escritor que está recente: quem lembra do jovem escritor Thales da novela "Amor à Vida?".

Nessa lista, teremos filmes em que os escritores aparecem como personagens principais, filmes em que escritores são principais, mas a escrita não é, filmes que são sobre a arte de escrever e não sobre escritores, filmes de poetas, filmes de romance e pegação, filmes em que o escritor faz só uma ponta. Não importa, tem palavra, a gente tá listando.

>> S.O.S. - Mulheres ao Mar


Breve sinopse: Um dos dois filmes brasileiros da lista, "SOS Mulheres..." conta a história de Adriana (Giovanna Antonelli), uma mulher que trabalha como tradutora de filmes pornôs e foi largada pelo marido Eduardo (Marcello Airoldi). Ao ficar sabendo que Eduardo embarcou com a nova "namoradinha" num cruzeiro para a Itália, Adriana resolve ir atrás para tentar reconquistar o marido. O que ela não esperava era que, ao embarcar juntamente com sua irmã Luíza (Fabíula Nascimento) e a empregada Dialinda (Thalita Carauta), fosse entrar em mil confusões.

Onde está o escritor? Está na própria Adriana, personagem principal que, embora viva de traduzir filmes pornôs, na verdade é escritora. A parte dessa questão legal é perceber que, apesar de ser uma mulher bem sucedida, Adriana também parece ter dificuldade para publicar, um problema que afeta 98% dos escritores brasileiros. O que me incomoda, porém, não é o fato de a escrita ser deixada de lado no filme, afinal é um filme de comédia com uma proposta muito diferente da literatura. Na realidade, acredito que o problema aí seja a impressão: quem assiste pensa que Adriana não publica apenas porque não consegue escrever, e não porque não tem talento. De certo modo, isso é verdade - dentro da trama e até mesmo no mundo real, já que muito escritor por aí fica simplesmente enrolando para abrir o word. Por outro lado, no entanto, isso foge ao que poderia ser o retrato da literatura no Brasil, já que nem sempre (ou quase sempre) ter talento não significa ter livros publicados.

Rápida notinha: gostei muito de "SOS mulheres...", ri muito e não achei incoerências no enredo, embora seja previsível. Não é uma trama chata ou arrastada, mas, talvez por ser eu mesma uma pseudoescritora nas terrinhas brasileiras, dou 4,5 conversinhas. Trailer.


>>> Namoro ou Liberdade


Breve sinopse (oficial): Jason (Zac Efron), Daniel (Miles Teller) e Mikey (Michael B. Jordan) são grandes amigos, que estão o tempo todo juntos. Após descobrir a traição de sua esposa, Mikey passa a morar no apartamento de Jason. Aproveitando a solteirice do amigo, o trio faz um pacto de pegar o maior número possível de mulheres e jamais ter um relacionamento sério. Entretanto, por mais que tente se envolver com outras garotas, Mikey está decidido a reconquistar a esposa. Em uma ida ao bar, Jason, por sua vez, conhece a bela Ellie (Imogen Poots) e, aos poucos, se vê cada vez mais ligado a ela. Já Daniel começa a sentir algo a mais pela amiga Chelsea (Mackenzie Davis).

Onde está o escritor? Dessa vez não está em personagem principal algum. Trata-se da jovem Ellie, a garota que se envolve com o gostoso do Zac Efron com Jason. Ellie é tão ligada à literatura que até promove encontros sobre o assunto - encontros esses que raramente são um sucesso, o que me fez gostar ainda mais dela, já que escritores, no geral, mais se lamentam do que se divulgam. Por outro lado, Ellie parece estar próxima de seu próprio lançamento, já que busca um designer gráfico para desenhar sua capa. De um modo geral, achei a personagem de Ellie mais crível como escritora melancólica e perdida (regularmente descabelada) do que a Adriana de "SOS...", mas talvez isso decorra do fato de que Adriana parece pensar mais no "entorno" do que no "interno" quando escreve suas obras. Na verdade, Ellie jamais fala explicitamente a respeito do conteúdo do próprio livro ou até mesmo sobre sua fonte de expiração, mas, ainda assim, ela soa como uma jovem escritora é hoje em dia, ainda que, mais uma vez, esse não seja o foco do filme.

Rápida notinha: Gostei bastante do filme, embora tenha sido também previsível. De um modo geral, é um filme leve, mas por vezes repetitivo, ainda que a escrita tenha mais espaço aqui do que no "SOS..". Por isso, 4 conversinhas. Trailer.


>>> Entre Nós


Breve sinopse: O outro filme brasileiro da lista, "Entre Nós" conta a história de sete jovens amigos escritores que viajam, em 1992, para uma casa de campo com o intuito de incentivarem uns aos outros a escrever e se inspirar. Lá, eles resolvem escrever também cartas para si mesmos, as quais seriam enterradas e só dez anos depois abertas. No entanto, devido a um acidente de carro, um deles acaba morrendo (e isso não é spoiler). Apesar disso, mesmo assim eles se decidem se reunir dez anos depois para lerem o que escreveram naquelas cartas.

Onde está o escritor? Todos os personagens ali são escritores. Esse é o ponto alto do filme, foi o que me fez ir ao cinema assistir. É um filme muito poético, trata de frustração, já que só um dos sete amigos conseguiu, enfim, chegar ao sucesso, enquanto os outros, em 2002, alcançaram ofícios diferentes para se sustentarem - já que viver de escrever nesse país nunca foi exatamente uma tarefa fácil. Apesar disso, há aquele questionamento que ronda o ar: "por que apenas ele conseguiu?", e é exatamente isso que faz o filme se expandir, especialmente em termos políticos. Além disso, os atores são ótimos, se encaixam perfeitamente no enredo. Há muita crítica social no enredo,uma crítica à própria arte, o modo como o sucesso parece não ter vindo de graça - a ideia de que ele nunca poderia ter chegado tão facilmente - para qualquer um de nós (seja no filme ou no mundo real).

Rápida notinha: De longe (e talvez de perto), para mim esse é o melhor filme dos três, porque ele parece tocar em questões que são tão importante quanto o ato de escrever: o quanto uma genialidade pode ser um ofício e até mesmo lucrativa? Além disso, você pode notar que esse é o único filme em que eu não tive que explicar quem é quem para fazê-lo parecer valer a pena. Porque ele vale. Vale cada centavo. 5 conversinhas e marcado como favorito. Trailer.

E você, leitor? Qual seu filme favorito com escritores no meio? Conta pra gente nos comentários!

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2 comentários

  1. Coloque algo verdadeiramente proveitoso a se assistir nessa lista.
    Pergunte ao pó.
    As palavras.
    Palavras e Imagens
    Adorável Sedutora
    Entre outros, mas não associe a literatura ou escritores a esses nomes.
    "Entre nós nessa lista" Correção e rápida!

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