assexual assexualidade

Algumas considerações sobre Tash e Tolstói

22.11.17Isabelle Fernandes


Logo que eu soube do lançamento de Tash e Tolstói e da orientação sexual da protagonista, eu simplesmente fiquei EM CHAMAS!!!! Pela primeira vez um livro young adult iria abordar a assexualidade e tinha tudo pra ser um hino de auto identificação. SÓ QUE:::: a Ariel é demissexual e queria ler também, então se instalou o DRAMA quando o email com as opções da Cia das Letras chegou.

QUEM IRIA PEDIR???

Mas eis que a santa Carol resolveu o problema propondo mandar um email suplicante pra que nós duas pudéssemos receber os livros e fazer algo especial no mês de visibilidade assexual, em outubro. Gritei de emoção quando a Cia topou, esperei ansiosamente pelo livro chegar pelos correios....nada. Chegou o livro da Ariel....nada. PASSOU O MÊS DE VISIBILIDADE....NADA. Por fim ele chegou no fim de outubro HGIUDHFGIUFDHGIDHI, nossa ideia de especial foi pro brejo, Ariel fez a resenha dela e tudo, mas não podia deixar de comentar sobre essa coisa lindinha. Então vou discorrer horrores sobre tudo o que gostei e minhas considerações, evitando ao máximo spoilers (mas vai ter passagens do livro aqui, então se tu considera ATÉ ISSO spoiler, é hora de se retirar).

Se você já leu a resenha da Ariel, sabe que a Tash e a sua amiga Jack produzem independentemente uma websérie adaptada de Anna Kariennina do Tolstói, postando os episódios no seu canal no youtube. Ia tudo muito tranquilo até que uma youtuber famosa cita Famílias Infelizes em um dos seus vídeos e foi um verdadeiro BOOM. Da noite pro dia uma penca de gente passou a não só acompanhar a série como também shippar os personagens principais, fazer fanarts no tumblr, UMA LOUCURA. E nisso, a paixonite youtubística da Tash resolve passar da fase de só trocar emails e pede pra trocar os números de celular.....

Reação da Tash HAHAHAHA
Acho que o que eu mais amei nesse livro foi essa atmosfera super atual. Youtube, shipps, fangirls (e fanboys), mensagens instantâneas, tudo isso é o nosso mundo de agora, nossa realidade. É assim que adolescentes, jovens e adultos se relacionam e se comunicam hoje em dia, é tudo muito rápido. A maioria dos livros, principalmente os young adults contemporâneos, não inserem isso nas suas histórias e nos poucos casos em que acontece, é um negócio bem tímido. Talvez seja pra manter a história atemporal, mas sei lá. Foi um elemento muito gostoso nesse livro e queria ver mais vezes.

Apesar de tanto a orelha quanto a sinopse do livro deixarem bem claro que a Tash é assexual HETEROrromântica (e não só "romântica", importante definir isso), essa questão demora a aparecer e como eu peguei no livro focada nisso, fiquei até a metade esperando por esse tema ser abordado. Não tô dizendo que isso é ruim, até porque Tash é uma adolescente de 17 anos como qualquer outra, o que significa que ela tem questões com a família, com os amigos e seu projeto, claro. Mas se você espera que a história grite ASSEXUALIDADE na sua cara, já te digo que não HAHAHAHAH.

No início tem até uns indícios, tipo ela dizendo que não entende o apelo que as cenas de beijo tem com o público, depois tem uma conversa dela com o migo Paul que dá a entender uma conversa passada sobre o assunto, mas até aí beleza. Até que:

"- Paul é um garoto e...e eu sou uma garota. Ainda gosto de garotos.
Jack fica quieta.
- Você gosta dele?
- Não. Não, não foi isso que eu quis dizer. Mas não precisa falar como se eu fosse... um robô
- Caramba Tash, não era a minha intenção
Levo as mãos ao rosto.
- É, eu sei. Mas isso só piora tudo. Como se você automaticamente achasse que não posso sentir nada por ninguém."


Nossa, essa cena e todas as outras em que a assexualidade entra em cena foram maravilhosas. A Tash começa a história já consciente da sua assexualidade, apesar de mais ninguém saber disso a não ser os dois amigos (e mesmo assim foi uma revelação meio truncada HAHAHAH). Achei isso ótimo porque um assexual não fica imediatamente de boas depois de se descobrir, muito pelo contrário até. Você não sabe exatamente como vai se relacionar com outros, como contar (ou se tem mesmo que contar), e ainda vem aquela dúvida constante:: mas será mesmo? O livro trata de tudo isso em meio à vida acontecendo e sei lá, foi tão natural. Tão real.

AINDA TEM UM GLOSSÁRIO NO FINAL EXPLICANDO
TODOS OS TERMOS RELACIONADOS
Além disso, também abordou um lance que costuma acontecer entre os aces que é essa mania de achar que as pessoas alossexuais (que sentem atração sexual) são quase ninfomaníacas HAHAHAHAH. Assim como a assexualidade, a alossexualidade também tem uma expressão muito diversa então vai ter gente lá no extremo da alossexualidade e gente quase perto da área cinza ace. Só que é difícil lembrar disso quando você passa a vida inteira numa sociedade que trata o sexo ao mesmo tempo como mandatório e tabu, daí acontecem coisas tipo essa:

"- Então o que você está dizendo é que eu sou um animal controlado pela minha libido.
- Não, só estou sendo realista.
- Na verdade, acho que você está sendo meio preconceituosa."


Pra ficar perfeito, acho que só faltou retratar mais um relacionamento entre ace e alo, mas entendi que o foco foi mais nesse momento de ou vai ou racha mesmo. Uma coisa que gosto em Tash e Tolstói é que apesar de ser um livro calmo, sem reviravoltas, desgraceiras e plost twists, é muuuito gostoso de ler e tem todo um desenvolvimento da Tash em todos os âmbitos da vida dela. Valeu a pena esperar esses meses todos pela chegada do livro HAHAHAHAHAH.

Nota:

UM AMORZIN DE LIVRO



Ps: um agradecimento especial à Cia pela persistência apesar do buraco negro que é os correios 




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